Estive presente com muito gosto neste primeiro clinic após o relançamento da ANTB. Aqui não pretendo fazer um balanço crítico sobre os seus conteúdos

que requereria um fôlego e uma competência que me falta neste momento. Apenas não quero deixar de expressar alguns sentimentos e opiniões que a participação neste evento suscitou em mim.

Quanto aos preletores presentes posso dizer que gostei das suas apresentações, com um relevo especial para as dos dois treinadores portugueses. A capacidade comunicativa e relacional do João Freitas, alicerçada numa filosofia de treino e num conhecimento do jogo e dos jogadores assinalável, foram aspetos extremamente interessantes de conhecer. Quanto ao Mário Gomes, pensamos que demonstrou mais uma vez um grande saber e experiência, nas suas várias vertentes, que lhe permite ler, disfrutar e “aproveitar o que o jogo dá”. É a confirmação do que no basquetebol existe de “jazzístico” quando os “executantes” e os treinadores atingem alto nível.

O treinador americano Matt Langel foi um exemplo do pragmatismo muito característico de muitos treinadores da escola americana a que pertence, de certo modo, o mesmo aconteceu com o treinador turco Murat Özyer, que nos trouxe também exemplos dos conteúdos e formas do seu trabalho. O campo dos “porquês” foi neles menos desenvolvido do que os exemplos dos “comos”.

A assembleia da ANTB que se realizou no sábado ao fim da tarde, reuniu um grupo considerável de treinadores sócios assim como contou com a presença, num estatuto de observadores, de um grupo de treinadores que estão a realizar o curso de grau 3. Esta assembleia serviu para mostrar claramente como é necessário, no imediato, um aumento do número de sócios, através da reinscrição de sócios antigos e da integração de sócios novos. Só desse modo se garantirá a sustentabilidade, tout court,  da ANTB e o atingir de grande parte dos seus objetivos já definidos, como é o caso da representatividade da associação. E se estas tarefas devem ser lideradas pela direção da ANTB, penso que ficou claro que só através de um envolvimento ativo dos sócios elas serão alcançadas. A direção e alguns dos presentes desafiaram cada sócio a tentar trazer novos sócios para a associação. Por outro lado, uma proposta da atual direção no sentido de agradecer e homenagear, na pessoa dos anteriores presidentes de direção da associação, o trabalho feito em prol dos treinadores pelos órgãos associativos anteriores, não reuniu consenso. Há aspetos do passado da nossa associação que não foram nitidamente resolvidos. Em minha opinião, para que o futuro associativo dos treinadores de basquetebol seja uma realidade, os olhos devem estar mais postos no presente e futuro do que naquilo que no passado correu pior. Não se deve branquear o passado. Bem pelo contrário. Há momentos e formas adequadas e necessárias para fazer os balanços necessários, designadamente através de artigos de opinião e/ou alguns trabalhos de natureza histórica que coloquem o “deve e haver” claramente. O movimento associativo dos treinadores já conheceu momentos bons e momentos menos bons. A paralisia a que foi condenada na última década se teve responsabilidades individuais, com certeza que teve também responsabilidades coletivas a que nenhum dos treinadores portugueses que exercem a atividade pelo menos nas últimas décadas se pode furtar. Os tempos que correm não são propícios a que se desperdicem vontades, participação e trabalho. É por isso dever de todos  ajudar a ANTB a relançar-se e a fortalecer-se a cada dia que passa, ela que foi pioneira no associativismo de treinadores em Portugal.