Realizar sonhos
 
Localização: HOME

Realizar sonhos

Enviar por E-mail Versão para impressão PDF
Avaliação: / 12
FracoBom 

altFigueira da Foz é uma terra que respira basquete e foi lá que Cristina Henriques nasceu e cresceu até que em 2000 partiu para a Alemanha. Só conheci a Cristina recentemente em Hagen, pois a Cristina foi uma das 16 pessoas seleccionadas

pela Federação Alemã para fazer parte do programa de formação de treinadores de minibásquete promovido pela federação alemã. Depois de termos ouvido na semana passada a perspectiva do mentor deste programa Tim Brentjes, queremos que conheça a Cristina Henriques, queremos apresentar a perspectiva de um dos formandos deste programa, queremos que conheça a energia e capacidade de realizar sonhos da Cristina.


Antes de mais fala-nos um pouco de ti e se consegues imaginar o teu percurso de vida sem o basquetebol?
Nasci na Figueira há alguns anos, onde cresci ao pé do mar e frequentei a escola até ao 12º ano. Com cerca de 9 anos descobri o basquetebol através da escola e de algumas amigas... Fiquei curiosa e experimentei! Sempre gostei de fazer muitas actividades e desde os escuteiros até ao karaté, experimentei quase tudo. O basquetebol foi no fim o desporto que me mais cativou, devido às amizades que se fazem em desportos colectivos e o fascínio pela “bola laranja”.

Com 18 anos tive a oportunidade de me aventurar durante um ano na Alemanha (Berlim) onde joguei uma época no DTV Charlottenburg. Foi um ano esplendido com experiencias únicas e que gravaram imenso a minha personalidade e o meu “amor” pelo basquetebol. No final da época as saudades do meu país, família e amigos era demasiado grandes e voltei para Portugal (com uma lágrima no olhos, mas um sorriso nos lábios). Decidi então voltar a estudar – na melhor cidade universitária da Europa – Coimbra.

alt

Tirei o curso de professores do ensino básico variante educação física na Escola Superior de Educação de Coimbra.  Por vias do destino apaixonei-me pelo pai da minha filha e emigrei para a Alemanha... Com o tempo a dedicar-me a ser mãe, senti que me faltava alguma coisa de muito importante, o basquetebol, por isso voltei a jogar cerca de meio ano depois do nascimento da miúda...

A minha vida sem o basquetebol seria uma vida sem sentido... Eu vivo com o basquetebol e para o basquetebol... Para muitos é difícil de perceber, mas quem me conhece bem, compreende-me.

Sabemos que recentemente tiveste um grande reconhecimento do Estado em que vives. Queres nos falar sobre esse prémio e que balanço fazes, neste momento, do teu percurso no basquetebol?
Em 2016 recebi um prémio que me comoveu muito, não pelo prémio em si, mas como reconhecimento pelo meu trabalho pelo desporto, que dá sentido à minha vida – “Vorbild 2015”. O meu clube (sem que eu soubesse) nomeou-me como a treinadora mais importante do clube e enviou a candidatura para uma escolha a nível regional. De cerca 600 candidaturas foram escolhidas 10 e eu fui uma delas.

O meu trabalho levou à criação do departamento de basquetebol no clube TSV Steinenbronn – uma cidade pequena perto de Waldenbuch onde eu moro, (cidade da fábrica do chocolate „Ritter Sport“). Há cerca de 17 anos comecei com um grupo de crianças, que andavam nas minhas aulas de ginástica e que mostraram interesse por experimentar o basquetebol. Hoje temos todos os escalões preenchidos, desde o que aqui chamamos a “Escola da bola“ onde as crianças com cerca de 3 anos começam a ter contacto com bolas, até aos escalões de seniores masculinos e femininos.

Hoje faco parte da direcção do clube, onde sou responsável pelo departamento de ginástica e do basquetebol, e ainda consigo arranjar tempo para coisas novas como o “Programa de formação de treinadores de minibásquete”... Infelizmente o dia só tem 24 horas.

