Alinhar os astros ou uma reflexão sobre o futuro de Portugal? Os meus dezasseis anos como responsável pelo minibásquete na Federação, a minha vida na Madeira durante três anos e os dois meses em que estive recentemente em Moçambique reforçaram uma ideia muito simples de compreender,
para fazer crescer e desenvolver o minibásquete os astros têm de estar alinhados. Há três condições fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do minibásquete:
- Primeiro e o mais importante a existência de crianças;
- Segundo a existência de instalações e material para a sua prática;
- Terceiro a existência de professores e treinadores que queiram ensinar o jogo.
Ao longo da minha vida tenho verificado que há lugares onde há crianças e treinadores, mas há exiguidade e dificuldade em instalações, normalmente nos grandes meios urbanos. Há lugares em que há instalações, mas faltam treinadores e há exiguidade de crianças. Mais raro é, mas também acontece, haver treinadores e não haver nem instalações ou crianças.
Muitas são as variáveis que a partir destas três condições poderia expor, contudo não tenho dúvidas que as conjugações destas três condições são essenciais. Havendo vontade a falta de instalações e de professores/treinadores é mais fácil de resolver, do que a falta de crianças.
A falta de crianças é um problema em Portugal, com tendência ao seu agravamento, mas não é um problema em Moçambique. Foi para mim um privilégio, a convite do amigo Carlos Cardoso, poder dar um treino no mítico pavilhão do Maxaquene em Maputo. O Hermínio Changule, treinador do Maxaquene, tinha-me falado que iria trabalhar com cerca de 20 minis, mas quando cheguei ao pavilhão este estava com muito mais jovens e a maioria com idade superior ao minibásquete. Para não defraudar expectativas, rapidamente tive que adaptar a sessão que tinha planeado, pois para além dos minis, os outros jovens também queriam participar. No final da sessão tive aquele que considero um grande elogio, quando uma jovem me perguntou, quando é que eu iria voltar para dar mais um treino.
Em Moçambique o problema não é seguramente a falta de crianças, mas há falta de formação para treinadores e professores, com as minhas ações na Escola Portuguesa e no pavilhão do Maxaquene espero ter dado o meu pequeno contributo. Foi para mim um prazer. Adorei dar treino, quer com às minis do Costa do Sol, quer com as crianças e jovens do Maxaquene.
Eu gosto muito de interagir e ver tantas crianças, mas não pelo motivo cínico que numa das minhas ações em Cabo Verde, já lá vão uns anos, um senhor me disse: “Adoro ver tantas crianças, elas são a garantia que a minha reforma está assegurada no futuro.” Independentemente do cinismo daquela frase, este é um problema sério que se afigura para Portugal.
PS: O meu muito obrigado ao Edison Saranga, ao Carlos Cardoso e ao Hermínio Changule por me terem criado condições de fazer algo que me dá tanto prazer ensinar jovens e transmitir um pouco da minha experiência a treinadores e professores.