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Há fumo branco

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Há fumo brancoO Basquetebol está de parabéns. E de parabéns estão todos os que tornaram o fim de semana passado no momento alto do nosso basquetebol.

Orgulhosos estariam igualmente António Pratas e Vítor Hugo, dada a grandeza, visibilidade e emoções contidas nas provas que os homenagearam.

No setor feminino não posso esconder a alegria pelo facto da minha terra natal ter acolhido as finais da Taça Vitor Hugo. Torres Novas merece que o basquetebol se torne a modalidade de referência da cidade, mantendo viva uma tradição e uma história de que me orgulho ter feito parte da minha vida, enquanto criança e jovem. Num verão onde o Basquetebol feminino alcançou notoriedade, fica aquela sensação de que: era bem bom termos podido assistir a alguns jogos via TV (talvez a final). Ficará para a próxima investida junto dos média. O Basquetebol feminino merece esse protagonismo. Sem sombra de dúvida que merece essa atenção.

Do lado masculino creio que ninguém poderá ficar alheio ao facto de ter sido possível assistir pela TV, pela A Bola TV, a dois jogos com as nossas melhores equipas até ao momento. Três épocas depois regressou o clássico de que tanto tínhamos saudades e que alimenta o nosso desporto. Benfica e Porto mediram forças novamente, motivadíssimos para provaram a sua supremacia e o seu investimento para esta época. De um lado as Águias, reforçadas com um leque vasto de jogadores capazes de continuar a manter o Benfica no topo, do outro lado os Dragões fiéis ao coletivismo como alicerce para alcançar o sucesso. Não esquecendo o Guimarães, a Ovarense e outros tantos clubes que irão participar na LPB, importa realçar o facto de podermos ver de mais perto atletas de qualidade, como seja o exímio lançador do Benfica, com passado na NBA – Daequan Cook. Desde o saudoso Mário Ellie  (que por sinal se destacou na NBA depois de ter estado em Portugal) que não desfrutávamos de tão nobre atleta.

Se juntarmos a esse facto uma equipa de comentadores de luxo - Paulo Neta, Mário Gomes e Mário Palma - podemos dizer que há fumo branco na modalidade! O Basquetebol parece querer levantar-se, e, perante a opinião pública mostrar vitalidade. Todos desejamos que isso aconteça.

Mas será todo este mediatismo suficiente para que possamos alcançar o estatuto de 2ª modalidade desportiva em Portugal? Ou a 1ª modalidade de Pavilhão? Definitivamente não chega.

Regressando ao exemplo da construção de uma casa, não podemos pensar apenas nos acabamentos de luxo e num telhado com telhas de elevada qualidade, deixando apenas para segundo plano o investimento significativo na massificação da prática do basquetebol e do minibasquete por uma percentagem significativa da população infanto-juvenil do nosso país – as fundições da nossa casa, podemos assim dizer.

É importante não nos deixarmos iludir, creio. Tal como a nossa população tende a envelhecer, também o Basquetebol, naturalmente irá envelhecer. Tal como os nossos governantes deverão estar preocupados (julgo eu) com formas de incentivar o aumento da taxa da natalidade, também o Basquetebol deverá estar preocupado com esse mesmo indicador. Aumentar a taxa de natalidade de mais crianças e jovens na prática do minibasquete e basquetebol. Como se aumenta esse indicador? Pergunta de difícil resposta perante tão diminutos recursos para investimento nesta área. Confesso que também não sei como se mudam agulhas de uma bússola que teima em traçar azimutes direcionados prioritariamente para o topo. Mas também reconheço grandes obstáculos financeiros e de ideias para que tal possa acontecer de um dia para o outro.

Não deixa de ser legítimo e necessário voltarmos a ter referências, clássicos e emoção. Mas precisamos de mais gente para se emocionar e vibrar com a modalidade. Os amantes do Basquetebol irão precisar de novas caras, de mais sorrisos de crianças nos pavilhões.

O fumo branco do que assistimos na bola tv durante este fim-se-semana deixa-nos contentes. Mas alguém tem de procurar manter o lume aceso e procurar renovar a lenha. Se tal não acontecer nos próximos dez anos teremos novamente dificuldades em atrair adeptos para o basquetebol, mais gente tem de nascer para a modalidade (quer para praticar quer para a desenvolver, apoiar e fazer crescer).

Encher os pavilhões no futuro implica o aumento da taxa de natalidade, mas também implica existirem cabeças pensantes e criativas capazes de proporcionar no momento certo e no local certo, o gosto pela prática do Basquetebol. O Benfica e FC Porto irão certamente desempenhar o seu papel o melhor possível. Mas algo mais é necessário precaver e preparar. Estou certo de que serão essas as preocupações e as expetativas de todos os que gostam da modalidade.

Tal como nos ensinou o Prof. Jorge Araújo, o Treinador, nas suas funções de direção e preparação de uma sessão de treino, tem de preparar-se para o imprevisto. A modalidade, terá de preparar-se e atender também ao previsto, ao programado. Assim se construirão alicerces para jogar para um futuro melhor.

 

Comentários 

 
0 #1 Humberto Gomes 01-10-2015 06:38
Meu caro João Ribeiro,
"Há fumo branco"..., houve algum, como muito bem foi descrito; mas, o que será mais importante, é que o futuro nos traga, de facto, esse estado de alma como resultante de uma planificação para o desenvolvimento da modalidade assente na competência, no rigôr e na disciplina, numa permanente atitude de coerência - agindo como se pensa e pensando como se age -. Numa palavra : só chegaremos a algum lado se verdadeiramente cada um respeitar UM COMPROMISSO, que conduza a uma cada vez mais bem conduzida evolução do praticante e do nível da prática do jogo.
Como muito bem o João deixou expresso, sublinharei: "Não deixa de ser legítimo e necessário voltarmos a ter referências, clássicos e emoções".
Como agora, o João o fez.
Obrigado, companheiro e amigo.
Aquele abraço.
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