Como é que foste seleccionada para fazeres parte deste grupo restrito que teve acesso à formação, para ser treinador de minibásquete?
Como o Marco Paulo cantava: “Eu tenho dois amores”,  um deles é o basquete feminino onde estou muito envolvida na região de Estugarda com um projecto “Regio Team Stuttgart“. Neste projecto proporcionamos às miúdas com mais talento, um melhor desenvolvimento como jogadora, trabalhando em equipas mais especializadas, podendo à mesma continuar a jogar basquetebol nos seus clubes.

O meu segundo amor são os mais pequeninos... a minha “Escola da bola“ a partir dos 3 anos está a ser um sucesso, de tal forma que além de ter algumas cooperações em escolas, também comecei à cerca de três anos a trabalhar juntamente com alguns jardins de infância, o que me dá muito prazer e alegria.

Com todo este trabalho de alguns anos decidi-me candidatar a esta nova formação na área do minibasquete para poder contribuir para o crescimento do minibásquete desta região da Alemanha e poder aprender mais sobre este importante tema. Fui indicada pela Associação de Basquetebol de Estugarda, como uma pessoa importante nesta área, na região de Estugarda! Fiquei muito feliz por ter sido seleccionada e está a ser uma experiencia fantástica.

Pensas que essa tua energia contagiante ajuda as crianças a gostarem de jogar basquetebol, pois sabemos que numa terra com pouca tradição no basquetebol ajudaste a implantar a modalidade?
Eu vivo e respiro basquetebol com toda a minha energia e coração e as crianças apercebem-se quando aquilo que tu fazes, o fazes com amor e dedicação. Para mim as crianças são o bem mais precioso neste mundo em que vivemos, para elas tudo o que for verdadeiramente bem apresentado e vivido será sempre bem recebido e aceite. Não nos podemos esquecer, que até aos de 9/10 anos de idade, o desporto que fazem está dependente das suas amizades e, acima de tudo, do treinador ou treinadora. As crianças que se sentem bem e se divertem num treino de basquetebol vão querer voltar a comparecer no próximo treino.

Hoje sei que o desenvolvimento do departamento de basquetebol no meu clube, deve-se muito à minha energia e temperamento português, (nunca desistir, sempre lutar contra tudo e todos), mas estou muito satisfeita que à cerca de um ano, os meus treinadores mais jovens começaram a tomar mais decisões e a desempenharem mais funções no departamento, podendo eu  dedicar um pouco mais de tempo para mim própria.

Qual a tua opinião sobre a importância de se formarem treinadores especificamente para o minibásquete e qual foi a tua sensação ao saber que iriam estar portugueses presentes como formadores?
A formação de treinadores especializados para trabalhar com os mais pequenos é para mim o passo mais importante no trabalho em qualquer modalidade desportiva. De pequenino é que se torce o pepino diz tudo... Se as crianças tiverem as pessoas certas e devidamente formadas nos seus primeiros anos desportivos conseguirão desenvolver-se devidamente e terão todas as portas abertas no futuro, (dependendo posteriormente da sua motivação e capacidade de trabalho). Não podemos esquecer, que as idades mais importantes no desenvolvimento como individuo (psicologicamente e fisicamente) são no pré-primário e primário.

Em Hagen, fiquei radiante ao saber que o modelo português do minibasquete seria apresentado como exemplo positivo no trabalho nesta área. Como portuguesa fiquei muito orgulhosa de poder fazer parte desta apresentação e poder partilhar com os meus colegas de curso, que afinal em Portugal também se faz um bom trabalho no desenvolvimento desta modalidade desportiva. Adorei conhecer os representantes de Portugal, o Mário e o San Payo, e de poder falar sobre basquete na minha amada língua portuguesa!

