E se o jogo mudasse?
 
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E se o jogo mudasse?

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altAo longo da sua evolução o Basquetebol primou por ajustar as suas regras, procurando torna-lo mais atractivo. Das regras que eliminaram o anti jogo, ao surgimento da linha dos 6,25,

até aos atuais 6,75, foram brilhantes os contributos de quem pensou tornar o jogo mais espectacular. A este nível verificámos que a NBA, também ela, se pautou por procurar ajustar as regras do jogo.

Porém, nem sempre verificámos grandes preocupações para com o jogo de quem aprende. Poderei dizer que a evolução das regras do jogo se centrou apenas no rendimento desportivo e não tanto nas necessidades de quem aprende e desenvolve capacidades através do basquetebol. E se o jogo mudasse nos escalões de formação?

Bom provavelmente quem procurasse levar estes pensamentos a efeito teria de encontrar as resistências à mudança normais em momentos desta natureza. Mas mesmo assim poderá valer a pena fazer um exercício de reflexão. Ora vejamos.

Ensinar o jogo em etapas iniciais, que em muitos casos se estendem ao escalão de sub-14, pressupõe a existência de espaço para os jogadores tomarem iniciativa com bola, criarem linhas de passe. A neblina decorrente da dificuldade em desenvolver ações táticas individuais e coletivas equilibradas decorre da neblina criada também por uma má gestão do espaço para jogar.

Assim sendo porque não jogar 4x4? Passar a existir o espaço de jogo tão desejado para emergirem ações individuais e coletivas cada vez mais evoluídas.

O jogo 4x4 poderá igualmente ser útil para ensinar, aprender e explorar outros princípios de jogo que sustentam o amanhã do jogador que inicia.

Apresento algumas situações:

  • Desapareceria o verdadeiro mito da zona. Seria uma defesa útil para 4 jogadores, defenderem zona? Seria muito complexo ensinar a 4 jogadores atacarem contra um quadrado? Ou outra figura geométrica por eles desenhada no meio campo defensivo?
  • Terminava o dilema referente à organização coletiva do ataque de posição em jovens – 1 jogador dentro e 3 jogadores exteriores com imenso espaço para jogar ou 4 aberto - Desapareceria o drama da colocação do 5º jogador;
  • Em 4x4 a riqueza da aplicação das ações táticas coletivas mais evoluídas (bloqueio indireto e direto, reações às penetrações em drible) teria, numa organização de “4 abertos” ou 3 jogadores exteriores e 1 interior, uma aplicação rica para valorizar o reportório tático ofensivo e defensivo  de jogadores que aspirem poder vir a chegar ao jogo senior.

O jogo poderia mudar, bastando clarificar o que se pretendia com essa mudança. No momento parece não ser determinante pensar no jogo praticado por sub-14 e sub-16 e dar-lhe mais vida. Até no aproveitamento dos jogadores esta mudança poderia favorecer o aparecimento de mais equipas. Decorrente da medida anterior eventualmente aumentaria quantidade e qualidade de jogos.

Mas mudar o jogo parece não depender só de uma mudança no número de jogadores de cada equipa. Passará também pela capacidade didática e pedagógica de ensinar Basquetebol de forma correta, em coerência com o objetivo de oportunidades a quem pratica. Surge ao barulho, mais uma vez, o Treinador. Então, talvez a grande mudança do Basquetebol possa ser mesmo o treinador. Consciencializando-se verdadeiramente de que terá de ser útil aos seus atletas. Deverá permitir-lhes expandirem as suas capacidades, iniciativa e decisão, dando-lhes a possibilidade de explorar o jogo com regras simples mas claramente apresentadas.

A intervenção do treinador não poderá limitar-se a uma sequência de frases faladas em tom exageradamente alto e que acrescentam muito pouco à dificuldade de execução/decisão apresentada. Mudar é preciso!

Voltando a jogo e à sua mudança, creio que a verdadeira mudança estará nas pessoas. Por serem diferentes, por terem ultrapassado a fase de resistiram a aprender. Ou simplesmente porque reflectem e propõem.

Para tal fica um esboço sucinto de uma proposta de mudança:

  • Jogos 4x4;
  • Campo oficial
  • A bola só vai ao árbitro nas faltas;
  • O jogo tem 5 períodos de 8 minutos (cada jogador jogará 2 períodos e o treinador brinca tacticamente no 5º período. Porém, poderemos conceber fraccionar os 40 minutos de jogo por mais períodos, adaptando à realidade
  • Não precisamos de proibir as zonas, 4 jogadores serão insuficientes para defender tanto espaço livre de forma estática;
  • Com 8 jogadores fazemos uma equipa.

Pensar no jogo é pensar nas necessidades dos jovens. Diagnosticar parece ser feito apenas como antevisão do jogo e não tanto, como avaliação e ponto da situação de um processo de aprendizagem longo e cheio de altos e baixos.

