Este artigo pretende analisar a figura do treinador de minibasquete. O argumento que me proponho a defender é que nestas idades jovens o que fideliza a criança a determinada modalidade não é a modalidade em si, mas sim o treinador e o que este representa.
Para este artigo apoiei-me no episódio com o treinador Nuno Rodrigues (#09 - Nuno Rodrigues - SerMinibasquete).
Este argumento do treinador fidelizar intensificou-se quando durante esta época surge uma nova atleta e rapidamente se apaixonou pelo basquete. Posteriormente, numa conversa com os pais dessa mesma atleta soube que já tinha experimentado há algum tempo o basquete e não tinha ficado, então surge a inquietação dos porquês de isto ser assim. Acredito plenamente que o treinador tem um papel extraordinário no que diz respeito ao minibasquete…. Acredito que seja a diferença entre um atleta praticar ou não a modalidade e a diferença entre um atleta continuar ligado à modalidade mesmo depois de este deixar de a praticar.
Então como pode o treinador fazer esta diferença e uma fonte de motivação para os atletas no minibasquete?
Creio que para responder a esta pergunta precisamos de trazer novamente o foco à criança. Como já foi dito em diversas plataformas, só chegando à criança o resto irá se desenvolver. Acredito que como treinadores, seja preciso fazer o exercício de nos colocar no lugar do atleta, pensar em como nos sentiríamos se o papel fosse o contrário, considero um ponto essencial conseguirmos chegar às crianças. Aliás, a opinião não é minha, mas concordo, que o melhor preditor do sucesso do treinador no minibasquete é a sua ligação com as crianças e não os conhecimentos técnico-táticos (esses são mais fáceis de aprender). Apresento uma sugestão do treinador Nuno Rodrigues para uma melhor interação com os nossos atletas: os primeiros 10/15 minutos dos treinos sejam de comunicação com os atletas, seja a jogar 1x1, seja a desafiá-los a fazer uma habilidade mais difícil, ou simplesmente fazer perguntas, sobre o dia ou sobre a escola.
Ao longo destas épocas que estive ligado ao minibasquete tive várias experiências com diferentes atletas, e da minha experiência existem outros ingredientes essenciais para esta boa ligação treinador-atleta. Acredito plenamente que as ações têm de bater certo com as palavras: assiduidade, pontualidade, esforço a 100%, se como treinadores pedimos isto aos atletas temos de ser os primeiros a fazê-lo. Outro ponto são as regras e a exigência, os atletas, na minha experiência reagem melhor à exigência do que à complacência.
Posto isto, “ser” estas coisas todas é exigente, por vezes o dia correu mal ou há outras preocupações que não nos permitem trazer toda a boa energia que o minibasquete necessita. Neste sentido, acredito que ser treinador de minibasquete deva ser uma vocação, mesmo no sentido mais egoísta, no sentido de retirar prazer de realizar a atividade. Em tempos um treinador me disse: ninguém treina minibasquete por obrigação.
Para estar no minibasquete é preciso querer lidar com crianças, é preciso perceber que algumas vão evoluir diariamente e algumas vão estagnar por momentos. É preciso perceber que vamos ficar frustrados imensas vezes por o trabalho não estar a ter o resultado que queremos. Para conseguir superar estas frustrações, acredito que seja essencial sentir a gratificação quando um deles te dá um abraço. A gratificação quando um atleta faz o seu primeiro cesto. Gratificação quando o desordeiro da equipa começa a treinar melhor que todos os seus colegas. A gratificação quando os atletas sobem de escalão e todos continuam a seguir a trabalhar e ligados ao desporto. Esta gratificação e paixão acredito se a essência do que mantém o treinador no minibasquete.
Para terminar, o treinador por vezes é a única referência para a criança, não podemos perder a oportunidade de ser memoráveis e de deixar uma marca duradoura nos nossos atletas.