Eugénio Rodrigues em grande entrevista
 
Localização: HOME

Eugénio Rodrigues em grande entrevista

Enviar por E-mail Versão para impressão PDF
Avaliação: / 0
FracoBom 

altO Blog (mfsports-basquete.blogspot.com) desafiou o conceituado treinador Eugénio Rodrigues a ser o primeiro grande entrevistado deste espaço informativo, ao qual o mesmo se mostrou totalmente disponível para nos responder a algumas perguntas e ao qual desde já agradecemos toda a sua inteira disponibilidade.
 
Blog: Após 60 internacionalizações ao serviço das Selecções Nacionais quais os seus objectivos daqui para a frente?
Eugénio Rodrigues: Isso é um tanto ou quanto vago pois na vida entendo que devemos ter sempre um leque alargado de objectivos. E o basquetebol não é diferente. Uma das molas que nos levam a trabalhar todos os dias com o mesmo afinco é precisamente a ambição e a prossecução constante de metas. Dir-te-ia que tenho vários objectivos transversais a toda a minha actividade relacionada com o basquetebol e começando pela mais recente, pretendo continuar a aprender a ensinar treinadores, pois se em quase 25 anos apenas treinei atletas, agora ao ser formador de treinadores de nível 1, as responsabilidades cresceram e finalmente posso intervir em algo sobre o qual durante tanto tempo apontei o dedo, a qualidade dos treinadores de formação.
 
Não menos importante é o novel papel de coordenador que abracei no Académico F.C. Resultados à parte, que até têm sido bastante positivos, tenho como grande objectivo fomentar e contribuir para o incremento de qualidade das nossas jovens atletas. É muito importante que o Clube em questão continue a ser o maior e melhor Clube de toda a região norte no que toca à formação, e que isso se traduza a médio prazo por ter mais atletas de elevadas competências e de nível internacional. Ou seja, e em suma, que contribua para o incremento de qualidade no basquetebol português.
 
Ainda dentro do Académico F.C. e para esta época, tenho um duro duplo desafio. As equipas de juniores e seniores femininos. Em ambas, e tendo em conta a juventude nela investida, tenho empregue e assim continuarei a fazer todo o meu tempo para que percebam a grandiosidade desta modalidade. O meu papel é acima de tudo, faze-las perceber o que é isto de basquetebol, é muito mais do que um risco, muito mais do que um exercício ou mesmo uma vitoria num qualquer campeonato. Faze-las perceber e ter a capacidade de analisar o treino e o jogo como um todo e não apenas como uma parte. Como se observassem um jogo no balcão e não junto ao solo, um degrau acima, numa perspectiva mais abrangente. E isso começa por ensinar as atletas a treinar. Se chegar a este ponto, acredito que o resto será relativamente mais fácil. Pelo menos, ganas constato que existe em muitas delas...
 
Finalmente, e no plano internacional, envidarei obviamente todos os esforços para terminar o FECC, curso internacional FIBA que terá a sua conclusão em 2011, com o melhor aproveitamento possível e retendo toda a informação e contactos internacionais que conseguir. Last but not the least, o meu trabalho nas selecções nacionais, que me apaixona de uma forma crescente e muito intensa. Sem desapreço pelo restante trabalho que desenvolvo, é aqui que encontro o maior desafio da minha carreira como treinador pois representa algo extraordinariamente complexo, dependente de factores exógenos e também porque nunca o consegui atingir... subir de divisão europeia. Por ora, ja conseguimos estabilizar a ida constante aos quartos de final. Por uma vez quase o conseguimos, fazendo um 4º lugar em 2007. Assim, continuar a perseguir algo que defino como o maior sonho que alguém pode ter na vida...ver a bandeira do seu país hasteada ao som do hino nacional.
 
Blog: Após 60 internacionalizações ao serviço das selecções nacionais quais os seus objectivos daqui para a frente?
Eugénio Rodrigues: Confesso que o numero não passa disso mesmo, de um numero. É curioso porque nunca tal me passou pela cabeça ha 6 anos atrás e agora foco-me de tal maneira no que este país necessita, no trabalho em si, que ter 120 ou 180, é algo que nem ficciono. Quero acima de tudo, ter um papel activo no incremento de qualidade nas nossas atletas, seja ao nível do clube, seja ao nível da equipa nacional. Muito sinceramente, se isso me fosse possível realizar, gostava que todos os treinadores portugueses ou a trabalhar em Portugal, sentissem de perto o que é um campeonato europeu e a realidade basquetebolistica do mesmo. Acredita que muita coisa mudaria nesse dia, tal como mudou em mim e de uma forma drástica. Perceber que o nosso basquete é bem maior do que o nosso umbigo, perceber que somos apenas uma peça da engrenagem que deve funcionar para essa máquina e não o contrário, sem protagonismos bacocos, e aí chegaríamos à conclusão que afinal, por exemplo, vencer um campeonato distrital ou nacional talvez não seja assim tão importante para uma atleta, se isso representar um saltar de degraus nas etapas de formação desportiva. Sem dúvida que os contactos europeus nos levam a relativizar muita coisa e tenho para mim, como grande objectivo, nunca perder esta visão da modalidade.
 