O minibasquete já aponta para uma evolução do 3x3 dos sub-8 para os 4x4 dos sub-10 e sub-12. Mas o que sustenta a tese do 4x4 ser útil para a modalidade? Os sub-14 precisarão ainda de competir em jogos reduzidos de 4x4? Ou simplesmente passarem a jogar o jogo formal, próximo do jogo dos adultos?

Aquilo que a prática me diz é que quando em situação de treino se recorre ao jogo 4x4, aumentam significativamente o número de oportunidades para que todos os jogadores possam tomar decisões ou reagir às decisões dos companheiros. Sem que para isso se desvirtue o espírito do jogo.
Poderá pensar-se na mudança?

 

Comentários 

 
+1 #5 Humberto Gomes 06-03-2014 14:06
Apreciei o comentário do companheiro Tiago Pereira. Despertou-me vivamente a referência a: "andarmos a fazer exercícios descontextualiz ados do jogo". Daquilo que ele exige e requer. Desgraçadamente essa é uma trista realidade.
Analisemos com profundidade a questão, cada um no seu raio de acção, mas realmente colocado o outro prato da balança não nos devemos "desalinhar", face à realidade concreta, objectiva que nos cerca.
Comparativament e a outros sítios, a outras gentes, a outras realidades , bom seria que as "trevas" pudessem ser iluminadas...
Seria impossível "alinharmos" com o modelo de "nuestros hermanos" ?
Perguntar não ofende !

Aquele abraço
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+2 #4 Tiago Pereira 06-03-2014 10:05
Na minha opinião o artigo faz todo o sentido até ao escalão sub10.
A minha proposta para "alinhar" será esta:

- E que tal se nós de uma vez por todas encararmos a realidade, aceitarmos o jogo de basquetebol e " nós mudarmos" ?

Nós treinadores, temos que mudar porque ninguém na Europa espera por nós. Mudarmos as regras do jogo é jogarmos um jogo cada vez mais diferente dos outros. Amigos, aceitemos a diferença, abracemos a realidade europeia, onde sub12 não é mais um escalão de minibasket na maneira que nós os vemos. É impossível jogar um campeonato da Europa sub16 Divisão A se quatro anos antes (sub12) andarmos a fazer exercicios descontextualiz ados do jogo bem como andarmos a fazer jogos de 4c4 oficiais.
Não é altura de "alinhar" com a realidade?!?
João o teu artigo está interessante mas na minha opinião pertence a sub10.
Abraço
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-3 #3 Humberto Gomes 05-03-2014 21:32
Como é Carnaval ninguém leva a mal...!
Foi por isso que o João nos trouxe mais este contributo?Não! Mesmo em tempo de Carnaval, e porque o contributo é mesmo muito valioso, uma vez mais, é para ser levado muito a sério!!!
Faz muito sentido esta proposta.Bastará recordar que a função principal do treinador será a de arranjar soluções para os seus jogadores. E quando o San Payo refere que "...arbitrar minibasquete é interpretrar as dificuldades motoras da criança.", nós acrescentaríamo s se essa interpretação não deverá pertencer, como agora é sugerido, muito mais e em 1ª mão aos treinadores.Extensiva, nesta proposta do João, ao escalão de sub-14.
E se em 01 de Novembro viesses até cá baixo desenvolver esse tema, integrado numa Acção de F Contínua da ABAlgarve.Já falámos, eu e o dtr João Lima, e será só acertarmos os "pormaiores" por ocasião da Festa do Basquetebol.
Já anotaste na tua agenda? Fica combinado!
Abraço.
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+5 #2 San Payo 05-03-2014 13:21
Caro João

Ao ler o teu artigo duas frases me vieram à cabeça. Uma resulta das notas que tomei nota de um dos maiores pensadores do basquetebol em Espanha Josep Bordas:

“As regras do basquetebol são feitas para os adultos e estão ajustadas à realidade dos seniores. colocá-las em prática com os mais novos é um factor que dificulta o desenvolvimento das crianças. No dia em que o basquetebol respeitando as necessidades das crianças souber adaptar as regras à evolução dos praticantes dará um grande salto qualitativo”.

A outra é de minha autoria e está no preâmbulo do Manual de MB,

"Arbitrar basquetebol é interpretar as regras da modalidade, arbitrar minibásquete é interpretar as dificuldades motoras das crianças."
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+2 #1 Eduardo 05-03-2014 12:24
Sem dúvida um tema interessante porém, creio que a dificuldade no nosso desporto reside, justamente, na existência do 5º jogador. Por mim não acredito nos facilitismos que, independentemen te do mérito desta ideia, parecem estar subjacentes ao que foi apresentado.
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