Prática ou jogo deliberado?
 
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Prática ou jogo deliberado?

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Nuno TavaresUma das grandes discussões do desporto espanhol e por consequência, o basquetebol, é a dúvida entre prática ou jogo deliberado.

O Instituto Nacional de Educação Física de Madrid (INEF) é um dos principais polos de investigação do desporto em Espanha. Sendo assim e estando a frequentar parte da licenciatura neste mesmo instituto, põe-me em contacto com algumas das maiores mentes do desporto espanhol.

No início desta semana, em mais uma aula de basquetebol de mestrado, ouvi com muita atenção o professor da mesma cadeira e uma das principais mentes da nova geração do basquetebol, Alberto Lorenzo Calvo.

O tema da semana era simples: será que um jovem atleta durante o seu percurso de formação desportiva deverá ter apenas a prática do basquetebol ou será que deverá ter a experiência de vários desportos durante este mesmo percurso?

O basquetebol espanhol neste momento goza um dos seus melhores momentos de sempre, por um lado o “lockout” da N.B.A. veio trazer à liga A.C.B. alguns jogadores do campeonato norte-americano como Rudy Fernandez, Serge Ibaka, Kevin Saraphin, Kyle Singler, Goran Dragic, Tiago Splitter entre outros, fortalecendo uma liga que já por si mesmo é considerada a mais forte da Europa, por outro lado a formação alcançou o melhor verão de sempre com medalhas em todas as seleções, quer masculinas, quer femininas. À vista desarmada pode-se perceber que tudo está perfeito no país vizinho, uma liga forte, uma formação forte, um indústria que gera lucros e emprega muitas pessoas mas enganam-se os que pensam que a reflexão em Espanha e que a procura da melhoria não existe.

Neste momento em Espanha e em termos gerais, não se começa a especializar os jogadores de formação antes dos 15/16 anos dando-se nas idades abaixo das referidas total liberdade para que possam ter, não só práticas de outros desportos, mas também o facto de puderem aprender o jogo em termos das componentes do 1x1, 2x2 e 3x3, os seus fundamentos e, mais importante, dar-lhes liberdade para errar, errar e errar.

No entanto é curioso os números de horas de treino que acompanha em termos gerais a formação do basquetebol em território espanhol:

  • Infantis de 1º ano: 3 dias de prática com bola (1h30m) + 3 dias de prática física (coordenação/velocidade/agilidade);
  • Infantis de 2º ano: 3 a 4 dias de prática com bola (1h30m) + 3 a 4 dias de prática física (coordenação/velocidade/agilidade);
  • Iniciados: 4 dias de prática com bola (1h30m) + 4 dias de prática física (coordenação/velocidade/agilidade);
  • Cadetes: 4 a 5 dias de prática com bola (1h30m) + 4 a 5 dias de prática física (coordenação/velocidade/agilidade);
  • Juniores: 5 a 6 dias de prática com bola (1h30m) + 5 a 6 dias de prática física (a partir deste escalão já é introduzido trabalho de força).

Mais curioso ainda são as referências ao trabalho físico, podendo este ser realizado por duas vias:

  • Coordenação entre clubes e as escolas/colégios fazendo com que se dê nesses espaços e nas horas de educação física outros desportos e/ou a tal componente de coordenação/velocidade/agilidade;
  • Os clubes encarregam-se da prática física 1 hora antes do início de cada treino.

Embora muitos clubes sejam resistentes a deixar que os seus atletas pratiquem vários desportos até uma certa idade antes de especializar, esta prática tem sido aceite e tem tido muitos resultados nos jovens atletas, especialmente se tivermos em conta o sistema americano onde dá a oportunidade de um jovem puder praticar vários desportos durante o ano de modo a que possa adquirir várias valências em termos motores e cognitivos, o que representam um bem valioso quando se especializa num só desporto.

Mas a pergunta continua sem resposta, qual o melhor sistema? Como deveremos atuar? Será que 8 meses de competição de uma só modalidade servem para o desenvolvimento do jovem atleta?

Se olharmos para a realidade portuguesa vemos dois problemas, treina-se pouco, e o que se treina por vezes treina-se mal. Claro que esta observação não é dirigida a todos os clubes e treinadores mas a verdade é que os resultados demonstram que algo não está bem na nossa modalidade.

Estamos melhor equipados em termos de instalações desportivas, derivado à globalização da informação, os nossos treinadores podem estar melhor preparados, em termos académicos existem melhores condições e profissionais mais bem preparados, então qual a razão de continuarmos na cauda da Europa em termos do basquetebol?

Devemos refletir, trocar opiniões, ver o que está mal, potenciar o que está bem e pensar sempre que o nosso principal objetivo é a evolução do jovem atleta dentro e fora do campo de basquetebol.