Finalmente sabemos que ainda jogas e que a tua filha também joga basquete. Quando pensas deixar de jogar, e em que patamares está a tua filha e a que patamares pensas que ela poderá vir a alcançar?
Eu ainda estou em recuperação de uma operação ao joelho (ligamentos cruzados e menisco), mas esta semana tenho a ultima consulta e espero receber luz verde para poder jogar no próximo domingo. Há cerca de 6 anos tive o mesmo problema no joelho direito e na altura disse que jogaria basquetebol enquanto tivesse um joelho bom. Contudo há cerca de um ano a tive a mesma lesão, mas agora no joelho esquerdo.

Todos me aconselham a desistir por completo como jogadora, mas o meu coração ainda não está preparado para essa decisão... Enquanto as energias (e o corpo) o permitir continuarei a jogar basquetebol.

Neste momento o meu principal orgulho está todo concentrado na minha filha Mara. Hoje com 17 anos e uma das razões de eu ter continuado a viver na Alemanha. Ela praticou ginástica desportiva durante 10 anos. Há cerca de 3 anos teve que desistir por causa da escola e decidiu tentar de novo o basquetebol, de uma forma mais intensa e séria.

Ela era como um diamante bruto à espera de ser lapidado (já diziam os antigos „filha de peixe sabe nadar“). Teve bons treinadores que a conseguiram ajudar a desenvolver-se rapidamente e com a garra típica de uma portuguesa já conseguiu alcançar algumas metas em tão pouco tempo. Actualmente joga comigo na equipa sénior do nosso clube a nível distrital, joga também numa equipa seniores femininas o SV Böblingen a nível estadual, a Alemanha é um república federal de estados, na Regionaliga, e a nível nacional joga na WNBL (U18) no Speyer Towers. Apesar de estar no último ano da escola, ainda consegue conciliar estas actividades com as funções de treinadora e ser arbitra de basquetebol.

Tudo se consegue com uma boa organização – aprendeu com a mãe. Como todas as raparigas da sua idade, que praticam um desporto de alta competição, sonha um dia poder representar um dos seus países ela tem dupla nacionalidade, como jogadora de basquetebol com a camisola da selecção.

Poder sonhar e um dom que Deus nos deu e lutar pelo seu sonho e a capacidade de nunca desistir enfrentando todas as barreiras até conseguirmos atingir os nossos objectivos e a realização dos sonhos.

 

Comentários 

 
+1 #2 Humberto Gomes 21-10-2017 06:54
Caro San Payo, Confesso que não te visitava, e ao Planeta, há já algum tempo, pq pesca (!) a qtº obrigas... Afinal, outras vontades, outros paradigmas... e como de há muito aprendi que "não pretendas dar aos outros aquilo que não querem receber"...Apreciei o teu escrito e o sentido de oportunidade em nos ofereceres o exemplo da Cristina Henriques e, na continuidade da prática, também da filha Mara. Se é bem verdade que o melhor conhecimento é o que advém da experiência, envolta nalguma sabedoria, que bom seria que, de uma vez por todas, "se pudesse chegar a algum lado com uma base de compromisso"- palavras ditas pelo dtnacional, por volta de Outubro/Novembro de 2014. Talvez que algum nó górdio tenha vindo a impedir tal propósito..., cremos que mais político do que técnico; mas para os mais pacientes talvez que novo anuncio, daqui a 8/9 meses, possa vir a despertar algumas consciências e, finalmente, o despertador fazer acordar alguns "desaparecidos". Possamos nós, sonhar !
Citar
 
 
+1 #1 Mário Batista 14-10-2017 06:07
Merecida entrevista,a uma grande embaixadora do Basquete,foi para mim um privilégio conhecer a Cristina ,e desde logo perceber a sua paixão pelo Minibasquete e o basquete em geral .Pelo País e por esse mundo fora temos muitas Cristinas que o desconhecemos,u m bem aja para aqueles que amam verdadeiramente a nossa Modalidade!!Bei jinhos Cristina e continua com o teu entusiasmo e Alegria.
Citar
 
 


Facebook Fronte Page

Buscas no Planeta Basket

 
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária