No último artigo hierarquizei, por grau de dificuldade de chegar ao topo, as modalidades tradicionais de pavilhão mais praticadas, e que em Portugal estão longe de ter o peso e a inserção social do futebol.
Hoje gostaria de clarificar em que base eu fundamento essa hierarquização. Esta é baseada no grau de profissionalização, expansão e expressão, que as diversas modalidades tem no mundo inteiro.
Creio não andar muito longe da verdade, se disser que a seguir ao futebol, o basquetebol é o desporto mais praticado no mundo, e que mais países tem, a seguir ao futebol, onde o peso e inserção social, é muito elevado ou mesmo maior que o futebol, como por exemplo nas repúblicas bálticas.
O surgimento de muitos países, após a queda do muro de Berlim, nomeadamente, da União Soviética e da Jugoslávia, que eram duas grandes potências do basquetebol, levou ao aparecimento de muitos países, onde a modalidade, é do ponto de vista de inserção social, tão ou mais importante que o futebol, como por exemplo a Lituânia, a Letónia, a Estónia, a Eslovénia, Croácia e a Sérvia. Este facto potenciou, e muito, a competitividade da modalidade e a aumentou a dificuldade de se chegar ao topo.
Um primeiro lugar num campeonato da Europa duma modalidade, pode ter menos impacto social que uma boa classificação; e isso depende da inserção cultural e social da modalidade num pais e da divulgação do valor desse resultado.
Para ilustrar o que acabo de dizer, e por razões essencialmente culturais, basta pensar no apesar de tudo diminuto impacto social, que o verdadeiramente extraordinário resultado que o ténis de mesa, recente campeão europeu, teve em Portugal, e comparar com as imagens de manifestação de rua que se verificaram na Macedónia, quando este país se classificou em 4º lugar no “Eurobasket” da Lituânia em 2011.
O peso da inserção social do basquetebol, em muitos países, leva a que a seguir ao futebol, o basquetebol é seguramente a modalidade, mais profissionalizada, com maior densidade competitiva e expressão à escala global. Como reflexo dessa profissionalização, ao contrário do andebol, hóquei em patins, ou mesmo do voleibol, os clubes em Portugal, nunca terão orçamento para contratar praticantes ou treinadores estrangeiros de topo da modalidade, pois os melhores jogadores e treinadores de basquetebol do mundo auferem certamente vencimentos incomparáveis, com os melhores das outras modalidades. Contudo o facto de o basquetebol ser uma modalidade altamente profissionalizada, também tem vantagens, pois é uma modalidade, globalmente bem mais mediática do que as outras. Se pedirmos a uma criança que nos diga o nome dum jogador de basquetebol, muitas já ouviram, certamente, falar por exemplo de Michael Jordan, mas duvido muito que saibam dizer quem é o melhor andebolista ou voleibolista do mundo. Saber potenciar essa mais valia é tão importante, como saber divulgar os nossos pequenos êxitos, à escala internacional, mas enorme sucesso à escala nacional.
