José Araújo apita no Planeta Basket
 
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José Araújo apita no Planeta Basket

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altDesta vez o Planeta Basket foi falar com um dos "grandes" árbitros de sempre no nosso país: José Araújo. Depois de 35 anos de apito na boca, José Araújo terminou a carreira após o fantástico Porto - Benfica do passado dia 4 de Junho.

A ele muito obrigado por tudo que deu à nossa arbitragem e votos felicidades no seu futuro.

Antes de se dedicar à arbitragem, esteve de alguma outra forma, ligado à modalidade?

Comecei a minha ligação ao basquetebol com 6 anos a praticar mini basquetebol primeiro no Ateneu Comercial de Lisboa e depois na Escola preparatória Francisco Arruda já que vivia perto do Pavilhão da Ajuda onde acabei por participar em inúmeros convívio pela mão do prof Mário Lemos.

Aos 12 anos fui para o Benfica onde joguei em todos os escalões tendo sido sempre Capitão das Equipas. Foram 8 anos inesquecíveis.

Ao entrar para a universidade de Economia e Gestão de Lisboa e ao ser já árbitro tive de optar e os meus últimos dois anos de jogador foram já na equipa da Universidade que competia também nas competições Federativas.

Ao mesmo tempo fui treinador durante 6 anos dos escalões femininos do CIF (4anos) desde iniciadas a Juniores (onde fomos varias vezes campeões) e dos juniores masculinos do Clube Nacional de Natação

Escrevia também na altura sobre a modalidade para a Revista semanal desportiva Golo, jornal do Benfica e colaborava com o jornal A Bola...

Actividades estas que agora que deixei de ser juiz ponho de novo como hipótese para seguir ligado a Modalidade se forem projectos com cabeça tronco e membros e adequados as minhas disponibilidades profissionais.

Porque se decidiu tornar arbitro? Quais foram os principais motivos que o levaram a tomar esta decisão?

Ia muito ao Pav da Ajuda ver jogos e dava-me muito com os juízes e dirigentes da altura e quando houve um curso em Lisboa tinha eu 16 anos convidaram-me para me inscrever e assim foi. Como tinha jeito fui continuando e na altura de optar acabei por largar a carreira de jogador e treinador e seguir em frente na arbitragem e foram 35 épocas...e muitas finais nacionais e internacionais...e sobretudo muitos amigos(as).

Qual foi o jogo mais difícil que apitou?

A segunda parte do Aveiro Basket - Benfica depois de se saber da morte Paulo Pinto a nossa frente, naquele jogo. Foi o meu momento mais difícil num jogo de Basquetebol.

Qual foi até hoje, o momento mais feliz da sua carreira enquanto arbitro? E infeliz?

Os meus momentos mais felizes foram sempre aqueles em que entrei em campo para arbitrar cada jogo para que era nomeado.

O mais infeliz? Ter terminado a carreira e a minha última época em casa sem ter sido nomeado para o jogo final do play off da primeira competição nacional deste ano que seria o fim da minha carreira. Merecia nem que estivesse coxo o que até nem era o caso pois estava ao nível que os comissários ao longo da época foram relatando nos seus relatórios...mas pelo menos o meu último jogo teve dois prolongamentos, perdeu a equipa da casa, era um Porto-Benfica, no Dragão e os primeiros a darem-nos os parabéns foram os treinadores e jogadores desse mesmo Porto...

Inesquecível e só agradeço aos meus colegas de equipa dessa partida que me proporcionaram um Adeus (desconhecia-se na altura se assim seria) mas para sempre recordar. A todos os intervenientes nesse jogo o meu muito obrigado.

Como lidar com situações de pais ou adeptos malcriados?

Pais ou adeptos mal criados é tudo a mesma coisa. Se em casa a família não lhes deu educação não cabe a nós ser os educadores do Povo! É um factor que deve ser tido em conta antes dos jogos quando nos preparamos para eles.

Dependendo das situações pode ser que não tenhamos de interferir (jogos de pavilhão cheio onde nem os reconhecemos ou ligamos). Pode ser tarefa do comissário (jogos onde os haja e seja possível referenciar a pessoa ou pessoas A e B) do delegado do clube em causa e delegados de segurança (se em jogos de formação ou sem comissário) ou até da Polícia a quem podemos pedir para intervir (nos restantes casos). Uma coisa é certa directamente nunca devemos ser nós a resolver a situação.

E ficamos sempre aguardar que no futuro as pessoas venham com mais formação quando voltem a sair de casa.

Como considera o estado actual da arbitragem de basquetebol em Portugal?

O nível médio é acima de muitos países europeus e está acima do nível médio do nosso jogo. Dizer que nunca foi tão bom só porque vamos ter um árbitro no mundial era não valorizar o trabalho profissional e pessoal do Fernando Rocha e tapar o sol com a peneira. Na verdade já tivemos 3 (ou até 4) árbitros ao mais alto nível simultaneamente há alguns anos atrás quer na fiba primeiro quer depois na Uleb ( onde chegamos a ter 5) por exemplo . Agora só temos 2 e na próxima época vão dar oportunidade a um terceiro... E na altura a arbitragem era a 2 e agora e a 3...

