Nos instantes finais de uma época desportiva, no âmbito das diversas modalidades, em que nem sempre as 'coisas', a competição, os seus desígnios e objetivos, terão decorrido de maneira exemplar, ocorreu-nos pedir um 'time out' e, quanto a nós, com escolha criteriosa, interiorizarmos duas ideias-pensamento.
Tendo como questão de fundo o valor das referências, o legado de quantos - e têm sido muitos, felizmente! - nos têm proporcionado a escolha de uma rota, a mais assertiva possível, com o foco em não nos virmos a constituir em navegadores sem ... bússola, 'convidámos' para o 'mar da pesca'' - sem ruído nem faróis acesos -, dois grandes mestres.
Um (a), a célebre filósofa alemã, Hanna Arendt, conhecida como a pensadora da liberdade, quando nos lega: "O testamento, que indica ao herdeiro aquilo que legitimamente lhe pertence, transmite ao futuro os bens do passado. Sem testamento ou, para aclarar a metáfora, sem a tradição - que escolhe e nomeia, que transmite e preserva, que indica onde se encontram os tesouros e qual o seu valor - é como se não houvesse nem passado nem futuro, em termos humanos, mas apenas a perpétua mudança do mundo e o ciclo biológico dos seres vivos".
O outro, o também filósofo, docente universitário, provedor da ética desportiva, mestre - porque sábio! - Manuel Sérgio: "No Desporto há muitas lições a tirar. Entre elas, esta: no ser humano, o poder radica no ser. O atleta pode o que é. E o sujeito no desporto é o atleta e toda a sua circunstância. O génio é genético, mas só se desenvolve em condições favoráveis. E, uma questão se impõe: há jogo, no desporto atual? É evidente que há. Principalmente no jogador de talento, ou no jogador genial. Quanto mais arte, mais jogo, e quanto mais jogo mais arte. Porque é aqui que pode brilhar a autonomia do ato criador. E uma questão ainda: e qual o valor social do desporto? O valor social do desporto reside na ética dos 'agentes do desporto'...porque não há desporto, há pessoas que o fazem!".
Façamo-lo, então, enquanto com dignidade. Que nos é conferida, em termos éticos e morais, por sermos dignos 'habitantes' de uma sociedade que, não poucas vezes, se revela tanto de injusta como de empobrecedora.
Saídos do 'mar da pesca', importará que saibamos, sempre com a agulha bem orientada, de forma responsável e responsabilizante, interpretar e praticar 'no terreno' (onde tudo acontece e se resolve) uma forma de estar íntegra que seja fiel arauto de que o sucesso, o êxito não se compra, apenas se deverá merecer!
Voltaremos, como irá acontecer até ao final do ano, sempre ao dia 12 (Luís do Ó, a quanto nos obrigas ...) de cada mês - Junho, na circunstância -, talvez que próximo da temática do: "Ser competente, incomoda...?!"