Conhecer a realidade é partir de dados quantitativos fidedignos e a partir desses é que devemos fazer um debate, sempre baseado em informação precisa.

No nosso país e como tal no basquetebol há excesso de “conversa de café”, muitas vezes potenciada pelas redes sociais, que acaba muitas vezes por ser mais desinformativa do que esclarecedora.

O “na minha opinião” é seguramente legítimo, mas o mais importante é conhecer os factos, e partir daí, para a análise e discussão séria baseada em dados e informações concretas. Um departamento de estudo e análise que recolhesse informação permitiria certamente tomadas de decisão mais seguras e menos ao sabor das intuições e opiniões.

O debate público do basquetebol é, demasiadas vezes, pouco informado e baseado muito em visões parcelares sem ter em consideração uma perspectiva global.

“A discussão é livre, cada um tem direito à sua opinião, mas as opiniões não devem sobrepor-se aos factos. Há quem pense, que se os factos não estão de acordo com as opiniões, então tanto pior para os factos. Nós pensamos o contrário se as opiniões não estão de acordo com os factos, tanto pior para as opiniões. As melhores opiniões são necessariamente aquelas que se alicerçam em factos.”*

Estes são os dados dos últimos 7 anos das participações da das selecções de formação nacionais:

Os dados que apresentamos não enganam. O basquetebol feminino da formação, ao contrário do basquetebol masculino, tem progredido e alcançado patamares, para quem anda no basquetebol há alguns anos, inimagináveis. Mas para não nos limitarmos a emitir opiniões, por muito legítimas que sejam, são intuitivas e parcelares, para compreender a evolução do basquetebol feminino comparativamente à estagnação do basquetebol masculino são necessários mais dados, com base num estudo que nos informasse, por exemplo e por atleta destas últimas gerações, dados como por exemplo:

1. Mês de nascimento dos atletas;
2. Clube e região onde iniciaram o basquete;
3. Tempo de permanência no clube de origem;
4. Tempo de prática do basquetebol até surgir na selecção de Sub-16;
5. Nome dos treinadores do praticante;
6. Média do nº de treinos e jogos por época;
7. Tempo de prática individual e informal;
8. Média de nº de jogos equilibrados por época;
9. Tempo de permanência dos centros de treino;
10. Estabilidade dos treinadores nos centos de treino e das selecções nos masculinos e femininos.

Por um conjunto de razões que não vou aqui explanar, tenho a impressão, mas não passa disso, que por exemplo, independentemente da qualidade dos jogos, nos femininos nos escalões de formação há, por época entre as equipas consideradas mais fortes a nível nacional, mais jogos equilibrados do que nos masculinos. A imprevisibilidade de quem chega às fases finais e quem vai ser o vencedor é talvez maior nos femininos do que nos masculinos. Não é certamente por acaso, que o leque de Associações que tem clubes que conseguem chegar ao título de campeões nacionais é bem mais elevado nos femininos do que nos masculinos.

Os dados desta e por ventura doutras questões, e não opiniões e intuições, são eventualmente decisivos para uma melhor compreensão da progressão dos femininos e a estagnação dos masculinos.