Há muito que os processos são os mesmos , as mesmas pessoas a dirigir , as mesmas ideias. E preciso inovar, dar mais oportunidades, delegar, usar as oportunidades que a tecnologia nos proporciona e sobretudo trabalhar mais em conjunto com os outros elementos da modalidade nomeadamente treinadores aproveitando as oportunidades que os torneios, fases finais etc proporcionam.

É inaceitável não haver um corpo técnico nacional há anos, não haver um plano de desenvolvimento da arbitragem a médio/longo prazo, não haver um site só para os juízes, não haver não haver articulação de trabalho com os CAD que devem ser a origem de tudo mas a trabalharem de igual forma... E não venham com a velha desculpa do Dinheiro ...e que 7 elementos no CA mais 3 a 5 em cada CAD é muita gente disponível para implementar trabalho organizado para alem de nomeações, clinics obrigatórios , e comunicados por pagamentos atrasados.

Hajam ideias e capacidade de trabalho e muito se pode ainda fazer com os pouquíssimos meios disponíveis. O problema é o que referi inicialmente ...os mesmos há muito tempo com as mesmas ideias e por vezes preocupados com o momento e com a pessoas e não com o conjunto. São na maioria bem intencionados e procuram dar o seu melhor mas deviam reconhecer que há quem possa alargar o seu campo de visão e até se calhar fazer melhor se lhes derem um dia essa oportunidade.

O que pensa da falta de árbitros em Portugal? O que fazer para mudar este cenário?

É o principal problema da arbitragem actual. Só com a quantidade pode vir a qualidade. Não é um problema fácil de resolver. Nas recentes eleições para o CA que concorri e perdi a nossa lista tinha algumas ideias concretas que divulgámos... Só uma envolvência entre clubes, cad’s, escolas, desporto militar poderá resolver este tema. O tal plano a médio prazo deveria ser a bíblia para o ajudar a resolver.

Há muitos problemas a ultrapassar e um deles e o dos atrasos constantes de pagamentos...um jovem que ganha 10 euros num jogo Não pode estar 5/6 meses para ser reembolsados... é inaceitável... Mas há muitos mais obstáculos a quem começa uma carreira...o arbitrar sozinho, as más condições de vários pavilhões etc...

Enfim, só este tema dava para uma entrevista completa.

Brevemente serão introduzidas alterações nas regras da arbitragem que visam promover uma harmonização das regras da FIBA com as da NBA. O que pensa das alterações introduzidas?

Uma vez mais procura-se dar mais emoção ao jogo e mais hipótese de recuperação nas partes finais dos jogos. Mais cestos... mas o facto de ficarmos cada vez mais igual à NBA, que não é um desporto, mas Sim um espectáculo, um negócio que usa o basquetebol como meio preocupa-me...

A Europa não é a América e não temos o estado de desenvolvimento do jogo que lá existe... E as regras devem evoluir com o jogo... e com o seu nível.

Por exemplo não me agrada a linha de 3 pontos mais distante pois os jogadores europeus não são os Americanos da NBA... vai haver menos cestos a empolgar a assistência nesta condição e os jovens vao ter mais dificuldades na formação e na aprendizagem de um movimento correcto de lançar ao cesto já que ao quererem forçar os triplos cada vez mais a forca vai-se impor ao jeito.

A área restritiva em rectângulo também ira dar mais vantagem aos homens grandes... os pequenos devem começar a mudar de desporto cada vez mais.

Em que medida é que o nível de um jogo de Basquetebol é influenciado pelo nível da arbitragem?

O jogo e sua evolução é claramente influenciado pela forma como uma arbitragem decorre. Se não se for capaz de ler o jogo, entender o nível dos participantes o que importante e desprezível o desafio em causa pode não decorrer conforme o nível em campo das equipas presentes o antevia. Não se pode arbitrar sempre da mesma maneira, depende da competição, das equipas, do histórico do nível dos jogadores etc.

O jogo esta sempre a evoluir, a ser diferente se não se acompanhar os novos sistemas, as novas técnicas...enfim se não se entender sempre bem o jogo vamos prestar um mau serviço e condicionar a sua evolução O mesmo se passa ao inverso ou seja se o nível do jogo for sempre fraco o nível médio da arbitragem evoluirá bem mais lentamente. É o que se passa actualmente em Portugal.

Como já referi há excepções e é possível ter juízes de nível Mundial como temos neste momento o Fernando Rocha e o nosso basquetebol nunca lá chegar!

O inverso. E mais difícil ou seja ter equipas e selecções ao primeiro nível e não ter juízes também de grande nível...vejam por exemplo a Espanha, Servia, França, Itália, Grécia, Lituânia sempre a discutir títulos e o elevado número de juízes que têm sempre nos patamares superiores de todas as competições mundiais e europeias bem como o número de árbitros do top 100 europeu por exemplo.

