Os novos “Ovos de Colombo”
 
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Os novos “Ovos de Colombo”

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José CardosoQuando em 1492 Cristóvão Colombo desafiou todos os presentes no banquete comemorativo da descoberta da América a colocar de pé sobre uma das extremidades um ovo fresco de galinha,

estava longe de imaginar que este seu acto se viesse a transformar numa das metáforas mais utilizadas quando nos referimos a ideias óbvias mas que ninguém anteriormente colocou em prática.

Também eu recorro a esta metáfora, para ilustrar o sucesso da última acção de formação do PNAFC (Plano Nacional de Acompanhamento e Formação Contínua) de juízes de basquetebol, nomeadamente da zona sul do país.

Carece esclarecer os menos atentos, que os árbitros nacionais de 1ª e 2ª categoria, juntamente com os integrantes dos mais variados quadros de promoção, se reúnem frequentemente em grupos de trabalho onde se fomenta a discussão proactiva, análise de vídeos e questões teóricas, por forma a garantir uniformização de critérios e promover a formação contínua, numa modalidade que é das mais ricas no que à evolução do regulamento de jogo diz respeito.

Então, com uma periodicidade mais alargada, realizam-se acções de formação do mesmo programa que juntam os árbitros das diversas associações distritais, divididos em zona norte e sul. E é sobre a última acção de formação do PNAFC da zona Sul a que me vou referir neste texto.

No contexto social e económico que atravessamos, urge encontrar soluções que encurtem as distâncias e que democratizem a chegada da informação a cada ponto do país, sem quaisquer distorções a que frequentemente está sujeita ao passar por diversos mensageiros.

No passado dia 28 de Fevereiro foi possível evitar que árbitros das regiões dos Açores, Algarve, Leiria e Santarém se vissem obrigados a deslocar-se centenas de quilómetros num dia de semana à noite, evitando também os gastos inerentes a combustível, portagens e o sempre complexo processo de chegada tardia a casa.

Paralelamente, foi possível que árbitros de outras regiões que não integram o grupo da zona sul, como Porto e Braga, pudessem também assistir à sessão, incluindo o coordenador nacional do PNAFC.

O recurso às novas tecnologias, através da utilização de uma plataforma de reuniões online, permitiu que, com algumas lacunas inerentes à própria fase experimental do processo, todos os juízes que assistiram à formação recebessem a informação através do mesmo mensageiro, sem deturpação do conteúdo e em tempo real.

É óbvio que muitos que agora lêem estas linhas poderão questionar o que de tão inovador teve este evento, nomeadamente porque tecnologias como o Skype, o Microsoft Messenger e o mais recente Google+ já há muito tempo que estão disponíveis, pergunta à qual remeto resposta para metáfora que o título deste artigo encerra.

Parafraseando Cristóvão Colombo:

Convenhamos, entretanto, que apesar de sua simplicidade e facilidade, você não descobriu a solução, e que apenas eu é que removi a dificuldade. O mesmo ocorreu com a descoberta do Novo Mundo. Tudo o que é natural parece fácil, após conhecido ou encontrado. A dificuldade está em ser o inventor, o primeiro a conhecer ou a demonstrar.

Altera-se um pouco então o paradigma do método utilizado até hoje nas acções de formação. É necessário que os prelectores e/ou formadores tenham a noção que eventualmente necessitam de investir um pouco mais de tempo na preparação dos conteúdos a apresentar, mas que esse investimento se reflecte numa abrangência muito maior na audiência a que se dirigem, afinal o grande objectivo a atingir com estas importantes acções de formação.

Será também necessária uma fase, na minha opinião curta, de adaptação ao novo método. É preciso aprender como colocar as apresentações (power-point, PDF e outros formatos) e os vídeos online para que possam estar acessíveis a quem participa na conferência em tempo real.

