A comunicação do treinador 2
 
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A comunicação do treinador 2

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A comunicação do treinador 2Tudo o que é exterior revela-se para todos nós através da visão. Em simultâneo, por um lado visão subjetiva porque somos nós que tomamos a iniciativa de olhar e, pelo outro, visão ontológica, ao abrir-nos ao mundo exterior e permitir-nos aprender e adquirir conhecimentos diversos através dessa experiência vivida de olhar e ver.

- A importância da Visão

Envolvemos o mundo através do nosso olhar, mas também com o nosso corpo no seu todo, habitando dinamicamente através desse corpo vivido a realidade que nos rodeia: através de determinados movimentos, buscamos o objetivo de procurar facilitar a visão de tudo aquilo que é visível pelo nosso corpo em situação. Uma operação reflexiva e expressiva do próprio corpo, em que olhamos e somos sensíveis às coisas, aos outros e ao mundo que nos rodeia, como se tivéssemos um designado olhar do corpo não limitado ao que é visível, também extensivo ao que não é visível.

Vemos e somos vistos através da expressividade própria da nossa visão, percecionando o mundo em que nos inserimos através de uma profunda ligação à experiência sensível global, sob a influência de todos os outros sentidos, nomeadamente o tato. Uma profunda e sensível experiência de ver e do corpo, enquanto verdadeira potência percetiva, levada a cabo através de uma total adesão e coexistência com o mundo em que nos inserimos. E ao posicionarmo-nos para ver por via dos movimentos entretanto efetuados no sentido de tornar possível abarcar o mundo através do nosso corpo, aproximando-nos dele, abrimo-nos para ele.

Ver é afinal, aproximarmo-nos ou afastarmo-nos daquilo que pretendemos ver, tentando quanto possível descobrir no que estamos a ver aquilo que sempre nos irá escapando por ser invisível. Tudo isto numa experiência conjunta do corpo, da sua motricidade e de uma visão incorporada com o objetivo de conhecer, aprender e interpretar o mundo visível, comunicando através do nosso corpo expressivo.

- A cegueira da Visão

Segundo o filósofo Merleau Ponty, temos limitações relativamente ao que nos é visível, pois em tudo o que nos é visível existe sempre algo de invisível. A nossa visão é assim afetada por uma determinada cegueira que a impede de ver o todo que se lhe depara. Nas suas últimas obras vai ainda um pouco mais longe quando defende que é através do movimento que os seres humanos conseguem amadurecer a sua visão do mundo em que se inserem. Para este filósofo a visão não é mais do que o reencontro do visível e do invisível, nomeadamente no momento em que a visão se faz gesto ou se refere ao pintor Cezanne afirmando que, ele pensa por meio da pintura.

Quando vemos, não o fazemos segundo uma forma de olhar estática pois visão e movimento encontram-se profundamente interligados. Como se iluminássemos tudo aquilo que vemos, a visão como que destaca as coisas para onde olha, quer estejam perto ou longe de si.

Como diz o filósofo, somos em simultâneo, videntes e visíveis, atuando os nossos sentidos de modo harmónico e complementar, parecendo o nosso corpo que vê e apalpa em simultâneo e o nosso olhar como se fosse o grande responsável pela animação de tudo aquilo que vemos.

O corpo é como que possuído pelo visível e a nossa visão atua como se penetrasse naquilo que lhe é visível, como se víssemos tateando e tocássemos para ver. Uma visão com um profundo caracter paradoxal pois, por um lado é fundamental dirigirmos subjetivamente o nosso olhar para aquilo que pretendemos ver e, pelo outro, é igualmente decisivo que aquilo para onde pretendemos olhar esteja visível.


Jorge Araújo
Presidente da Team Work Consultores

 


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