Ganham-se e perdem-se jogos nos descontos de tempo, particularmente quando estes são equilibrados. Dois descontos de tempo podem ser concedidos a cada equipa

a qualquer momento da primeira parte e três durante toda a segunda parte.

Jogadores e adeptos nem sempre compreendem a sua importância; são momentos cruciais e podem ser a diferença entre a vitória e a derrota.

Devem ser pedidos no tempo certo e ter resultados imediatos na evolução do jogo, caso contrário podem ter efeitos nefastos.

Compete ao treinador saber usar esse tempo e organizar-se para só dizer aquilo que deve ser dito; os sessenta segundos que nos são concedidos exigem que a equipa, o mais rapidamente possível, se prepare para ouvir o treinador. Isto implica disciplina e, por isso pede-se aos jogadores celeridade na aproximação ao banco. Os cinco em jogo sentam-se nas cadeiras; os suplentes, de pé atrás, ou a fechar o círculo ao lado do “staff” técnico de forma a criar um momentâneo oásis de calma. Estas regras devem ser estabelecidas no início da época.

Assim, enquanto o treinador consulta o seu adjunto e ouve a sua opinião, os jogadores aproveitam para respirar e beber um pouco de água.

Muitas vezes verificamos que o treinador adjunto assiste às instruções como se fosse um suplente da equipa. Compete ao treinador principal dar ao seu assistente a importância que esse cargo justifica; infelizmente nem sempre é valorizada a sua intervenção.

Este é um momento sério e precisa de ser tratado como tal. Se os jogadores falam todos ao mesmo tempo e se concentram num único aspecto do jogo podemos dizer que foi tempo perdido; se o treinador valoriza as boas acções e apresenta um rápido plano para maximizar o potencial da equipa podemos considerar que foi proveitoso.
Nos descontos de tempo os jogadores devem estar preparados para ouvir e descansar um pouco.

Descontos de tempo, quando?

Não sendo imperioso seguir sempre algumas destas orientações vamos procurar, a seguir, enumerar situações que, habitualmente, pedem a interrupção do desenrolar do jogo. Momentos chave que, como atrás referimos, podem significar vitórias ou derrotas em jogos equilibrados.

Sempre que o adversário concretiza três cestos seguidos é importante interromper esta série de êxitos.

Quando for necessário fazer alterações tácticas, ou seja, mudar a estratégia defensiva ou aplicar um “set play” específico, particularmente em situações especiais (últimos segundos, reposições nas linhas final e lateral, saídas de pressão, etc.).

Fazer descansar um jogador influente ou provocar uma interrupção que permita uma substituição.
Há mudanças subtis que podem resultar benéficas tais como 2x1 ao jogador mais influente ou trocas em todos os bloqueios.

Quando um desconto de tempo é pedido pelo treinador adversário, imediatamente duas questões se levantam. Porquê? O que vai agora mudar? Há sempre um lado positivo; primeiro, vamos poder descansar um pouco, segundo, a equipa adversária gastou um desconto de tempo e, por último, em certas circunstâncias até nos pode agradar essa interrupção.

Há situações no jogo que podem ser aproveitadas para evitar o desconto e nos permitem dar algumas indicações; na marcação de lances livres, quando um jogador se lesiona ou quando é marcada uma falta técnica.

Por último, é importante guardar pelo menos um desconto de tempo para os últimos momentos do jogo.

Como transmitir a informação

A informação a transmitir terá de ser sucinta e clara dada a limitação do tempo e a capacidade de retenção da mensagem, sendo certo que a última indicação é aquela que os jogadores fixam melhor.

Neste momento, uma crítica imediata após uma asneira não é aconselhável; os sucessos ou fracassos anteriores já não são importantes, temos que estar totalmente concentrados naquilo que vamos fazer nos próximos minutos.

Quando as coisas não estão a correr bem, podemos começar com uma questão: então, o que é que se passa? Procurar ouvir antes de começar a falar; os jogadores, muitas vezes, sabem o que está errado e ao procurares saber a sua opinião vais provocar a sua atenção e maior receptividade às tuas indicações. Se acrescentarem um detalhe importante ou fraquezas do adversário, elogia a perspicácia. Os treinadores devem aceitar o facto de que nem sempre têm soluções para os problemas.

Sendo necessário fazer ajustamentos, falar devagar e calmamente; os jogadores estão cansados e precisam de descanso. Não acredito que sejam capazes de digerir mais do que uma ou duas importantes ideias num simples minuto.

Quando um jogador precisar de uma informação mais detalhada põe o teu assistente a falar com ele.

Antes de terminar a intervenção assegura que todos os jogadores estão cientes das suas responsabilidades; nem sempre todos estão no mesmo comprimento de onda.

Se as coisas estão a correr bem limita-te a manter a máxima concentração, se estão a correr mal tenta aliviar a pressão. Não há varinha mágica para situações de pressão, decisões iguais podem ter reacções diferentes. A solução depende da nossa experiência, bom senso e confiança.