Foi com muito agrado que estive presente no último Sábado em Coimbra no MatchUp evento promovido pelo Site BasketPT por iniciativa do Diogo Gomes Silva, Diogo Roxo Perdigão, Rui Gomes e Rui Costa.
Uma das poucas opiniões que foi consensual nas diversas intervenções referida logo de início pelo Prof. Olímpio Coelho moderador do primeiro painel de intervenções foi o elogio à iniciativa. Da minha parte também quero publicamente dar os meus parabéns aos promotores deste momento de reflexão sobre o basquetebol no nosso país.
Como sempre houve intervenientes que chamaram mais a atenção, naturalmente umas a uns e outras a outros. Pessoalmente marcaram-me mais as intervenções de José Violante e do companheiro Rui Diniz. Sobre estas intervenções e outros temas abordados terei ainda muito gosto em manifestar noutros artigos a minha opinião aqui no Planeta Basket.
Hoje quero falar sobre o que eu tive esperança de que fosse abordado e que, a não ser muito ao de leve e transversalmente foi falado. Quero uma vez mais falar do tema como alargar a base de praticantes? Bem sei que esta é a parte não visível do iceberg, bem sei que neste âmbito os temas são em termos de basquetebol menos técnicos. Também sei que os seus atores não têm visibilidade, nem como praticantes, nem como treinadores, nem como dirigentes, etc, etc… Não são certamente notícia dos jornais e da televisão. Costumo dizer que se fizeste e não te viram não fizeste, (o sucesso dos jamborees em termos de conseguir locais para a sua realização passa exatamente pela Gala do Jamboree), mas daí a concluir que, porque não foi visto não é importante ou não existe vai uma grande distância.
As fundações de uma casa também não se veem e todos sabemos que são decisivas. O que se vê são as paredes as janelas, o telhado, as pinturas, os interiores, logo normalmente, o que se discute o que se analisa é o que se vê. Ter a capacidade de ver o não visível é fundamental para qualquer projeto. O enorme poder de destruição do Titanic não foi a parte visível do iceberg.
Uma das conclusões do evento é que é necessário elaborar um plano estratégico. No entanto Um plano estratégico que não conceba como vamos captar e alargar, seja com que orientação for, o número praticantes é a mesma coisa que projetarmos uma casa sem fundações. Uma das mentes mais brilhantes a pensar o basquetebol que tive o privilégio de conhecer foi Josep Bordas. Numa extensa conversa que com ele tive, tivemos este diálogo que não me canso de relatar:
- JB: Quantas crianças existem em Portugal dos 6 aos 12 anos.
- SPA: Pelos censos do princípio do século XXI ainda não tenho dados do último censos cerca de 900.000.
- JB: Quantos minis há em Portugal?
- SPA: Quase 9.000.
- JB: Isso não chega a 1% da vossa população alvo, enquanto vocês não chegarem a 5% dessa população ou seja a cerca de 45.000 deixem-se de sonhar com resultados internacionais.
Roma e Pavia não se fizeram num dia. É evidente que sem a capacidade de influenciar decisões políticas não se consegue de um momento para o outro chegar aos 45.000 minis, mas há medida que podem ser tomadas para que passo a passo a base vá aumentando.
Na época passada existiam em masculinos e femininos 4126 praticantes no escalão de Sub-14, mais cerca de 400 praticantes do que no escalão de Sub-12. Isto significa que há uma percentagem elevada de jovens que chega tarde à prática do basquetebol aos 13 e 14 anos. Esta é uma realidade, que ao nível da modalidade, podem ser tomadas decisões que estimulem a alteração destes números.
Em termos de quem se preocupa com o minibásquete, sei que não somos muitos, mas somos mais do que aquilo que pensamos que somos. O ano começa hoje, pelo que desejo a todos treinadores, dirigentes, pais, animadores, que longe das luzes da ribalta, longe da visibilidade trabalham e contribuem para as fundações do edifício do basquete um bom ano de 2013, extensivo naturalmente a todos os amigos do basquete no planeta.
Comentários
Obrigado por partilhares essa pequena mas significativa estória. Ao lê-la lembrei-me da 1ª regra de ouro do ensino do jogo no minibásquete enunciada pelo Prof. Mário Lemos, sobre a leitura e enquadramento do jogo
Regra 1
Agarra a bola com as duas mãos e olha imediatamente para o cesto, para veres se podes lançar ou tens um companheiro melhor colocado.
Quem sabe sabe e os mestres sabem!
Um abraço
Obrigado pelo teu comentário, mas pareceu-me truncado ou incompleto...
Aproveito para te desejar um bom ano de 2013
Eu por vezes penso que posso começar a repetir-me muitas vezes e começo a ter cuidado em escrever certas coisas mas será muito dificil perceber o conceito de que "uma boa casa começa-se a construir por baixo e não por cima"? Continuo com a convicção que nao temos uma crise monetária mas sim uma crise de identidade, mentalidade e poder. Se não começarmos a ter milhares de jogadores entre os 8 e os 12 anos, a médio longo prazo cada vez temos menos jogadores seniores, menos equipas, logo menos jogos, logo menos árbitros, menos visibilidade menos recursos menos tudo...depois é uma questão de prioridades...aquilo que achamos que é mais ou menos importante. É muito fácil fazer iniciativas, dizer que precisamos "construir o português", a formação etc, mas passado 30 anos onde estamos nós? Menos jogadores, menos equipas menos tudo...Cada vez que na Casa Branca existe um novo presidente, todos os funcionários são substituídos, do Presidente à empregada das limpezas...