Quando o Ivan do Planeta Basket me pediu para dar a minha opinião sobre o Carlos Lisboa, pensei, ao mesmo tempo que aceitava, que estava tramado, porque já escrevi várias vezes sobre ele
e que por isso já tenho os superlativos esgotados, mas, como o prometido é devido, aqui vai.
Conheci-o ainda miúdo com uns 8 anos nos torneios que a Coca-Cola, passe a publicidade, patrocinava em boa hora e que Daniel Leite organizava em Moçambique, que eram muito populares e atraíam muitos jovens e com isso as respetivas famílias o que era bom para o basquetebol em geral.
Cedo demonstrou a sua vocação para o desporto, o basquetebol em particular.
Passados uns anos reconheci-o nos iniciados B do SCLM (Sporting Lourenço Marques) treinados pelo meu amigo e colega de equipa João Morais. Aí estranhei e perguntei porquê na B se ele tinha mais que qualidades para a A. Respondeu-me que o estava a resguardar fisicamente pois era o primeiro ano dele de iniciados e os outros eram mais matulões.
Depois da descolonização quando eu era, por acidente, treinador/jogador dos seniores do SCP roubei-o ao Benfica no Metro, onde o encontrei, e me confessou que não saia do banco.
Como 1º ano de juniores com 16 anos ofereci-o ao Rui Pinheiro que relutantemente, devido ao início de época eminente resistiu um pouco. Disse-lhe, experimenta-o e depois decides. Resposta dele no dia seguinte que isto de telemóveis são modernices: é ele e mais quatro.
No ano seguinte dado que tínhamos sido campeões de tudo, regional, nacional e taça Portugal, o Sporting “cravou-me” para continuar como treinador/jogador com a promessa de que viria em breve um treinador Americano. Aí pus como condição subir o miúdo que ia fazer 17. Contra muitas vontades, incluindo a dele próprio, lá o consegui fazer e logo no primeiro jogo estava no cinco inicial no meu lugar. A única coisa que não lhe dei foi o nº 12 que ele escolheu, segundo declarou, por minha influência. Primeiro fui ídolo dele e a seguir a situação inverteu-se.
Sei que lhe tornei a carreira basquetebolista mais fácil mas tenho a consciência que foi só isso que fiz, o resto foi com ele.
O Lisboa tinha várias características muito difíceis de igualar:
- Disponibilidade física um ou dois patamares acima dos outros
- Mau perder
- Teimosia que chegava, às vezes …demasiada
- Treinava como jogava: a 100%
- Disponibilidade impar para o treino físico sem bola.
Estas qualidades, e aqui vou repetir-me, faziam com que houvesse quem:
- Corresse mais depressa que ele os 100 metros
- Lançasse melhor que ele
- Saltasse mais que ele
- Fazer as 3 coisas ao mesmo tempo é que não. Ficavam a anos-luz.
Lisboa elevou o nível do nosso basquetebol em Portugal mas sobretudo no estrangeiro, como nunca tinha sido feito antes nem nunca mais se repetiu.
Comentários
Michael Jordan portugues........
Penso que ainda detem o record de triplos num so jogo para a liga dos campeoes, nem Drazan Petrovich ex jogador do Real Madrid e depois da NBA conseguiu......
Penso ainda que o vi marcar 50 pontas ou mais para as competiçoes europeias numa vitoria historica do Benfica contra uma equipa espanhola que ou sera o Real ou o Juventude......
Corresse mais depressa que ele os 100 metros
Lançasse melhor que ele
Saltasse mais que ele
Fazer as 3 coisas ao mesmo tempo é que não. Ficavam a anos-luz."
Tudo dito!
Felizmente sou dos que viu o CL jogar ao vivo, desde esses tempos do SPC (onde era o único português nas tabelas de estatíticas, entre os americanos que cá jogavam, e bem no topo) aos anos loucos do SLB na Europa.
Obrigado CL por tudo o que tens dado ao basquetebol.