No ano da sua entrada no universo do basquetebol oferecemos aos jovens que transitam do minibásquete para o basquetebol a porta das traseiras ou a porta mais pequena.
A criação deste escalão ajudaria sem dúvida, à semelhança do que se passa em várias Associações, a diminuir as dificuldades de transição do minibásquete para o basquetebol, mencionadas nos artigos anteriores. Tem no entanto duas desvantagens. Objectivamente representa, como já referimos um aumento de custos para Federação, Associações e clubes e não resolve o problema de um estímulo forte para os Sub-15. No entanto se quisermos assumir estes aumentos de custos, será uma modificação que certamente beneficiará a modalidade, pois consideramos que é necessário perceber e ter sensibilidade para as dificuldades de transição dos escalões nomeadamente do minibásquete para o basquetebol.
Se não fizermos alterações veja-se o que acontece nas Associações que ainda não introduziram o escalão de Sub-13 e que actualmente acontece nos Sub-14 e também nos Sub- 16 de primeiro ano.
Clubes que tem mais do que uma equipa de Sub-14
Olhemos então o que normalmente acontece aos jovens que vem do minibásquete e estão no primeiro ano do escalão. Salvo a excepção de um praticante mais conspícuo, nos clubes que tem mais do que uma equipa de Sub-14 vão parar à equipa B. Esta é normalmente formada para dar jogo aos praticantes que no ano seguinte serão a equipa mais forte do clube. Por, salvo as excepções, não terem hipótese de ir a Portimão, e por serem dentro do clube a equipa menos competitiva, nem a atenção do clube, nem a atenção da Associação está voltada para estes praticantes. O habitual é ser lhes atribuído um treinador menos experiente, terem menores condições de treino e como na competição não tem grandes hipóteses jogam normalmente sempre sem árbitros oficiais.
Clubes que tem apenas uma equipa do escalão de Sub-14
Os jogadores mais novos, salvo novamente excepções, são aqueles que ou não são convocados para o jogo, ou quando o são jogam apenas um período.
Em resumo
Queremos captar e cativar jovens para a prática da modalidade, mas numa fase sensível, pelas razões já expostas oferecemos as piores condições aos jovens que transitam do universo do minibásquete para o basquetebol. Oferecemos-lhes a porta pequena no ano de início da prática do basquetebol.
Com a alteração que propusemos, não modificando as idades em Portimão, os jovens serão sempre alvo de atenção de uma das duas entidades como poderemos verificar ano após ano. Nos anos par 12, 14, 16 serão alvo da atenção das Associações para formar as selecções, nos anos impar 13, 15 e 17 serão alvo da atenção dos clubes pois serão certamente e normalmente os jogadores mais influentes dentro das suas equipas e que darão maior resposta às ambições competitivas dos clubes.
O desfasamento das idades, no quadro das competições juvenis mais importantes, entre outras vantagens que irei referir no próximo artigo, não só daria um estímulo forte a muitos jovens em cada ano, da sua formação, como certamente ajudaria a minimizar em muitos casos o problema, levantado no clinic deste ano em Portimão, na exposição do coordenador das selecções de Lisboa, Mário Silva, sobre a sobreposição das solicitações para treinos das selecções e clubes.
Comentários
Muito obrigado pelo teu apoio. Felizmente tenho verificado, através de pessoas que me abordam nas minhas andanças pelo país, que há gente a questionar-me sobre as minhas propostas e reflexões.
É um sinal que considero positivo.
Um abraço
A pirâmide de desenvolvimento da modalidade não está fluída em baixo, mas também não está florida em cima. O Jogador Português parece continuar a ter dificuldades em conquistar espaço e continuamos a sentir que trabalhar para vir a ter bons seniores é uma travessia de um deserto desconhecido. Sonhar por um Jogador Português melhor é legítimo, pois alimenta e estimula ao trabalho para lá chegar.
Até onde irá este conjunto de ideias e reflexões assentes em dados fidedignos. Alguém disse um dia "Deixem-me Sonhar". Então sonhemos acordados para a realidade.
Sem dúvida um excelente conjunto de artigos, revelando profunda reflexão, consistente argumentação e apresentando soluções concretas. Parece haver concordância em comentários aqui escritos, preocupa-me no entanto o silêncio generalizado de opiniões. Medo? Discordância?Desconfiancia? Contra-argumentos?
Não tenhamos pressa pois apenas foi apresentado um projecto assente em princípios devidamente fundamentados.