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Horários escolaresAntes de escrever este artigo resolvi perguntar ao José Maria Silva, responsável pela Academia de Formação da Federação Espanhola de Basquetebol, como são os horários escolares em Espanha.

Não é por razões de aprendizagem que as crianças estão na escola das 09.00 às 18.00 horas. As crianças não têm, certamente, capacidade de aprendizagem durante tantas horas. Na grande maioria dos países europeus, a começar pela nossa vizinha Espanha, conforme resposta do amigo José Maria as aulas terminam bem mais cedo.

Em Espanha os horários escolares dependem de região autónoma para região autónoma. Por exemplo na Andaluzia, onde o basquetebol é muito forte, as aulas terminam quer no ensino público, quer na maior parte dos colégios privados, às 14.00. No entanto, em termos gerais em Espanha o ensino privado termina às 17.00 e o ensino publico, principalmente para os jovens a partir dos 13 anos, termina às 14.00. Sabendo nós, que o minibásquete em Espanha, com 150.000 praticantes está fundamentalmente no universo dos colégios privados é fácil perceber que às 17.00 horas as crianças já fizeram o seu treino de minibásquete.

Em Portugal os horários escolares são o maior inimigo à formação da prática desportiva. Para quem não sabe, sou militar e em Dezembro último passei à situação de reserva, fora da efectividade de serviço. Pelo prazer que me está a dar em boa hora, aceitei o desafio do Belenenses para treinar minibásquete. Tenho todo o tempo para fazer, o que mais gosto, ensinar crianças, no entanto só o consigo fazer a partir das 18.30, pois antes não consigo reunir os minis, muitos dos quais só saem da escola às 18.00.

Para além de já terem estado na escola 9 horas tem ainda mais uma hora e meia de aprendizagem o que dá um horário diário de 10.30 de “pseudo-aprendizagem”. As crianças que eu ensino tem um horário semanal de “trabalho” de 54 horas, se contabilizarmos o treino que dou ao sábado de manhã.

Sei que não passa de uma intuição, sei que até pode ser um disparate, mas gostaria de saber até que ponto as crianças e jovens estarem tanto tempo fechados na escola não potencia os casos de violência e de dito “bulling” que vamos tendo conhecimento. São coisas que não sei, nem nunca saberei, se esta hipótese de correlação entre o horário escolar alongado e o aumento de problemas na escola, não for estudado.

No entanto o que eu sei é que o constrangimento do horário escolar, provoca também uma sobrecarga nos horários dos pavilhões, muito difícil de gerir, nomeadamente quando um clube tem diversas modalidades e múltiplos escalões. As condições que o Belenenses me proporcionou são muito boas, mas na maioria dos clubes este facto implica que não haja grandes condições para ensinar os mais novos, que por um conjunto de razões, são normalmente os primeiros sacrificados.

Quando falamos dos problemas da formação desportiva, olhemos para a floresta e não para algumas árvores, pois é aqui que começa o principal constrangimento à qualidade da formação nas primeiras etapas. Quantas vezes, andamos entretidos a discutir questões pontuais, e não vamos às questões mais decisivas. Penso que pressionar o estado a rever os horários escolares seria uma hipótese, se todas as federações que são afectadas pelo mesmo problema se unissem. Outra alternativa era repensar de uma vez para sempre em termos sérios a ligação entre o desporto escolar e federativo.

Sei, que se melhorarmos em termos organizativos, melhoraremos os nossos resultados, mas também penso, que temos de saber pensar fora do quadro da actual realidade, pois as mesmas condições oferecem poucas possibilidades de novas soluções e pensar que as mesmas soluções proporcionarão resultados diferentes significativos, não me parece muito credível. A futura direcção da federação deveria pensar, que do estado dificilmente receberá mais dinheiro, pelo que promover acções conjuntas com as outras federações e apresentar propostas que obriguem o estado a ter uma clara definição sobre que caminhos deve ter a formação desportiva no nosso país, deve ser desígnio.

São múltiplos os factores que explicam as diferenças entre o basquetebol em Espanha e em Portugal, mas seguramente que é logo nos horários escolares que começam as grandes diferenças.

 

Comentários 

 
+2 #5 João Ribeiro 17-04-2014 09:21
Estando em perfeita sintonia com a preocupação levantada pelo San Payo e sendo eu docente no ensino público, anseio que o sonho se torne realidade. E esse sonho é nada mais nada menos do que simplesmente respeitar as leis da aprendizagem, que todos os que ensinam aprenderem e aprofundaram na sua formação inicial.
Reflectir sobre a sofreguidão de ensinar conteúdos sem permitir que o aprendi digira, obedecerá ao mesmo efeito do treinador que prescreve carga de treino sem respeitar o ritmo de aprendizagem e os princípios da adaptação ao esforço.
Sim, porque para aprender é necessário esforço, dedicação, treino, prática, atitude. Se nos esquecemos de quem e como se aprende, obcecados por ensinar/treinar, vamos ter abandono ou eventualmente revolta, da mesma forma que um atleta jovem abandona uma modalidade por saturação do treino e dos resultados.
Haveremos de acordar para isto quando houver poucos alunos nas escolas
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+3 #4 San Payo 16-04-2014 13:13
Boa tarde

Agradeço os comentários. Quanto ao comentário da Alexandra Reis gostaria de relembrar o meu artigo atestado de menoridade em que considero os pais uns verdadeiros heróis.

Repito: "Contudo temos de compreender que sem pais não há minibásquete, e os pais que proporcionam uma atividade desportiva aos seus filhos são uns verdadeiros heróis. Muitos têm que sair dos seus trabalhos para irem buscar os filhos à escola levarem-nos para os treinos num enorme dispêndio de tempo e energia. Se a este esforço associarmos o transporte aos fins-de-semana para os jogos e o facto de praticamente todos os praticantes de minis pagarem uma mensalidade, que ajuda a sustentar a existência dos clubes, só podemos estar gratos aos pais."
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+3 #3 Alexandra Ribeiro 16-04-2014 01:38
Gostei imenso deste artigo e não posso deixar de concordar. O meu filho fez minibasket em Itália, onde também este desporto, tem um peso enorme e ás 16:30 já estava a treinar. Certamente que para as aulas acabarem mais cedo, há também que dar condições aos pais, para poderem ir buscar os filhos e deixá-los no desporto, dado que alguns ainda são muito pequenos e pouco autônamos. Tarefa tão difícil nos dias que correm e ainda p'ra mais numa cidade grande como Lisboa, com todo o tempo de tráfego que isso implica.
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+3 #2 Humberto Gomes 15-04-2014 21:49
Meu caro San Payo,

Primeiro que tudo, espero que já refeito do "susto" que nos pregaste, no decorrer da Festa do Basquetebol. Não ter acontecido Minibasquete foi realmente uma pena !
Absolutamente pertinente, de tremenda actualidade as questões que suscitas em torno de uma triste realidade que, de facto, inviabiliza o sermos mais capazes de respeitarmos o espaço dos nossos jovens.
E quando digo " sermos", é pela simples razão de que todos deveremos contribuir para que os verdadeiros responsáveis pelo actual estado de coisas, possam dar algum "trabalho" a um dos dois dons com que somos brindados à nascença : a inteligência.
E para que ela, a inteligência, possa ter ROSTO, ALMA e VOZ, ao serviço dos nossos mais jovens praticantes.
Somos realmente um país complicado e esquisito!
Aquele abraço.
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+3 #1 José Rocha 15-04-2014 15:59
Muito bem!
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