Nas múltiplas ações de formação para as quais sou convidado, quando abordo os fundamentos costumo perguntar aos jovens com quem vou trabalhar que me digam que fundamentos são necessários para jogar basquete.

Perante a ausência de respostas reformulo a minha pergunta e peço-lhes que me digam o que tem de saber fazer para jogarem basquete, aí as respostas surgem com alguma naturalidade e normalmente por esta ordem: Driblar, lançar e passar.

Após pequena pausa informo que falta mais um fundamento muito importante e aí surge a resposta: defender.

A seguir peço-lhes que me digam na sua opinião, destes quatro fundamentos: driblar, lançar, passar e defender quais são os dois fundamentos mais importantes. Raramente obtenho como resposta o fundamento passar. Normalmente as respostas passam por esta orde: Driblar, lançar e defender.

Na realidade se pensarmos bem o que é que faz uma criança quando chega a um campo e pega numa bola, a sua reação normal é pegar na bola driblar dirigir-se para o cesto e lançar, quando perde a bola sabe que a tem de recuperar outra vez e como tal nada mais evidente que tentar recuperar a bola outra vez que é o princípio base da defesa.

Aqui entra a minha intervenção e alerto-os, que sem drible se pode jogar, mas que sem passe, até por imposição das regras,  é que é  impossível jogar basquete.  Aproveito também este momento para os informar que na origem do basquetebol não existia o drible, logo o passe é um fundamento decisivo para se poder jogar basquete.

O basquetebol é um jogo desportivo coletivo, no entanto verificamos que o passe começa logo por ser subalternizado, pelas crianças e é normalmente, como já referi um fundamento esquecido por muitos treinadores. Quando abordamos o lançamento e o drible, felizmente já muitos treinadores se preocupam que os praticantes saibam lançar na passada com a mão direita e com a mão esquerda, saibam driblar com a direita e com a esquerda, mas normalmente esquecem que o praticante também deve saber passar com a mão direita e com a mão esquerda.

O que tenho observado ao longo dos anos e de lidar com muitos milhares de crianças é que o passe é um fundamento de tal modo esquecido que o praticante desde muito cedo fica só a saber passar com a mão dominante e tem normalmente enormes dificuldades em executar um passe, em que os dois braços e as duas mãos façam a mesma força sobre a bola. Sei por muitos anos de experiência que me é muito fácil pôr uma criança. que ainda não jogou basquete a fazer corretamente um passe fazendo a mesma força nas duas mãos, mas não é fácil pedir a uma criança que já adquiriu o hábito de utilizar a mão dominante executar um passe utilizando a mesma força nos dois braços e mãos.