Quando fui em 2008 abordado pelo Ivan para colaborar no Planeta Basket, comprometi-me a escrever durante um ano, todas as semanas, um artigo.

Já estou no décimo ano de colaboração e nunca faltei ao meu compromisso. Compromissos são compromissos. Anos mais tarde o Ivan confidenciou-me, que quando me comprometi a escrever durante um ano ele pensou: “Ou o gajo não fecha bem a tampa ou acertámos no totoloto.” Julgo que nem um, nem outro dos pensamentos do Ivan correspondem à verdade. Como dizia o meu pai, cada doido com a sua mania. Eu para além de gostar de ensinar minibásquete gosto de escrever, pelo que não me é difícil escrever um artigo por semana.

Muitos dos temas brotam das conversas que tenho com os meus amigos. São eles que com as suas ideias, preocupações e às vezes angústias, que são a fonte da minha inspiração. Mais uma vez assim foi, uma troca de palavras com o amigo João Ribeiro, e aqui estou eu a escrever mais um artigo.

Se nos meus artigos gosto de elogiar as boas práticas e os seus autores, nunca nos meus artigos critiquei pessoalmente ninguém. Quando os escrevo, não me interessa pôr em causa pessoalmente ninguém, o que me move são princípios e expor as minhas convicções e levar, na medida do possível, as pessoas à reflexão. Deste modo, uma vez mais, não vou pessoalizar a estória que aqui vou contar, porque como referi, o que me move não é pôr o jovem treinador em causa, o que me motiva é questionar os princípios do seu comportamento.

Ainda era director técnico do minibásquete na federação, quando questionei um jovem treinador que estava, de uma forma ostensiva a utilizar no escalão de Mini-10 uma defesa zona, se era aquilo que lhe tinham ensinado no curso de grau 1, a resposta veio pronta: - Porquê é proibido?

O que me preocupa na resposta deste jovem treinador é o princípio que lhe está subjacente, se não é proibido, então é permitido. Não interessa se isso é bom ou mau para a evolução dos jovens praticantes, não interessa se eticamente está correcto ou incorrecto, desde que seja permitido está legitimado.

O princípio do que não é proibido é permitido é um princípio infelizmente transversal nos tempos actuais na nossa sociedade e em sectores bem mais importantes que um simples jogo de minibásquete, e isso é o que verdadeiramente me assusta.

O mesmo princípio esteve presente na banca em Portugal, com as consequências que já todos sabemos. Numa entrevista a Marc Roche sobre o seu livro Banksters, (junção das palavras banker e gangster) à pergunta:  - “Com esquemas manhosos o banqueiro é como um traficante de droga que, tem uma florista como fachada, para cultivar e vender erva?"

A resposta de Marc Roche foi: “Bom, é uma boa analogia, mas o grande perigo disso é que entramos na teoria da conspiração. Os banksters não são traficantes de droga. O que os banksters fazem é muito frequentemente legal. Simplesmente é imoral."