Falar do Professor Mário Barros é arriscar repetir o que já terá sido dito muitas e muitas vezes se nos reportarmos ao seu enorme conhecimento, à sua competência, ao seu currículo, à sua generosidade. Por isso vou antes contar dois episódios,
resumidamente, do tempo em que tive o gosto e privilégio de trabalhar com ele no AC Alfenense. Agosto de 2015, tinha o Professor 78 anos ainda fresquinhos. Estávamos a arrancar a nossa estreia no ACA, época 2015-16, na segunda quinzena de agosto. O Professor tinha decidido que arrancaríamos com treinos bi-diários para todos os escalões de formação, exceto minibasquete. Como ainda bastantes dos treinadores estavam de férias o Professor e eu começávamos às 09:00 terminávamos às 12:00 e à tarde retomávamos às 15:30 e era até às 20:00. Isto durante duas semanas.
Ao segundo dia, queixo-me eu ao Professor: “Já não aguento as pernas. O Professor está bem?” Resposta: “Eu? Sinto-me mais novo 20 anos!” Mais para a frente, na mesma época, como sempre acontecia quando os horários eram compatíveis, foi ver um treino do Professor. Desde “close-outs”; a deslizamentos, de cortes a bloqueios, o Professor não perdia uma oportunidade de demonstrar aos jogadores a técnica correta das variadas ações.
No fim do treino estava com vontade de lhe dizer que devia poupar-se e usar um dos jogadores para as demonstrações. O Professor saiu do treino com aquele ar de quem faz o que adora. Por isso e pela lembrança do episódio de agosto, achei melhor ficar calado.
No dia seguinte, na habitual reunião da tarde, diz-me o Professor: “Tenho aqui uma dor nas costas e não faço ideia onde arranjei isto”. Estes pequenos episódios demonstram o que verdadeiramente caracteriza o Professor Mário Barros, que é o seu espírito jovem e indomável, a sua recusa em render-se ao avanço do tempo, quando muitos, bem mais jovens, já o fizeram e a sua inspiradora paixão pelo ensino e pelo treino.
Uma pessoa única que me marcou e continua a inspirar e ensinar.
Muito obrigado, Professor Mário Barros!
Comentários