Podemos ser muitos bons teóricos, saber os X´s e O´s como ninguém, mas se não formos competentes a ensinar o jogo, não nos irá servir de nada todo o nosso conhecimento do jogo.

Foi com esta frase que Del Harris iniciou a sua intervenção no Clinic de SMU. Mais de 100 treinadores ouviram estas palavras de um dos treinadores com mais currículo no basquetebol norte-americano. No seu historial treinou 3 equipas da NBA (Houston, Milwaukee e L.A. Lakers), treinador adjunto da selecção norte americana em 1998, treinador principal da selecção Chinesa em 2004, consultor da federação Canadiana de basquetebol, treinador da equipa satélite dos Dallas Mavericks na NBDL e no presente momento é treinador adjunto da selecção da Republica Dominicana com John Calipari.

Começa a sua intervenção (no seguimento do que Bill Self referiu) dizendo que como treinador uma das suas maiores preocupações não são as vitórias e derrotas, os X´s e O´s, mas sim os seus jogadores e tudo o que se passa fora do campo de basquetebol, pois defende que o verdadeiro papel de um treinador vai para além de pedir ao atleta para jogar basquetebol, mas sim, ajudá-lo a evoluir como pessoa em todos os campos da sua vida.

Perito em zonas, para Del Harris um ataque contra zona deve basear-se em movimentos automáticos em relação aos movimentos do ataque e defesa, fazendo então com que os seus jogadores leiam a movimentação dos jogadores defensivos em relação à bola, para depois puderem ocupar as posições pré-definidas nos treinos.

Explica então que “ não gosto de ter 3 jogadores na parte de cima do ataque pois se contarmos com os defesas ficamos com 6 jogadores numa área onde queremos que esteja o mais livre possível para que os jogadores interiores se movimentem e até saiam para fora dos três pontos para fazer as rotações de bola para o lado contrário”, logo, assim que o jogador que ocupa o corredor central fizer o primeiro passe obriga-o a cortar logo para um dos cantos.

Define o poste alto como o seu principal alvo, pois segundo ele, “ se conseguirmos colocar a bola no poste alto obrigamos a defesa a fechar o que irá abrir espaço para uma rotação mais eficaz de bola para os jogadores do perímetro, caso a defesa não feche, então teremos a situação perfeita para um lançamento de alta concretização ou jogar com o jogador interior no poste baixo”.

Fazendo com que os seus jogadores se mexam automaticamente em relação aos movimentos pré definidos da bola, insistiu muito nas leituras dos espaços entre os jogadores da defesa, ou seja, procura sempre que os seus atacantes se coloquem entre os espaços livres que os defesas deixam quando se movimentam em relação à bola.

Sobre o ensino da defesa zona, Del Harris não se cansou de dizer a seguinte frase (aplicável à defesa ao homem também) “ o silêncio é o pior inimigo de uma defesa! Devemos habituar os nossos jogadores a serem o mais comunicativos possíveis, ou seja, não gritarem sem nexo só porque isso parece que é útil para a defesa mas sim serem objectivos nas informações que passam numa voz mais alta aos seus colegas. Comunicação na defesa é metade do processo ofensivo.”

Outra dos realces que Coach Harris fez foi que nunca nenhum jogador deve guardar o ar, que se não estiver ninguém no seu lado deve deixar a sua suposta posição definida e aproximar-se mais da acção de modo a puder fechar melhor a defesa.

Acaba a sua intervenção com o seguinte comentário “na NBA só existem 15% dos jogadores que são os lideres das suas equipas, o que quer dizer que os outros 85% são jogadores que têm um papel de jogadores de equipa, quero eu dizer com isto que devemos olhar para as nossas equipas como uma estrutura onde existe uma baixa percentagem de jogadores com um talento acima dos outros, mas que o resto da equipa toda junta é que irá fazer a diferença pois temos que potencializar as suas qualidades nas áreas onde são mais eficazes de modo a que todos juntos possamos ser um só”.

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