Desporto Articulado
 
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Desporto Articulado

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altO artigo desta semana regressa às ideias, ao idealismo, eventualmente à utopia. Mas certo é que poderá valer a pena pensar no tema.

O ensino articulado prevê que o aluno, em proveito de mais tempo dedicado a uma área artística, expressiva – Música ou Dança – possa iniciar um percurso direccionado para a especialização nestas áreas. Tema discutível diga-se, mas que não é propósito deste artigo. Constatamos que para além desta adaptação curricular o aluno, no caso específico da dança, está dispensado da disciplina de Educação Fìsica no seu currículo, entendendo-se que os estímulos psicomotores decorrentes da prática de actividades rítmicas expressivas é suficiente para que se entenda haver desenvolvimento motor.

Todavia, se a ideia é possibilitar a iniciação e, porventura uma especialização, direccionada para o “alto rendimento” artístico, ou pelo menos uma continuidade na formação artística, então por que não, pensar num caminho articulado para o desporto? E com que finalidades? Apenas direccionar os praticantes para o rendimento? Parece-nos redutor e provavelmente seria uma ideia alicerçada num forte lóbi desportivo.

A ideia carece de estudo quanto à sua operacionalidade. Porém, se pensarmos que grande parte das escolas públicas estão agrupadas, facilmente poderíamos conceber um percurso de 12 anos, cumprindo as etapas todas de formação desportiva:

  • Desenvolvimento motor de base (1º ciclo);
  • Iniciação desportiva em contexto de desporto escolar (5º ao 9º);
  • Especialização desportiva (Ensino Secundário);

A terceira etapa, embora designada de especialização desportiva, apenas o seria pelo facto de haver uma escolha e maior tempo dedicado a essa modalidade. O gosto, o potencial, a qualidade dos treinadores serão sempre factores que estarão na base da escolha.

Numa visão mais global conceber um ensino articulado virado para as atividades físicas e actividades físicas desportivas, não é mais do que uma medida, política, que pretende contrariar a tendência para que grande parte da população careça de conhecimento quanto a formas de elevar a sua aptidão física ou adquirir conhecimentos para construir um estilo de vida saudável. Se mais de 60% da população portuguesa não pratica nem praticou uma modalidade desportiva, se cerca de 70% não faz actividade física creio que não deveremos anular o papel da Educação Física e ignorar a necessidade de promover conhecimentos sobre Educação para a Saúde. Aliás essas disciplinas deveriam ser entendidas como de formação geral.

Contudo possibilitar a prática e educação desportiva, ensinar bons hábitos, parece ser uma via complementar para que qualquer jovem fique apto para, por ventura poder seguir uma via de rendimento desportivo, mas não ficar privado de ser um adulto saudável, capaz de render no exercício do seu papel enquanto profissional de qualquer atividade, podendo vir a ser influenciador de gerações seguintes.

Em termos práticos, muitas escolas dispõem de recursos humanos e espaciais para desenvolverem uma filosofia de formação desportiva, numa ou várias modalidades, tendo em vista o futuro e não o presente. Como já tive a oportunidade de referir o contexto escolar dispõe de condições para prestar um serviço público a um projeto desportivo nacional, permitindo, de forma responsável e estratégica, não desperdiçar as mais-valias existentes no Associativismo Desportivo, como sejam: os bons técnicos que não têm formação académica na área do desporto e os Pais dos Atletas, que cada vez mais assumem (em prol do melhor para os seus filhos) quase a totalidade dos custos de uma formação desportiva. A Educação Física, o Desporto Escolar e a Educação para a Saúde poderão ser cúmplices de um ensino articulado trabalhando para recuperar os anos de atraso que existem quanto ao entendimento do papel da Actividade Física e Actividade Fìsica Desportiva no desenvolvimento humano.

Mantenho a minha convicção de que poderemos aproveitar a organização e a estrutura do Desporto Escolar (em teoria tem aspectos mais estruturados do que o desporto federado) e a vitalidade de todos os que actualmente mantém o desporto juvenil.

Preocupado que estou com o futuro, expressaria essa mesma preocupação com um exemplo que em muito poderia ajudar a despertar as mentes de quem decide. Em contexto escolar (ensino secundário), precisamente hoje que escrevo este artigo, abordamos um aluno que realizou um desempenho num teste de aptidão física com resultado de relevo para a idade. Questionado o aluno sobre se tinha a ideia do desempenho que tinha tido, e se já tinha experiência desportiva que tivesse contribuído para que aquele desempenho se expressasse, o mesmo respondeu:
- Tenho plena noção de que tenho desempenhos acima da média, mas a minha missão são os estudos e não a via desportiva.

Perante uma resposta destas poderemos reflectir em muito sobre aquilo que não estamos a proporcionar para que todos os jovens adquiram cultura desportiva, praticando uma modalidade desportiva que gostem, para a qual revelem potencial (Ensino Articular – Desporto); que adquiram conhecimentos para conquistar hábitos e um estilo de vida saudável (Educação para a Saúde) e desenvolvam as suas capacidades físicas através de experiências psicomotoras variadas (Educação Física).

Nesta utopia alimento a esperança de que o futuro elenco directivo da Federação Portuguesa de Basquetebol possa ser visionário e ambicioso, entendendo revitalizar a modalidade e sendo pioneira em ideias deste âmbito. Aliás, pese embora a utopia e a ousadia que temperou este artigo, não quero pensar que o futuro da modalidade não será criativo, com ideias para um Amanhã diferente e, mais uma vez pioneiras numa visão estratégica para o nosso desporto.

 

Comentários 

 
0 #3 Rui Pereira 01-06-2016 15:47
Boa tarde.
Começo desde ja por elogiar a forma como abordou este tema.
Nesta fase, tendo eu um filho com 10 anos de idade que adora futebol e desporto em geral , pus-me a pensar o porquê de ensino articulado em musica e nao em desporto. Daí a minha pesquisa na net sobre o tema . ja tinha pensado ha uns tempos sobre o assunto mas nunca muito aprofundado.
A formaçao nessa area ate poderia complementar- se com o ensino corrente, trabalhando areas como a psicologia no desporto, metodologia e a logica do treino (matematica), a motricidade e a parte mais física ( biologia), as culturas ( historia e geografica ), o treino em si ( varias valencias/ modalidadades ), informatica no desporto, etc. Isto porque tambem nem todos podem ser atletas mas podem perfeitamente serem treinadores, preparadores fisicos, medicos, gestores,psicol ogos, entre tantos outros.
Em conclusao, este tema parece-me bastante pertinente.
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+1 #2 Humberto Gomes 26-09-2014 05:15
Espero que o comentário tenha chegado bem.
Cumprimentos.
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+2 #1 Humberto Gomes 26-09-2014 05:13
Meu caro João Ribeiro.
Esse teu regresso, como anuncias, às ideias, ao
idealismo e eventualmente à utopia - quase estilo do
"sonho à realidade" -, desaguando no voto de um Amanhã diferente, em que a nossa modalidade, uma vez mais, se constituiria como estratega e inovadora, merece ma minha parte uma palavra : PARABÉNS !
Parabéns pelo forma lúcida, inteligente e, portanto,compre ensiva como o tema é magnificamente desenvolvido.
Parabéns, outra vez - à 3ª é de vez -.
É um elogio, que sai do coração, logo, sincero e honesto !
São 06 h da manhã, prestes a sair para mais uma jornada de pesca. A sério, mesmo, pois o basquete já precisa pouco de mim...Boa sorte aos vindouros. Mas os neurónios ainda estão frescos, QB !
Com amizade, aquele abraço.
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