Na senda de reflectir sobre o valor dos resultados desportivos das nossas selecções, no último artigo teci algumas considerações sobre a importância da inserção social das modalidades,
hoje vou reflectir comparativamente sobre o basquetebol e as outras modalidades colectivas de pavilhão: andebol, basquetebol, futsal, hóquei em patins e voleibol.
“Avaliar, comparativamente com as outras modalidades, o valor dos resultados das nossas selecções, sem levar em consideração o grau de exigência e dificuldade que é chegar, não esporadicamente, mas com consistência aos 10 primeiros lugares é compararmos o que não é comparável.”
Aqui chegou o momento de relembrar um diálogo que tive com o saudoso amigo e companheiro destas andanças do minibásquete o General Hugo dos Santos, que me chamou para ser o responsável pelo minibásquete na Federação. Estávamos em 2000 e o futsal começava a emergir em força, e tal como previ e na altura afirmei em breve teríamos um adversário poderoso, nomeadamente em termos de ocupação dos pavilhões. O General tentou sossegar-me dizendo que esse era um risco reduzido, pois estando o futsal, dentro da Federação de Futebol, esta nunca estaria muito interessada no seu crescimento. Para mal de todas as outras modalidades de pavilhão, parece-me que os meus receios não eram assim tão infundados. Uma vez mais o futebol, neste caso na versão de pavilhão, pelo seu peso social e cultural tem vindo a crescer, conquistar recursos financeiros das câmaras e patrocinadores e a dificultar a ocupação de pavilhões.
São estas e outras realidades, que tornam as comparações, nomeadamente as temporais, muito complexas, pois nem as realidades, nem os contextos são os mesmos, pelo que muito mais importante que fazermos comparações é tentarmos compreender, tendências, evoluções, dinâmicas sociais e culturais, para assim podermos ter, como diz o amigo João Ribeiro, uma visão estratégica para a modalidade, que ao mesmo tempo que revele a humildade de reconhecermos a situação e incentive a empreendorismos, criatividade, empenho, dedicação.
Mas voltemos a centrar-mo-nos no tema do valor e significado dos resultados desportivos europeus. De todas as modalidades de pavilhão referenciadas, pelas razões já evocadas, o basquetebol é claramente a modalidade mais difícil de chegar o topo da montanha. Se tivesse, que hierarquizar, julgo que a modalidade em que é mais fácil chegar ao topo é o hóquei em patins, depois o andebol, seguido do voleibol e finalmente o basquetebol, pelo que não me canso de realçar a consistência dos dois nonos lugares em anos consecutivos, conseguidos pelas selecções preparadas e orientadas pela Maryana Kosturkova. São um resultado que temos de encontrar formas de divulgar e realçar.