Este texto está redigido segundo o novo acordo ortográfico

 

Comentários 

 
+3 #6 Américo Santos 24-11-2011 20:39
Parece-me que o titulo do artigo não está muito adequado ao conteúdo do mesmo. Quando falamos de prática deliberada ou jogo deliberado estamos a falar não necessariamente na experiência em diferentes modalidades mas no tipo de "treino", mais dirigido, estruturado, o treino típico, ou autónomo, organizado pelos jovens, típico das brincadeiras de 3x3 do basquete de rua. Existem estudos que claramente advogam a importância do jogo deliberado no desenvolvimento dos atletas, sendo que estas brincadeiras podem ser efetuadas dentro do dominio da modalidade. Quanto à especialização dentro da modalidade ou a não especialização parece-me cada vez mais uma falsa questão. Alguns dos melhores atletas do mundo de todos os tempos em diversas modalidades só jogaram a sua modalidade desde que nasceram praticamente. Existem outros que experimentaram outras até que acharam a que realmente os motivou. Acima de tudo parece-me que encontrar a PAIXÃO que lhes permita uma enorme entrega é o segredo.
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+2 #5 Guilherme Aleixo 24-11-2011 17:51
Excelente artigo, será que a abordagem no ensino aprendizagem deve ser feito rotulado de modelos optimos de excução? ou será que devem ser os aprendizes interpretes, em que a responsabilidad e de quem orienta é criar ambientes ricos para os próprios explorararem?

Obrigado por o testumunho Nuno
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+2 #4 Rui Costa 23-11-2011 17:09
Ainda no outro dia comentava, com um colega meu do www.basketpt.com, a questão da reflexão sobre o basquetebol português, dizendo que em Espanha, mesmo tendo em conta o nível em que se encontra o seu baloncesto, eles não deixam de discutir e de querer evoluir - na revista Gigantes tem saído propostas concretas de alteração a regras e modelos competitivos. Acho fundamental que se discuta e pense o basket português. Sem medos, sem receios, sem medo de errar e de fazer propostas diferentes. Temos de pensar "outside the box" e encontrar novos caminhos ou talvez, novas pessoas para melhor percorrer esses caminhos.

Quanto à evolução desportiva dos atletas e da nossa modalidade em particular, penso que a prática de vários desportos só ajuda a formar melhores atletas e quanto melhores forem os atletas, melhores jogadores de basket poderemos ter. Acho que o desporto em Portugal precisa também de lutar por reformas educativas que lhe dêem mais "espaço de trabalho".
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+2 #3 San Payo Araújo 23-11-2011 17:05
Caro Nuno

Tu sabes isso, mas quero torná-lo público, tenho seguido as tuas reflexões com todo o interesse e atenção. É bom haver pessoas como tu que não apenas vão reflectindo, mas que também tenham a coragem de expor as suas ideias.
.
Duas passagens da teu artigo me chamaram particularmente à atenção o espaço que os jovens devem ter para errar, Ouvi exactamente a mesma opinião a Josep Bordas em Collell e aquela em que referes estarmos na cauda da Europa no basquetebol. Infelizmente não estamos bem, mas acredita que excepto na competição de clubes, já estivemos bem pior e por fim um dos meus cavalos de batalha, estamos mal porque, aí não tenho dúvidas, em termos de nº praticantes desportivos federados estamos na cauda da Europa. Enquanto não começarmos por resolver este problema dificilmente poderemos sonhar em grandes resultados nas competições europeias.
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+2 #2 José Almeida 23-11-2011 16:33
Olhar para a realidade portuguesa e ver só dois problemas é um luxo e apesar disso nem me parece que por cá se treine pouco nas idades mais baixas... lá a qualidade isso já varia muito e acredito que em média se treine mal. O problema que 'me salta logo aos olhos' quando quisermos fazer comparações com espanha são os horários escolares 'estapafúrdios' ( em quantidade e distribuição horária) que as crianças e jovens portugueses têm comparados por exemplo com os nossos vizinhos da Galiza onde, já há bastante tempo, a prática de pelo menos 2 desportos (na maioria das vezes 1 coletivo e atletismo) tem vindo a ganhar força.
Abraço.
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+5 #1 HUGO MARTINS 23-11-2011 15:46
OBRIGADO NUNO !!!!
....POR ME FAZERES ACREDITAR , QUE NÃO VALE A PENA ANDARMOS A BRINCAR AO BASKET , PQ MESMO AQUI AO LADO , ESTA A SOLUÇÃO DE COMO SE TRABALHA BEM E COM SUCESSO.
BASTA AS PESSOAS QUEREREM !!!!!
CONTINUAÇÃO DE UM BOM TRABALHO ..PODE SER QUE UM DIA, ...TODOS JUNTOS..... VENHAS AQUI A QUELUZ AJUDAR A TORNAR A NOSSA REALIDADE .....
AINDA NUM QUELUZ MAIS FORTE !!!!!
..HUGO MARTINS
CLUBE BASKET QUELUZ
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