Penso que terá sido Abel Salazar, figura impar da medicina e cultura portuguesa do século passado, que terá dito a frase que tem sido muito parafraseada em diversos domínios. “Quem só sabe de medicina nem de medicina sabe.”
Vem esta introdução a propósito dum evento que se espera que mobilize o universo da nossa modalidade: o “Fórum Basquetebol Primeiro” a realizar em Coimbra no dia 11 de Julho. Já colaboro com a federação, há quase 20 anos, 15 dos quais inteiramente dedicados ao minibásquete, contudo seguindo a máxima de Abel Salazar, as minhas reflexões sobre a modalidade foram sempre para além do minibásquete.
Principalmente nestes últimos 15 anos, percorri o país de lés-a-lés, contactei com muita gente e tomei conhecimento de muitas realidades locais. Muito do que penso sobre a modalidade está exposto aqui no Planeta Basket, nomeadamente e entre outros, sobre o delicado tema, por mexer com interesses pessoais e institucionalizados, da reforma geográfica e administrativa do basquetebol, e a atitude conformista de cada um querer manter a sua “capelinha”. Nada me move pessoalmente contra ninguém, mas sempre pensei que se devia ter uma perspectiva global e encontrar soluções regionais. “Think globaly implement regionaly”. Com base neste princípio sempre fiz um enorme esforço em pensar o que seria melhor para a modalidade, quer estivesse numa associação de maior expressão, quer estivesse numa associação de menor expressão, desta forma dificilmente entraria em contradição e não defenderia posições diferentes para o desenvolvimento da modalidade, conforme o lado da “barricada”.
Já comecei a ler atentamente as propostas, que estão a ser apresentadas, e verifiquei que o João Ribeiro aborda uma das questões mais sensíveis, a geografia organizativa e administrativa do basquetebol. A proposta do João Ribeiro tem pontos de contacto, mas não coincide com o que eu penso para a reorganização geográfica e administrativa do basquetebol, já aqui exposta no Planeta Basket. Para mim a reorganização não se trata duma questão de juntarmos regiões. Por um conjunto diversificado de razões, deve partir acima de tudo do seguinte pressuposto: Onde é que há basquetebol, onde é que queremos que haja basquetebol. Onde é que há com alguma proximidade um número de clubes suficiente para se organizar um competição regional e onde é que essa realidade não existe. A partir dessa avaliação teremos de encontrar soluções e não tratar da mesma maneira o que é decididamente diferente. Com isto não quero dizer, que a minha proposta seja melhor, pois o que é verdadeiramente decisivo é abordar este tema e ter coragem de tomar decisões. Quando um organismo, seja a federação ou outro qualquer, deixa sedimentar uma atitude conformista, tende a definhar e perde a sua razão de ser, pois apenas formalmente passa a cumprir a missão para a qual foi criada.
PS: Nas próximas semanas continuarei a abordar as propostas.