O que é que a introdução dos 3 árbitros alterou no basquetebol mundial? E no basquetebol português?

A arbitragem a três teve como objectivo cobrir o lado fraco do jogo..o lado contrário da bola. A sua introdução torna o jogo mais limpo e mais virtuoso para as equipas melhores tecnicamente. Obriga a mais trabalho de equipa ao nível da arbitragem e responsabiliza mais os seus 3 elementos durante o jogo. Obriga a que o nível técnico médio dos juízes seja mais elevado. Em Portugal por exemplo nem sempre é possível ainda encontrar em todos os jogos da nossa competição principal esse equilíbrio..daí por vezes as equipas não vejam grande vantagem na mesma....mas nas grandes competições internacionais já não há discussão... e entre nós se houver mais investimento sério na formação dos juízes que não passe só pelos clinics e auto trabalho dos juízes dos grupos de envolvimento também será possível demonstrar mais facilmente as suas vantagens...

Um desafio: Diga-nos qual é na sua opinião “Top 5” da arbitragem portuguesa de todos os tempos?

Como sempre serei frontal por muito que alguém fique zangado comigo. E gostos são gostos. Sem ordem de preferência

Alberto Tavares
Fernando Rocha
Pedro Jorge
Antonio Coelho
Antonio Pimentel

Qual a importância dos oficiais de mesa?

Uma equipa de arbitragem é composta pelos colegas que estão dentro de campo e fora de campo na mesa. Estes últimos podem arruinar um trabalho, um jogo se não tiverem em conta aspectos como a posse de bola (24 segundos) cronometragem em jogos apertados e complicarem o resultado e sua evolução se os pontos marcados e faltas não forem feitas correctamente. Ajudam ainda muito os árbitros nos descontos de tempo nos últimos dois minutos e na ajuda do lançador do lance livre e finais de períodos. Enfim, são da equipa, logo decisivos.

Quais são, para si, os três melhor árbitros na Europa, neste momento? E porquê?

Sou mau em nomes e tenho estado afastado já há algum tempo desses palcos para ser mais exacto mas gosto muito dum Italiano alto Lamonica, dum Sérvio baixinho Ilija BELOSEVIC e do Fernando Rocha porque não?

Razões? Garantem a justeza dos resultados seja onde for, sabem ler o jogo e são aceites por todas as equipas e treinadores dentro e fora de campo.

Na arbitragem qual vai ser o futuro do José Araújo?

Francamente face à situação como acabei os 35 anos de carreira e com o resultado das ultimas eleições não sei o que será o José Araújo na arbitragem nos próximos tempos. Enquanto não forem os juízes a escolherem os seus dirigentes mas as Associações e clubes na sua maioria se calhar será difícil algo ser alterado.

Mas não vou desistir... Há muitas ideias novas, capacidade de trabalho reconhecida e muitos a quererem fazer parte desta equipa por isso talvez um dia se consiga lá chegar.

Ate lá vou "andar por aí", como dizia o outro.

Que mensagem pode dar o “mestre” a todos os juízes portugueses?

Agradeço o elogio mas se sou Mestre de alguma coisa só dos meus Filhotes e mesmo assim agora espero que o trabalho já esteja quase completo face as sua idades.

Só posso recomendar a unidade e o trabalho sem nunca deixarem de serem frontais e dizer sempre primeiro as coisas cara a cara doa a quem doer e assim poder exigir mais condições, mais acompanhamento, mais oportunidades. Só com as primeiras cumpridas podem chegar as segundas...mas já e tempo de os juízes não dependerem só de si e da sua capacidade de trabalho.

Desejo a todos uma boa época com muitos sucessos desportivos e pessoais.

O que é que pensa do site Planeta Basket?

Falar da nossa modalidade e dos seus intervenientes nunca será pouco. Ser independente e dinamizador de vontades são atributos garantidos por isso só posso desejar longa vida ao site e à sua equipa.

E obrigado por mais esta oportunidade de chegar a quem nos últimos 45 anos tenho convívio... a família do Basquetebol.

 

Comentários 

 
0 #3 ANA 03-05-2011 01:03
Não há duvida que chegou longe na sua bonita carreira de árbitro , parabens.
Que possa ainda de alguma maneira apoiar e transmitir ensinamentos com a sua experiência alguns dos colegas mais jovens
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0 #2 João Miguel 06-04-2011 16:12
Já li uma data de vezes esta entrevista, e sem duvida revejo-me mesmo nas palavras deste grande senhor. Parabens por toda a carreira .
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+4 #1 Pedro 20-07-2010 02:05
Parabéns a este grande senhor e árbitro. Quando aqui ele fala da má educação dos pais, também não se deve esquecer que é pai e nem sempre esteve ao seu melhor nível quando via os jogos do filho.
Um muito obrigada na mesma por estes anos de fantásticas arbitragens.
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