Não conheço ninguém que não diga à boca cheia, que é fundamental para a evolução dos praticantes, ter boas arbitragens. Contudo teremos que clarificar o conceito de boas arbitragens. Antes de mais e já o expressei diversas vezes arbitrar minibásquete,
nomeadamente Minis-8 ou mesmo Minis-12 que se estão a iniciar ou tem muito pouca prática da modalidade, não é a mesma coisa que arbitrar basquetebol. Arbitrar um jogo de basquetebol é saber interpretar as regras do jogo, arbitrar minibásquete é compreender e interpretar as dificuldades e capacidades motoras das crianças.
Contudo não é tanto desta diferenciação que eu quero falar, mas da falta de coerência que há no discurso de alguns treinadores, que dizem querer boas arbitragens, mas com isto querem dizer que à equipa adversária tem de ser apitadas todas as faltas e infracções às regras, mas fecham os olhos quando o árbitro não marca passos, dribles ou falta aos jogadores da sua equipa. Aos treinadores que se queixam duma falta mal arbitrada, mas esquecem as três ou mais faltas que esse mesmo jogador fez sem terem sido marcadas. Se querem arbitragens, que ajudem os seus jogadores a evoluir então deveriam estar mais preocupados em que os árbitros marcassem passos, dribles e faltas aos seus jogadores, do que aos jogadores das equipas adversárias, pois este é certamente um bom contributo para a sua aprendizagem.
A Festa do Minibásquete em Paços de Ferreira foi um evento, que eu concebi com o envolvimento de vários treinadores ligados ao minibásquete, após o Fórum do Minibásquete realizado em 2006 em Freamunde no concelho de Paços de Ferreira. Durante os anos, em que como responsável pelo minibásquete na federação dirigi este evento, coloquei sempre grande pressão sobre os treinadores para que estes tivessem nos jogos um comportamento ajustado ao espírito da Festa e que deixassem os árbitros fazer o seu trabalho e que dirigissem a sua atenção fundamentalmente para os seus jogadores. Felizmente enquanto estive à frente da Festa do Minibásquete o comportamento dos treinadores, salvo algumas excepções, foi fantástico, com muitos exemplos, que tive o cuidado de publicamente ou aqui em artigos no Planetabasket realçar. Estes elogios envolveram pessoas menos conhecidas como a Mariana Fontes ou pessoas sobejamente conhecidas no universo do basquetebol como o Paulo Neta, o Rui Pedro Nazário e José Costa entre outros.
Mas regressando aqui à Madeira também quero elogiar o comportamento do professor Rodrigo Casanova, que está à frente do núcleo da equipa do CAB ligado à escola da Nazaré. No primeiro jogo em que o CAB/Nazaré participou nos “Convívios de Minibásquete da ABM” arbitrado por mim, como era a primeira vez que esta equipa estava a participar num jogo, para que este fluísse, eu estava a ser benevolente na marcação dos passos e dos dribles. Contudo muito mais preocupado com a aprendizagem dos seus jogadores, do que com o resultado, o Rodrigo Casanova pediu-me para eu ser mais exigente na marcação das infracções. Prontamente e com muita satisfação face ao seu pedido, pois foi visível que preocupação da aprendizagem estava acima da preocupação do resultado, passei sem exagero a ser mais rigoroso. Isto é o que diferencia o universo do minibásquete do universo dos seniores. No minibásquete o mais importante é ensinar/treinar as crianças e fruto do que estas aprendem ficamos muito contentes quando vencem, mas o resultado é consequência não objectivo. Nos seniores o mais importante é ganhar e para isso os treinadores tem de treinar/ensinar os seus jogadores, aqui o mais importante é o resultado, este é o objectivo e não a consequência. Não compreender isto é não compreender que uma criança é uma criança e um adulto é um adulto. Para a semana que vem volto a abordar este tema.
Comentários
Sendo eu arbitra e treinadora, não podia estar mais de acordo com tudo o que escreveste ;)