A consciência dos problemas
 
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A consciência dos problemas

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altA minha recente estadia na Bélgica e o convite para dar treino às equipas de Mini-12 e Mini-10 do Spirou de Charleroi trouxe-me, por um conjunto de circunstâncias, à memória a minha passagem por Cabo Verde.

Nas minhas andanças pela Europa tenho a felicidade de ter sido, umas vezes convidado e outras vezes desafiado a apresentar um pouco da minha experiência. No final de cada treino, das diversas ocasiões em que treinei crianças de outros países europeus vem-me sempre à memória Cabo Verde, e a pergunta que, o actualmente dirigente da Académica Carlos Gonçalves me fez, quando vim de Freising na Alemanha: - Que diferença tinha sentido entre as crianças portuguesas e alemãs?

Depois de ter estado na Bélgica não vou transmitir a diferença entre as diversas nacionalidades europeias, mas entre as crianças europeias e cabo-verdianas. Aqui a grande diferença chama-se vitalidade e resistência. Um dos factos que mais me impressionou, quer na ilha do Sal, quer na ilha da Boavista foi na realidade a vitalidade e resistência das crianças de Cabo Verde, que nunca me pediram para parar o treino para irem beber água.

É aqui que vem ao de cima um problema, cada vez mais recorrente, que dá pelo nome de obesidade infantil, e a pertinente pergunta de como evitar esta situação e qual será o futuro das crianças obesas?

A habitação em andares, a falta de locais onde as crianças possam brincar perto de casa, o receio dos pais em deixarem os filhos ir a pé um em transportes públicos para a escola, a dificuldade de acesso a espaços livres ou instalações desportivas disponíveis próximas das residências são dificuldades evidentes, que contribuem em grande escala para esta situação.

Não podem restar dúvidas que sem medidas de fundo, sem investimentos preventivos sérios, que facilitem e estimulem uma vida activa não vamos conseguir alterar os preocupantes índices de obesidade; e como já ouvi dizer a um médico, estas novas gerações, depois de um aumento substancial, verificado nas últimas décadas, farão diminuir a esperança média de vida.

Este é um problema transversal das sociedades ocidentais. Não é por acaso que o programa de captação de praticantes da Federação Canadiana de Basquetebol, para além de um forte enfoque na componente formativa, também se apresenta como um programa que contribui para a saúde da população juvenil canadiana. Também não é por acaso que a minha síntese do que deve ser esta actividade desportiva, intitulada 5 Ideias para abordar o minibásquete menciona na sua 4ª Ideia  - Saúde, captação e fomento: “O minibásquete é uma actividade para todas as crianças, independentemente das suas capacidades, ou perspectivas do treinador. O minibásquete é para as crianças aprenderem a gostar da actividade, se elas gostarem vão de certeza ficar presas à modalidade e esse facto será extremamente benéfico para o seu desenvolvimento e saúde. Mais do que se alimentarem mal ou com alimentos inapropriados, as crianças hoje em dia, não comem demais… acima de tudo mexem-se de menos.”

Estimular a prática informal na ocupação dos tempos livres, aumentar e diversificar os espaços e locais para a prática informal e criar a nível do país incentivos para as federações, que mais investem no aumento e melhoria da prática infantil e juvenil deve ser um imperativo nacional. É por esta razão que retomo a ideia já expressa no meu artigo Federações Amigas da Infância realidade ou sonho?

Até à realização do sonho, tomar consciência dos problemas é um passo inicial para a sua resolução. A minha capacidade de resposta encontra-se em tomadas de posição que possam pouco a pouco motivar uma mudança.

 

Comentários 

 
+3 #3 Rui Pedro Nazário 16-03-2011 21:54
Acrescentaria apenas - e também - um problema de cultura. Quantas vezes não vemos, nos parques infantis ou mesmo na rua os pais portugueses a dizer aos seus filhos "cuidado que tu cais". E que tal optarem por "parabéns conseguiste".
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+3 #2 Ana Pinto 16-03-2011 13:22
Um excelente artigo de reflexão!...

A industrializaçã o trouxe consigo vantagens e desvantagens.. Porém desvantagens destas como a obesidade podem ser combatidas de uma forma simples como praticar exercício físico ou brincar/ incentivar as crianças a "mexerem-se" mostrando que o sedentarismo é uma caminho mau e propicio a doenças....
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+4 #1 Interessante 15-03-2011 23:45
Acrescentaria apenas - e também - um problema de cultura. Quantas vezes não vemos, nos parques infantis ou mesmo na rua os pais portugueses a dizer aos seus filhos "cuidado que tu cais". E que tal optarem por "parabéns conseguiste".
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