Porque choram os nossos filhos quando perdem? É evidente que pode ser por um conjunto variado de razões, mas há um motivo que não deixa margem para dúvidas, porque ninguém gosta de perder. Na Festa do Minibásquete em Paços de Ferreira,

no final do jogo da selecção de Lisboa com o Porto, jogo que decidiu o vencedor da competição, cruzei-me com o Francisco. O Francisco, começou a jogar basquete há cinco anos, quando eu estava a coordenar o minibásquete do Belenenses. Ele como outras crianças estavam a chorar, pois é duro perder apenas um jogo e não vencer a competição. Como conheço bem o amigo Francisco e os seus pais, presentes na ocasião, resolvi dar-lhe uma palavra e contar-lhe a seguinte estória da minha longa vida no universo do minibásquete.

“Oh Francisco, sabes que eu antes de estar no Belenenses estive num clube, em que havia algumas crianças que choravam quando perdiam os jogos? Então decidi antes de começar um treino perguntar-lhes, porque é que vocês choraram no último fim-de-semana? Ao qual me responderam porque tinham perdido. Pegando nessa deixa eu perguntei-lhes se o mais importante era ganhar, ao qual alguns me responderam afirmativamente. Foi, quando eu lhes disse, então eu vou resolver o vosso problema, como há muita flexibilidade na marcação dos jogos nos convívios de minibásquete da Associação de Basquetebol de Lisboa, e se o mais importante é ganhar, nós só vamos aos jogos em que eu tenho a certeza que vocês vão vencer. Aos jogos que eu sei que vocês não tem hipóteses de ganhar informamos a Associação que não iremos estar presentes, e aos jogos que poderemos ganhar ou perder, pelo sim pelo não, é melhor não comparecermos e temos o nosso problema resolvido. Aí as crianças começaram a dizer, mas assim jogamos menos e nós queremos ir aos jogos.

Nesse momento eu transmiti-lhes, que se o que eles mais queriam era jogar, então iríamos a todos os jogos, e que eu queria que eles dessem sempre o seu melhor para vencer, mas se perdessem, não queria choros. Combinado? Com a aceitação da minha proposta conclui, a partir de hoje se alguém chorar, não é convocado para o convívio seguinte.

Olhei então para o Francisco e perguntei-lhe:  Achas que mais alguém chorou até ao fim da época? O Francisco, que enquanto eu contava a estória já tinha deixado de chorar, sorriu e o seu sorriso encheu a minha alma.

É fundamental perceber, que nestas idades o mais importante, é que as crianças, tendo a preocupação de dar sempre o melhor de si, joguem e joguem muito e muitas vezes, e que saibam lidar com derrota e ganhar sem humilhar o adversário. Esta aprendizagem e valores, face às idades em causa, são o mais importante para o seu crescimento e desenvolvimento. Mais cedo ou mais tarde, eles vão saber, que vida não é certamente feita apenas de sucessos e saber lidar, duma forma positiva, quer com a vitória, quer com a derrota, é seguramente um ato de inteligência.