Diferentes poderão ser as reações de jovens praticantes perante as referências da sua modalidade, desde o praticante que apenas se fascina com a prática,

até ao praticante que encontra nos atletas de top uma referência para sonhar com uma carreira desportiva.

Em momentos críticos da nossa infância e adolescência desfrutamos certamente de experiências significativas que nos fizeram sonhar, dedicar e investir no que pensámos poder via ser uma carreira desportiva.

E no Basquetebol? É possível sonhar com uma carreira desportiva, eventualmente profissional? A realidade diz-nos que em Portugal cada vez é mais difícil, senão impossível. Atletas existem que, aspirando ao profissionalismo adiam o prosseguimento dos estudos, alimentando a possibilidade de atingirem o máximo do seu rendimento.

Porém, temos tido casos recentes de um outro sentido de carreira desportiva: a oportunidade de estudar nos Estados Unidos e integrar uma equipa universitária. Sem dúvida um desafio ao alcance de poucos mas que parece ter tido no sector feminino um maior incremento.

Este sonho não deixa, simultaneamente, de nos preocupar na medida em que num país onde se diz termos licenciados a mais, não parece ser uma prioridade (teremos de dizer política) criar uma via transitória e compatível para prosseguir estudos e continuar a jogar Basquetebol. Se existem alguns casos noutras modalidades onde essa compatibilidade é possível, no Basquetebol não o é certamente, mesmo sabendo que ao nível do Centro de Alto Rendimento se reúnem condições para que isso aconteça.

Não vejo soluções que não passem por opções políticas de relevo e por sentirmos enquanto povo que a nossa afirmação passa também por complementarmos a nossa valorização pessoal através de uma valorização enquanto praticantes desportivos.

Certamente não estamos em condições de o fazermos nesta fase da vida do nosso país e, provavelmente, não o faremos nas próximas décadas. Certo é que, neste momento, se quisermos que os nossos mais novos praticantes sintam no Basquetebol um caminho, uma via de valorização e uma aposta num futuro desportivo, teremos de trabalhar muito para conquistarmos um sentido de Carreira Desportiva que seja um chamariz para quem hoje pratica Basquetebol, revela enorme potencial, quer investir e quer um dia ser jogador ao mais alto nível que lhe for proporcionado.

Até lá será importante reflectirmos que, enquanto treinadores, podemos formar um atleta, proporcionar-lhe uma boa formação, aumentando assim as probabilidades para ser aproveitada uma oportunidade para este sair do País, valorizar-se enquanto atleta e profissional de uma determinada área, e, não tanto para desenvolver a modalidade internamente. Aí algo mais tem de ser feito para que tal aconteça.

A todos os Atletas que têm e vão continuar a ter uma oportunidade para rumarem aos Estados Unidos, desejo que nunca percam a capacidade de trabalho e dignifiquem o nosso País, bem como o trabalho feito pelos seus treinadores de formação.