O aparecimento dos treinadores
 
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O aparecimento dos treinadores

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Os TreinadoresEstas notas que aqui exponho resultam, no que concerne a Portugal, de conversas com o professor e treinador Francisco Costa, uma das referências dos treinadores portugueses.

Os treinadores são hoje personagens marcantes no jogo de basquetebol. No entanto, eles só assumiram uma certa importância, ou mesmo só apareceram em cada país onde se jogava basquetebol, alguns anos depois do surgimento do jogo.

E se nos Estados Unidos da América, logo nas primeiras décadas do século XX, se dá conta de grandes treinadores, noutros países, só décadas mais tarde isso aconteceu. Foi o caso da França, só em meados da década de 40, e Portugal, nos fins da década de 50. Geralmente, como foi o caso de Portugal, um dos jogadores mais habilidosos, muitas vezes o capitão, era convidado a assumir essa tarefa.

No caso da França, um dos aspectos que veio a fazer com que o treinador assumisse um papel mais activo na condução do jogo, foi a alteração das regras que passou a permitir a paragem do jogo nos descontos de tempo.

No início da existência dos treinadores na nossa modalidade em Portugal, eram também os jogadores considerados mais habilidosos que costumavam ser convidados para treinadores. Isto reportando-nos ao fim dos anos 50, inícios dos anos 60 do século XX. Não havia formação de treinadores, nem, consequentemente, exigências por parte das associações ou federação para o exercício dessa actividade. Quem a exercia, praticava em relação aos seus comandados a repetição daquilo que aprendera com os seus próprios treinadores.

Foi em 1963 que se verificou uma inovação assinalável. O professor José Esteves, então na direcção técnica da Federação Portuguesa de Basquetebol, tomou a iniciativa de organizar cursos de formação de treinadores. Primeiro formaram-se treinadores estagiários, em 1963. Para esses primeiros cursos, em cada distrito havia dois responsáveis pela formação que dirigiam o curso respeitando um currículo comum. Assim, por exemplo, no distrito de Setubal foram os professores Francisco Costa e João Coutinho os responsáveis. Em Lisboa foram o professor Mário Lemos e um treinador brasileiro, Guilherme Bernardes, que na altura estava a treinar o Sporting. No Porto foram os professores Armelino Bentes e Eduardo Nunes.

Em 1964, este processo formativo culminou com a realização do curso de treinadores regionais que se realizou no Instituto Nacional de Educação Física, em Lisboa. Em todos estes processos estiveram envolvidos muitos treinadores e candidatos a treinador que demonstraram grande interesse e sede de saber. Foi um processo interessantíssimo que, no entanto, foi  interrompido por desavenças entre a Federação Portuguesa de Basquetebol e as entidades reguladoras do desporto da altura, tendo por base a consideração de José Esteves como persona non grata ao regime.

Em termos metodológicos, conta-nos o professor Francisco Costa que as propostas para o ensino do basquetebol eram de carácter tecnicista e analítico, com o ensino dos gestos técnicos primeiro e só depois a utilização do jogo. É evidente que esta metodologia, hoje está mais do que ultrapassada, mas nessa altura, há cerca de 50 anos, era um avanço em relação ao que se fazia. Da nossa parte, ao ler o livro editado em 1964, que continha as matérias  do curso, podemos ver, no entanto, como era recomendada a utilização do “basquetebol simplificado”, - proposta de José Esteves – para o ensino do jogo às crianças. Nessa proposta o jogo era apresentado primeiro na sua globalidade, pondo as crianças a jogar com o recurso a três ou quatro regras.

Só em 1974, a partir da revolução de Abril, a Direcção Geral dos Desportos e os próprios treinadores, unidos em torno da Associação Nacional de Treinadores de Basquetebol se envolveram novamente num processo formativo de treinadores assinalável, que no entanto, também ao fim de alguns anos se foi desvanecendo. Outros artigos existentes no Planeta Basket, designadamente a entrevista feita ao professor Olímpio Coelho, dão conta extensivamente da importância de muitos treinadores marcantes da nossa história do basquetebol. Remetemos por isso para a sua leitura.

A partir dos anos oitenta, as exigências ao nível formativo e de carteira de treinador para o exercício da actividade de treinador, foram benéficas, dando um impulso legal para que os treinadores melhorassem os seus conhecimentos e competências.

P.S. Diga-se em abono da verdade, que há também uma décalage no surgimento do basquetebol em cada país, e que isso, condicionou em grande parte o desenvolvimento ulterior diferenciado. Relembre-se que em Portugal, o jogo foi introduzido em 1913 pelo professor de Educação Física suiço, Rodolf Horney. Em Espanha, apareceu em 1921, pela mão do padre Eusébio Milan, que tinha tido contacto com o jogo em Cuba. Em França, o primeiro jogo foi realizado em 1893, e foi trazido por um professor formado em Springfield, Melvin Rideout.

 

 


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