Apresentados no artigo anterior os princípios, filosofia e as orientações da Federação Espanhola para a detecção de talentos teremos que perceber qual é a essência da metodologia
e aplicação prática desses conceitos, para no artigo seguinte expor como devemos observar.
A essência da metodologia assenta no envolvimento e na capacidade de trabalho de observação de um colectivo dos treinadores. O recrutamento das selecções mais jovens, sejam elas das federações autonómicas, sejam elas da selecção nacionais mais jovens masculinas e femininas são trabalho e opção, não de um ou dois seleccionadores, mas de um conjunto alargado de treinadores. Em termos metodológicos esta é a grande diferença.
Como é que a Federação Espanhola chega à escolha dos jovens que vão a Collel, onde estão reunidos e em observação, durante uma semana por um conjunto alargado de treinadores?
Fase de pré-selecção:
Esta começa na escolha dos jovens que vão fazer parte das selecções das federações autonómicas, o equivalente às nossas Associações Distritais. Portugal tem 21 Associações Regionais e a Espanha com muito mais praticantes e um território muito maior tem 19 Federações Autonómicas. Não sei se todas mas muitas das Federações Autonómicas escolhem os seus praticantes recorrendo a uma aplicação prática dos princípios metodológicos de Collel.
Exemplificando o que estamos a falar vou relatar como a Federação da Galiza, e tanto quanto sei à semelhança, não sei se de todas, mas de muitas outras federações autonómicas escolhe os praticantes, que vão constituir a selecção galega para a sua participação no Campeonato de Minibásquete de Espanha. Em Maio deste ano reuniu um conjunto alargado de jovens Sub-11, que na presente época são Sub-12 minis para serem observados por um conjunto de treinadores.
Em termos práticos os treinadores indicados pelos diversos clubes da Galiza comparecem num domingo, por ser mais central relativamente à região da Galiza em Santiago de Compostela. Num pavilhão com vários campos reúnem-se estes treinadores, e mais uma centena e tal de jovens, sob a supervisão do responsável técnico da federação galega e dos futuros treinadores da selecção da Galiza.
Neste espaço e durante um dia inteiro, misturam os jovens de todas as equipas presentes formam equipas e distribuem coletes para fazerem jogos arbitrados e observados pelos treinadores. Os treinadores não dão indicações técnicas ou tácticas limitam-se a arbitrar e a observar. No final do dia os treinadores juntam-se para manifestarem a sua opinião sobre quem tem mais potencial e escolhem 16 praticantes. Estes jovens não sendo um grupo fechado começam a trabalhar em Setembro para estarem presentes na Páscoa no Campeonato de Minibásquete de Espanha. Esta é a primeira fase de detecção de talentos. Se multiplicarmos os 10 a 30 treinadores presentes em cada região, dependendo do tamanho da federação autonómica, por 19 rapidamente compreendemos como envolvemos neste primeiro passo de detecção de talentos cerca de 400 treinadores. Um apelo à capacidade de observação e o trabalho colectivo são a essência desta metodologia.
