Há muito que o Mário Barros é para mim uma referência e alguém por quem tenho elevada estima e consideração. Muitas são as suas publicações no facebook, que chamam a minha atenção. Divulgar e difundir textos que podem ajudar quem quer ensinar é um dever
para quem se preocupa com a melhoria do processo de ensino/aprendizagem. No fundo todos aprendemos com todos e também com os nossos erros. Como escreveu um grande professor, Bento Jesus Caraças, “Se não receio o erro, é porque estou sempre disposto a corrigi-lo.”
Pela sua elevada qualidade é com todo o prazer que contribuo para a divulgação deste texto do Mário Barros.
A errar também se aprende
Errar é humano mas, é a errar que se aprende. Errar causa algum desconforto pois a nossa cultura ainda estigmatiza e reprime quem erra em vez de perceber ser momento para aproveitar, rever estratégias didácticas e pedagógicas e dar oportunidade ao atleta para reflectir, pensar e fazer evoluir o conhecimento.
O erro sendo uma variável no processo de desenvolvimento, abre novos caminhos para a resolução dos problemas. Cabe ao treinador estar atento, compreender as causas do erro e ajudar o atleta a corrigir. Reprimir a acção e a sua posterior reflexão cria uma sensação de incapacidade e de incompetência perante o grupo, o medo de falhar e ser de novo reprimido.
O que nos diferencia de outros é a forma como reagimos perante o erro e depois conseguimos aproveitar esse momento para fazer evoluir o atleta. Importa pois que tanto os treinadores como os praticantes encarem o erro como algo de natural no dia-a-dia do processo de treino; todas as aprendizagens estão sujeitas a falhas.
A correcção exige uma participação activa do praticante, não bastando fazer mas, também é necessário compreender o que faz, como se faz, onde e quando se faz. A correcção do erro depende da competência do treinador na identificação das causas e nos meios que vai utilizar para os reduzir ou eliminar. A informação quando em excesso, densa e muito directiva pode ter efeitos nefastos, torna o atleta muito mais dependente do treinador e a não reflectir na sua própria execução.
No processo de aprendizagem o erro deve ser considerado como parte integrante e até estruturante desse processo. Alguns treinadores assumem uma posição de responsabilização e de repressão que tem como consequência que as crianças ou os jovens jogadores tenham um exagerado receio de falhar, errar ou arriscar o que naturalmente terá repercussão no seu progresso e desenvolvimento.
Notas finais
- O erro é um elemento intrínseco e necessário ao processo de ensino – aprendizagem.
- A necessidade do erro no processo de ensino aprendizagem fundamenta-se na consciência de que se adquire do mesmo, o que permite melhorar execuções futuras.
- Ao corrigir o erro é conveniente que o treinador faça incidir a correcção sobre a causa do erro e não sobre o erro em si.
- O treinador através da correcção tem a responsabilidade de mudar a concepção negativa que os atletas têm dos seus próprios erros.
- Ao treinador compete fazer com que os seus atletas consigam desenvolver competências que conduzam a detecção e correcção dos seus erros.
- O treinador deve optar por metodologias que tornem o atleta num elemento activo do processo.
- Inibir o erro limita o desenvolvimento dos jogadores, sejam ou não principiantes, o que faz com que não explorem os seus próprios limites.
- A inibição do erro poderá ter como consequência a formação de jogadores pouco criativos com medo de errar e sem iniciativa pessoal.
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Abraço.