Porque é que andamos aqui?
 
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Porque é que andamos aqui?

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altElogiar as boas práticas e reconhecer projectos dignos de realce é um dos objectivos fundamentais do Planeta Basket. No artigo  “Quanto vale o minibásquete” referirmos que  organizar equipas de minibásquete,

na aldeia da Ortigosa, não é igual a trabalhar na cidade de Rio Maior, e seguramente diferente,  do  trabalho a realizar em cidades com profundas raízes no basquetebol, como por exemplo o Barreiro. Como a Teresa Barata e o Hélder Silva, o seu passado no basquetebol  fala por si, não necessitam de apresentações, vamos diretamente ao que nos trouxe a Rio Maior.


Há quantos anos estão em Rio Maior e como tem sido o crescimento do clube desde esse ano em número de equipas e praticantes?
Estamos em Rio Maior a trabalhar em Basquetebol desde a época 2004-2005. Nessa altura ainda só na escola, começamos por ter grupo-equipa de basquetebol no escalão de infantis Femininos e Masculinos. Foi um ano de divulgação da modalidade na escola e captação de alunos para a prática, com muita dificuldade de implementação de hábitos de treino, pois a oferta competitiva do Desporto Escolar era muito pobre, apenas 3 ou 4 jogos por ano!

Mesmo apenas para os 2 treinos semanais que havia, poucos eram os alunos que conseguiam cumprir as 2 sessões. Notamos nesta altura, apesar de Rio Maior ser a cidade do

Desporto, dificuldades várias:

  • Inexistência de hábitos de trabalho - não havia o compromisso para treinar. Treinava-se quando dava jeito! (Estava tudo à frente do treino. As festas de anos, as consultas, as saídas com os pais, “o inglês”, a “música”, os escuteiros, a catequese, …);
  • Dificuldades de transportes, pois ainda hoje os que existem, são apenas os transportes escolares, que respeitam os horários das escolas. O último transporte durante a semana é às 18:30. Ao fim de semana não há transportes;
  • Disponibilidade de horas para treinar. Os alunos acabam as aulas e vão para casa e depois já não voltam! (Já não tem transporte, ou não podem ficar toda a tarde em Rio Maior para treinar às 17:00 ou 18:30!!!);
  • Dificuldade por parte do pais, em compreender o valor de uma pratica desportiva regular, como uma “mais valia” na formação do seu filho. Muitos eram da opinião que era bom fazer exercício físico, sempre é saudável, mas: “é uma perda de tempo, pois o seu futuro não é, nem nunca vai ser o basquetebol”, diziam!

Várias foram as tentativas para alterar este estado de coisas (desde treinos à hora do almoço, até construção de horários dos alunos na escola com furos para o Desporto Escolar) mas fomos percebendo que a melhor hora para treino dos escalões de formação, com idades mais baixas (dos sub-8 aos sub-14) é das 17:00 às 18:30, hora em que há o ultimo transporte escolar.

Claro que de ano para ano, o estado das coisas foi melhorando. Foi sendo alterada a ideia de alguns pais (cada vez em maior número) que de facto começaram a acreditar nas pessoas e no projeto, foi aumentando o nº de praticantes, o nº de equipas, o nº de jogos e em 2006/2007, numa parceria entre a EB Marinhas do Sal, onde eramos professores, e o Rio Maior Basket, clube já existente com equipa de seniores, passamos a federar os alunos e a proporcionar-lhes mais competição – 1 jogo por fim de semana.

Em 2006/2007 o clube tinha 5 equipas e 50 atletas. Hoje tem 8 equipas e 106 atletas.

O facto de estarem a trabalhar numa cidade que apostou muito em termos desportivos, quer em instalações quer na criação de uma Escola Superior vocacionada para a vertente desportiva, tem-vos de alguma forma facilitado o vosso trabalho, quer em termos de recrutamento de técnicos, quer em facilidades de instalações para treino?
Sim, as instalações existentes têm facilitado o nosso trabalho. Para além de serem boas, estão totalmente disponíveis para os jovens da cidade, salvo raras exceções quando há estágios de seleções nacionais que estagiam no Centro de Estágio de Rio Maior. Quando estão ocupadas, temos sempre a alternativa de dois campos ao ar livre. Aqui em Rio Maior, não se deixa de treinar por falta de instalações!

Quanto ao recrutamento dos técnicos, para além de nós, temos a colaboração de um treinador formado na ESDRM e que já fez o estágio connosco e por viver em Santarém está no clube desde que terminou o curso. Mas já temos tido outros treinadores que estagiam no clube e depois seguem o seu caminho.

Tem passado pelo Rio Maior Basket, alguns alunos de opção de basquetebol, (que são hoje já treinadores) que depois da sua formação académica na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, com estágio de dois anos, feito no Rio Maior Basket, nos deixam, com imensa pena nossa, pois seriam uma mais valia para o trabalho do clube, para regressar à sua terra, pois não temos hipótese (financeira) de os fixar em Rio Maior.

O Rio Maior Basket aceita sempre quem quer estagiar no nosso clube, claro que tem que obedecer á coordenação do clube e desenvolver todos os princípios que defendemos para a formação dos nosso atletas.

Pelos números apresentados o Rio Maior Basket é claramente um clube que tem crescido de uma forma sustentável dos escalões mais novos para os escalões mais velhos. Depois da vossa longa experiência na cidade de Vila Real consideram que esse é o caminho mais adequado ao enraizamento da modalidade num concelho?
Sim, nos locais onde temos trabalhado, o crescimento do número de atletas tem sido sempre feito de baixo para cima. Só se abre o escalão seguinte quando os atletas do escalão anterior, tem idade para o escalão superior. Sempre demos uma grande importância à necessidade de captar jovens para os escalões de minibasquete, pois é o alicerce mais seguro e promotor da vitalidade de um clube. Se houver no clube equipas numerosas de minibasquete, o clube terá sempre atletas nos escalões seguintes.

Quais são as perspetivas de crescimento do Rio Maior Basket e quando pensam formar equipas seniores?
O Rio Maior Basket em nossa opinião será sempre um clube de formação, ou melhor uma escola onde para além de se aprender a jogar basquetebol, se aprende uma série de valores que complementam a formação, de quem por cá, vai passando.

Por outro lado, seria bom conseguirmos formar equipas no escalão sénior, pois é um grande estímulo para os jogadores mais jovens, saber que se trabalharem, um dia podem chegar lá, é uma questão de irem alimentando o sonho. Aqui em Rio Maior, faz-nos falta ver basquetebol de outro nível. A maioria dos nossos jogadores nunca viu um jogo da Liga!
Os nossos atletas com 18 anos (no ultimo ano de sub-18 masculino e no penúltimo de sub-19 feminino), entram na universidade. Saiem de Rio Maior e deixam de treinar na sua equipa. É muito complicado estar a semana fora e vir jogar ao fim de semana. Este é um problema que se vive em todas as cidades do país, que não tem universidades.

O outro problema e talvez o mais determinante é a falta de verbas para manter uma equipa de seniores. Não há patrocínios/subsídios e as despesas são imensas (inscrições na FPB, as deslocações, mas sobretudo as arbitragens).

Na época anterior, um grupo de sub-18 masculino (com 13 jogadores) que terminou o seu percurso neste escalão, este ano seria sub-20 ou sénior e não houve possibilidades financeiras que permitissem a sua continuidade.

Duas questões, decisivas para qualquer projecto, são o recrutamento de recursos humanos, nomeadamente elementos para a direcção do clube e as formas de financiamento. Como tem sido feito esse recrutamento e quais são as fontes de financiamento do clube?
Atualmente o presidente é um ex-jogador e um dos fundadores do clube. Os outros diretores são pais de atletas que vamos convencendo a dar o nome para formar a lista da direção do clube. Mas as grandes decisões do clube são tomadas nas reuniões de seccionistas. Cada equipa tem um seccionista (mais uma vez, um Encarregado de Educação de um jovem dessa equipa), que se reúnem uma vez por mês e vão discutindo os problemas do clube. Desta forma o clube é mais vivenciado, e tem por parte dos pais uma participação mais ativa, pelo menos uma pessoa de cada equipa está dentro das decisões tomadas pelo clube e tem o dever de informar todos os pais dessa equipa.

As fontes de financiamento do clube são:

  • as cotas dos atletas. Cada atleta paga mensalmente 12,50 € (Sub-8 e sub 10 pagam 10€);
  • exploração do bar, durante os jogos em casa (cada seccionista dinamiza esta atividade);
  • venda de material promocional (cachecóis, canetas, lápis, calendários, rifas);
  • pequenos apoios de empresas (pais de atletas).

O crescimento de praticantes no Rio Maior Basket  é um exemplo a seguir por muitos clubes, como é feita a captação de praticantes?
A captação é feita todos os anos nas escolas. Este ano fizemos pela primeira vez uma sessão com atletas de Sub- 14 fem que foram a um colégio divulgar o basquetebol. Realizaram uma sessão prática que foi muito bem aceite e apareceram no clube muitas crianças. É uma iniciativa a repetir.

Muitos jovens aparecem porque são irmãos, familiares ou vizinhos de atletas nossos. Já há muitos pais a procurarem-nos, porque ouviram falar do nosso trabalho e gostavam que os seus filhos experimentassem o basquetebol.

O que pensas sobre o minibásquete na AB Santarém e no país. Queres dar alguma sugestão que possa contribuir para a melhoria da dinâmica deste sector tão importante no basquetebol?
O minibasquete na ABS está em atividade e a crescer. Tem havido preocupação da direção, em promover concentrações de 2 em 2, ou 3 em 3 semanas e os clubes que tem minibasquete vão assim proporcionando aos seus mini-atletas muitos minutos de jogo, tão importantes para a sua formação. Os clubes que organizam as concentrações põem sempre um carinho especial nas organizações para que esses momentos sejam atrativos e inesquecíveis para os participantes. Pelo que sinto dos jogadores com quem trabalho, eles adoram participar e ficam muito aborrecidos quando os pais não os podem levar!

Esta opinião que tenho do minibasquete na ABS, é a mesma que tenho do minibasquete no país. Já temos sido convidados a participar em convívios/ concentrações noutros sítios fora da ABS e o sentimento é o mesmo. Muita gente a ajudar na organização (a maioria pais), muitos miúdos a praticar e em certos casos, já com um nível de jogo muito aceitável.

A questão que se coloca agora é: Todos os meninos que fazem minibasquete integram mais tarde as equipas de sub-14 dos seus clubes? Se não, porquê?

A sugestão que deixo no sentido de contribuir para a melhoria da dinâmica deste sector tão importante no basquetebol, está relacionada com os treinadores e árbitros envolvidos no minibasquete e sugerir aos diretores dos clubes que dediquem uma atenção especial a quem colocam à frente das equipas.

Os treinadores, tem que estar verdadeiramente preparados para esta função. Devem ter conhecimento da filosofia, pedagogia e didática inerente à intervenção que se pretende neste escalão. Não podem ser apenas jogadores mais velhos que gostam de crianças, ou pais que querem muito ajudar. Há conteúdos (e formas de os abordar) que são fundamentais serem trabalhados nesta idade, pois serão a base determinante na evolução dos jogadores.

Relativamente à arbitragem, também somos da opinião, que esta deve ser cuidada quer nos treinos, quer nas concentrações/convívios, uma vez que esta intervenção deve ser pedagogicamente ajustada (consoante o nível de aprendizagem), contribuindo assim, para que o jovem jogador vá conhecendo melhor o jogo e evoluindo técnica e taticamente de uma forma sustentada.

Quer treinadores, quer árbitros deverão conversar/acordar formas de intervenção no jogo (contactos, infrações, comportamentos e atitudes) contribuído para o que atrás foi referido.

Tal como se transmite a ideia que é de pequenino que se constrói os bons hábitos, também deverá ser no minibasquete que o jovem jogador deverá aprender a ver o arbitro como um elemento que faz parte integrante do jogo, que está lá para o ajudar a cumprir as regras, sendo este facto uma mais valia para a sua aprendizagem e evolução.
As boas práticas terão seguramente resultados melhores e mais sólidos.

Qual a tua opinião sobre o Planeta Basket?
É um excelente meio de divulgação da modalidade. Com artigos muito interessantes e atualizados, e com entrevistas atrativas. Tem uma estrutura de consulta muito fácil. Só o facto de ser feito e dirigido por quem conhece e gosta muito de basquetebol consegue manter este site tão dinâmico e apelativo.

Terminamos como habitualmente, que pergunta gostariam que vos fizessem  e que resposta dariam?
Talvez a pergunta que todos os anos no final da época fazemos a nós próprios: “Porque é que andamos aqui? O que nos motiva, o que nos move?”

Após alguns instantes de reflexão conjunta, como que a refrescar a memória, a resposta aparece sempre simples:
…continuamos a gostar de conhecer o jogo de basquetebol, por isso nos preparamos o melhor possível…
…continuamos a gostar de ensinar o basquetebol aos jovens que nos procuram e ajudar à sua formação, (com o basquetebol na sua educação), … entusiasma-nos observar dia a dia, a evolução de cada um e o crescimento como atleta e pessoa (cada um com o seu ritmo e com tempos diferentes, mas orientados no mesmo projeto).
… também achamos que deste modo, fazemos uma homenagem a quem há muito tempo nos ”empurrou” para este modo de vida, com muito entusiasmo e carinho, proporcionando-nos vivências, quer como jogadores, quer como treinadores que gostaríamos igualmente de transmitir…

Por isso, se em Vila Real, Oliveira de Azeméis e agora em Rio Maior tivermos tocado alguns… (e nós sabemos que sim) … continuamos por aqui … a gostar de fazer o que fazemos!

 

Comentários 

 
+1 #3 JB 30-04-2013 23:19
“Por isso, se em Vila Real, Oliveira de Azeméis e agora em Rio Maior tivermos tocado alguns… (e nós sabemos que sim) … continuamos por aqui … a gostar de fazer o que fazemos!”
Em OAZ, tocaram com certeza. Ainda hoje, passados quase 10 anos, colhem-se frutos do valioso trabalho que aqui realizaram.
Aliás, neste artigo, estão os nomes de três distintas figuras a quem o basquetebol oliveirense deve muita gratidão.
Henrique Vieira, para além de tudo o que fez e dos conhecimentos que transmitiu, foi também a pessoa que nos deu a conhecer o casal Teresa Barata e Hélder Silva e nos convenceu da importância que trariam para o projecto de formação da UDO.
Quanto aos visados, Teresa Barata e Hélder Silva, poder-se-á dizer que são os verdadeiros mestres do ensino do basquetebol. A sua competência, dedicação e elevadíssimos valores morais, fazem deles principais referências do basquetebol nacional.
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+1 #2 Ricardo Almeida #15 29-03-2013 18:34
"uma imagem demora anos a construir e segundos a destruir"...Sempre a fazer um excelente trabalho...força
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+11 #1 Henrique Vieira 20-03-2013 14:00
“Não há regra sem excepção.”
Miguel de Cervantes
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