“O verdadeiro homem descobre a sua força, quando se defronta com o obstáculo.” Antoine de Saint-Exupéry - escritor frances (El principito - Le Petit Prince)

A participação das nossas selecções nos masculinos e femininos, em todas as categorias de formação (Sub- 16, Sub-18 e Sub-20), elogiada no meu artigo da semana passada, implica por outro lado, uma preparação das referidas selecções. Participar por participar sem preparação não faz também muito sentido.

Vem esta opinião a propósito do cancelamento de todos os estágios das selecções jovens neste período do Natal. Salvo melhor opinião estes não deviam ser cancelados. Sabemos que por detrás do cancelamento estão os cortes orçamentais, a que os diversos programas da federação, tem estado sujeita. Contudo insisto que estes não deviam ser cancelados, mas sim repensados. Devíamos ter a capacidade de nos ajustarmos aos tempos que correm, às novas realidades até porque nos próximos tempos não haverá certamente melhorias.

Para fazer os estágios é necessário reunir os jovens seleccionados, ter instalações para treinar, proporcionar a alimentação e um local para dormir. Desde que haja uma alimentação ajustada e higiene nos locais de dormida, diminuíam-se drasticamente os custos, se as selecções ficassem a dormir em sacos camas em salas de aulas e se alimentassem em cantinas escolares. Bem negociado, talvez se encontrassem seis autarquias, como algumas contrapartidas como por exemplo atribuição de momentos altos importantes ou outras, que estivessem disponíveis para ajudar a suportar os custos dos estágios.

Quanto aos transportes para o local sugerimos que os pais suportassem a deslocação para os locais de estágio. Não foi essa a solução encontrada pela AB da Madeira, quando terminaram os apoios do governo regional, para que as selecções mais jovens se deslocam ao continente paras Festas do Basquetebol Juvenil e Festa do Minibásquete? Nem sequer estou a ir ao ponto de sugerir, à semelhança de países com menos dificuldades que o nosso, como a Holanda e a Áustria, que os pais paguem as deslocações ao estrangeiro inclusivamente para a participação nos campeonatos europeus.

Será que isto não é possível? Nada como perguntar directamente aos pais o que é que estes preferem para os seus filhos? Que estes não tenham preparação, facto que diminuirá certamente a sua possibilidade de evolução, ou que, suportando os custos das deslocações para os estágios, contribuam para a possibilidade de os seus filhos terem mais hipóteses de sucesso, tirando muito mais prazer na participação nos referidos campeonatos.

Quanto aos jovens envolvam-nos nas decisões e na minha opinião aqueles que não tiverem empenho e só quiserem ir se as condições forem muito melhores, não servem para praticantes de elevado nível, pois revelam claramente falta de espírito de sacrifício. Esses que se dediquem a um basquetebol mais recreativo.

Em breve passarei à reserva e terei mais tempo para me dedicar ao minibásquete, mas da minha vida profissional na Marinha, nunca me esquecerei da passagem, durante quatro anos pelos fuzileiros, onde hoje em dia, querem ir muitas selecções e equipas de desportos colectivos, para criarem em circunstâncias difíceis e de stress, espírito de equipa e liderança. É sempre perante as circunstâncias mais difíceis que descobrimos as capacidades das pessoas.