Necessário é também que quem assiste online, tenha toda a informação e condições para poder assistir à reunião, de forma clara e atempada. Para além disso, importa referir que é necessário o recurso a meios tecnológicos que estão hoje ao dispor de todos por algumas dezenas de euros, recursos esses que já estão disponíveis na grande maioria dos lares portugueses e, no limite, na Federação Portuguesa de Basquetebol e nas diversas associações regionais.

Não podemos ignorar que hoje a informação nos chega às mãos a uma velocidade estonteante, nem sempre fundamentada da forma mais acertada e consensual. Também já vai longe o tempo em que as pessoas se reuniam em volta do ancião da aldeia, principal fonte de sabedoria e conhecimento.

Importa pois que essa mesma informação seja frequentemente validada por pessoas de reconhecido know-how (falo de árbitros internacionais, comissários e instrutores FIBA) para que em diferentes partes do país essa mesma informação não seja interpretada de forma avulsa, potenciando desequilíbrios de critérios quando as competições atingem as fases inter-regionais.

Por fim, é necessário, e na minha opinião relativamente fácil, encontrar pessoas com maiores conhecimentos informáticos, disponíveis para ajudar quem está menos à vontade com as novas tecnologias, sejam os prelectores e/ou formadores ou quem assiste às conferências. Importa também uniformizar a plataforma utilizada, para que o método seja sempre o mesmo e não obrigue as pessoas a constantes adaptações.

Considero também que, os serviços informáticos da Federação Portuguesa de Basquetebol teriam uma palavra a dizer, uma vez que estas soluções não se esgotam nas potenciais formações de juízes e permitiriam também, a título de exemplo, que as reuniões frequentes com as diversas associações distritais pudessem ser realizadas utilizando a mesma plataforma, reduzindo drasticamente os custos associados.

Contudo, tudo o que atrás expus, não invalida de forma alguma os actuais métodos formativos. Todo este raciocínio visa apenas alargar horizontes no que às tecnologias de informação diz respeito. Haverá certamente momentos onde é necessária a presença física dos prelectores/formadores e formandos.

Refiro-me às sempre fundamentais acções de início de época, a formações que envolvam trabalho de campo, prestação de provas físicas e a clinic’s que promovam o conhecimento de novas realidades, interacção dos intervenientes e fortalecimento do espírito de grupo e união que fomentem a empatia e “química” entre pares, tão necessária em momentos cruciais da actividade que exercemos.

Não me atrevo sequer também a colocar em causa todo o trabalho, vontade e dedicação que todos têm colocado nos processos formativos até hoje. Continuo a acreditar nas formações presenciais que contribuam de forma positiva no enriquecimento dos conhecimentos, não deixando de considerar que importa encontrar métodos criativos e inovadores que incutam um espírito de pesquisa e investigação contínua nos juízes de basquetebol, fazendo-os acreditar que é possível atingir patamares de excelência, sejam eles provenientes de que parte do país forem.

No dia 28 de Fevereiro de 2012 fez-se história no basquetebol português. Não descobrimos o “Ovo de Colombo”, apenas mais uma forma de colocar o ovo de pé.

 

Comentários 

 
0 #3 Manuel Ferreira 06-03-2012 16:02
Uma forma de ligar todo o país a um upgrade dos nossos conhecimentos sem ter que gastar dinheiro. Conseguimos estar informados e ter acesso no mesmo momento que está a ser apresentada a sessão! Magnífica esta evolução no nível de arbitragem nacional, em prol do Basquetebol! Parabéns!
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+2 #2 Rui 06-03-2012 11:03
"No dia 28 de Fevereiro de 2012 fez-se história no basquetebol português"...
hummmm, onde eu já ouvi isso, lol... ai ai quero direitos de autor...
Muitos parabens zé...
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+3 #1 Sónia Teixeira 06-03-2012 10:07
Muito bem, Zé, bom artigo.
Sem dúvida que os juízes são os principais interessados na qualidade da sua formação.
A criatividade e o uso das tecnologias são parceiros fundamentais nos tempos que correm e permitem-nos atingir outros patamares formativos.
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