Há tempos perguntaram-me, se não era difícil ter assuntos e temas para escrever todas as semanas, anos a fio, um artigo para o Planeta Basket. Quando eu era jovem, seria para mim certamente mais difícil,
mas com o avançar da idade bastam três coisas para facilitar essa tarefa, percorrer os caminhos da memória, estar atento ao que nos rodeia e acima de tudo observar e saber ouvir os mais novos e quem no dia-a-dia lida com crianças e jovens, encarregados de educação, professores, treinadores, dirigentes etc…
Muitos dos artigos que escrevo são suscitados, quer pelos comentários, que vão escrevendo nos meus artigos, como foi o caso bem recente do comentário do Pedro Martins, quer por amigos que me vão dando informação, que me leva a reflectir.
Fruto desta interacção e para exemplificar o que acabo de dizer vou dar três exemplos de temas, sobre os quais vou escrever nos próximos artigos:
- A infografia que me foi enviada pelo João Fraga sobre o trabalho que está a ser realizado no A. Pais Mafra;
- A atenção que deve ser dada ao projecto do Gaia que pode ser um verdadeira “Pedrada no charco”;
- O email que me foi enviado pelo João Lima a alertar para riscos da comercialização da iniciação desportiva.
Vou começar pelo terceiro ponto e pela reflexão que o email do amigo João Lima suscitou em mim. Não é necessário ser um grande economista para perceber, que o universo do minibásquete, ao contrário do que se passou nos anos 70, 80 e 90 do século passado, representa hoje em dia um grande encaixe financeiro para o basquetebol a vários níveis.
Não estou a falar nas mais-valias indirectas, que o minibásquete trás para o mundo do basquetebol, como o recrutamento de muitos dirigentes, que são os obreiros pela obtenção de financiamento para os clubes, não estou a falar, que o minibásquete tem de uma forma geral na sua organização custos muito reduzidos, quer para a Federação, quer para as Associações, quer para os clubes, não há por exemplo despesas com arbitragens, não há grandes despesas nas deslocações, e quando estas existem são asseguradas na maioria dos casos pelos encarregados de educação, etc, etc.
Não, não estou a falar destas e de muitas outras mais-valias que poderíamos abordar, até porque essas são muito difíceis de contabilizar. Sabemos, mais que não seja intuitivamente que valem muito dinheiro, mas são sem dúvida difíceis de contabilizar. Por isso vou limitar-me a falar de encaixes directos, que caso haja interesse para se compreender a importância e o valor do minibásquete são mais fáceis de contabilizar.
Deste modo vou falar de dois encaixes directos, que seriam com algum trabalho relativamente fáceis de contabilizar. O primeiro encaixe financeiro directo que vou falar são as famílias, e neste caso avaliando por baixo, podemos afirmar que o minibásquete trás para o funcionamento do basquetebol uma entrada directa de mais de um milhão de euros. É fácil fazer as contas. Fazendo sempre as contas por baixo, quer no número de praticantes, quer no valor da mensalidade, estamos a falar de 9.000 minis, que pagam durante 10 meses uma mensalidade de 12 Euros, o que dá um valor de 1 milhão e 80 mil euros.
O segundo encaixe directo que também poderia ser contabilizado para sabermos o valor do minibásquete é fazer o levantamento das comparticipações financeiras, que as câmaras dão aos clubes para promoverem o minibásquete. Aqui permitam-me as minhas dúvidas, que estas verbas sejam mesmo totalmente canalizadas para o minibásquete. A nível autárquico sei que as diferenças podem ser abissais, mas seria interessante, para ficarmos a saber um pouco mais sobre o valor do minibásquete, quanto é que do ponto de vista financeiro as câmaras apoiam esta actividade. Como referi aqui as diferenças podem ir do zero a quantias apreciáveis, como um exemplo, que ainda recentemente tomei conhecimento, duma câmara, que especificamente para as actividades do minibásquete atribui a 3 clubes do seu concelho para o período de Janeiro a Junho 11.700 euros.
Sei que apesar destes apoios praticamente todos os minis pagam hoje me dia uma mensalidade para aprenderem a jogar. Gostaria que ficasse claro, que não estou a emitir a minha opinião sobre se as crianças devem ou não pagar para poderem aprender a jogar, apenas estou a relatar o que é neste momento a realidade do minibásquete. Neste artigo, não estou nem a defender se os minis devem pagar, nem a defender se não deveriam pagar para praticar a modalidade. Essa é uma outra discussão. O que me levou a escrever sobre o valor do minibásquete, como verificarão no próximo artigo, são os riscos da comercialização desta actividade, mas essa reflexão fica para a semana que vem.
Comentários
Antes de mais venho por este meio agradecer os vossos comentários. No caso do Pedro Martins e do João Lima estes apontam no sentido do que quero expor no próximo artigo que são os riscos da comercialização do minibásquete. Já no caso do comentário do Leonel António parece-me ser a sua frase abusiva. Em lado nenhum das minhas palavras está escrito ou se pode inferir que há, nomeadamente, dirigentes a viver à custa do minibásquete. Não posso deixar passar em claro essa extrapolação às minhas palavras. Das minhas palavras apenas se pode concluir e disso não tenho grandes dúvidas, é que o minibásquete é em muitos clubes um auxilio da sua sustentabilidad e. Feito este esclarecimento agradeço a todos os vossos comentários.
Porque não, para JÁ a estrutura federativa, descentralizand o junto de cada Associação, elaborar um levantamento da situação real de cada clube : apoios que recebem/contributo à modalidade? Contributo apenas, e só por agora, de carater administrativo, porque o técnico - também de importância vital - ficará para LOGO A SEGUIR.
É que decisivo, porque iremos colher o que semearmos. se torna FAZER O QUE TEM DE SER FEITO !
Agradecer-te, San Payo, pela 1ª pedra do edifício a
construir, onde todos - os conscientes ! - deveremos
caber.
Pela nossa parte continuaremos a "ir a jogo".
Aquele abraço.
De acordo com o exemplo dado, 11.700 durante 6 meses dá 1950 por mês, 650 por clube, 3 pessoas por cada secção de minis, dá cerca de 216 para cada. Como os atletas pagam mensalmente, 3 escalões com cerca de 15 atletas cada, dá um total de 45 atletas, a 12 euros cada é um total mensal de 540 a juntar aos 650 da entidade camararia, serão no total 1190€. Tendo em conta que o clube não gasta nada ou gasta muito pouco, onde é aplicado o valor arrecadado?
Termino com um pensamento do Professor Teotónio Lima, "treinamos pouco e mal", ao que eu ainda acrescento " e ainda pagamos".
Outra questão se põe : Entre a entrada de mais um miudo para o minibasquete, e a qualidade de treino, o que é que prevalece? Infelizmente, não é dificil saber a resposta, salvo as excepções.