Blog: Como se sente ao ser um dos 3 Seleccionadores com mais internacionalizações ao serviço das Selecções Nacionais Femininas?
Eugénio Rodrigues: Como disse atrás, não passa de um numero. Seja comofor, sinto sobretudo uma enorme gratidão para com aquele que é o treinador mais internacional de sempre, José Leite, pois foi com o beneplácito deste que vim para as selecções. Alguém que depositou confiança em mim e a quem julgo não ter defraudado a aposta. Se sinto orgulho por vestir a camisola nacional, sinto bem mais a responsabilidade de dar o meu melhor pelo país.
 
Blog: Como está o Basquetebol Português a nível de Selecções Nacionais Femininas comparado com as equipas de topo da Europa?
Eugénio Rodrigues: Melhora todos os anos, de uma forma gradual mas ainda muito distante da divisão A europeia. Já conseguimos nos 3 escalões em 2009 a qualificação para os quartos de final da divisão B, pelo que saímos da cauda desta divisão para estar acima do meio. Acredito que pontualmente, com uma ou outra geração, com alguma sorte face aos sorteios e escalonamento do campeonato, poderemos aspirar mesmo a subir de divisão.
 
Porém o maior passo estar para ser dado. Subirmos de divisão e aí nos mantermos. Para isso, e para além dos centros de treino que já temos, vamos precisar de operar seriamente no capitulo da formação de treinadores pois é nestes que tudo começa. Ter melhores treinadores, para ter melhores atletas. Depois vêm os clubes e as suas condições, os seus dirigentes, os árbitros e os pais e num plano quase utópico, o próprio país e a mentalidade dos seus governantes, para que o desporto seja realmente um investimento, como é na nossa vizinha Espanha, um modelo extraordinário a seguir e do qual sou um verdadeiro fã. Um longo caminho a percorrer portanto...
 
Blog: Quais os objectivos da Selecção Nacional Sub-20 para este ano?
Eugénio Rodrigues: Bom, no plano qualitativo, apurar novamente para os quartos de final primeiro, depois tentar a surpresa de entrar nas meias finais e finalmente, tentar o sonho de subir de divisão e disputar a final. É ambicioso, sem dúvida, dependemos de imensos factores, como país frágil no campo do desporto e ainda mais no sector feminino, mas o sonho é a alavanca...
 
Vamos precisar de ter as atletas desta boa geração a 100%, de um bom trabalho de preparação com jogos internacionais e tempo para trabalhar. Mesmo assim dependeremos sempre das equipas que se inscreverão no europeu, e relembro que este ano temos dos mais difíceis e ricos de sempre, com a possibilidade de termos num europeu de divisão B, selecções como a Hungria, Republica Checa, Eslováquia, Montenegro, Macedónia, Grécia e Bélgica, países que normalmente têm andamento de divisão A. Depois dependeremos sempre do sorteio que é já dia 16 de Janeiro e do escalonamento dos dias de competição, sempre tão decisivo no campeonato que dura 10 dias e tem 8 jogos!!!
 
Blog: Até onde pensa que pode chegar como treinador de basquetebol? Tem objectivos mais ambiciosos?
Eugénio Rodrigues: Tenho muitos sonhos por realizar, alguns deles já aqui bem expressos. Uns são de natureza competitiva, outros de natureza qualitativa mas todos eles intimamente ligados à ajuda das atletas e dos treinadores. Tenho a perfeita consciência de que se conseguir fazer melhores atletas e treinadores, estarei a contribuir para o meu próprio engrandecimento como treinador ou formador. A profissionalização na modalidade, o estrangeiro, a equipa nacional, são tudo objectivos que estão presentes em todos os treinadores que queiram fazer algo sério na modalidade e eu não sou excepção.
 
Entendo que não existem limites à ambição conquanto que esta seja sustentada, consciente e gradual e como tal só me resta continuar no trabalho duro do dia a dia e ser perseverante. Foi assim que comecei vai fazer 25 anos em breve, e foi assim que aqui cheguei, onde estou hoje, e que me irá levar, espero eu, por mais 25 anos pelo menos. E um dia mais tarde, quem sabe, sem falsos pretensiosíssimos... talvez pense numa escola de formação de basquetebol.
 
Mas por ora, e porque os dias só têm 24 horas, creio que o que tenho em mãos, já é o bastante não?

 

 


Facebook Fronte Page

Buscas no Planeta Basket

 
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária