Novo colaborador do Planeta Basket
 
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altO Planeta Basket, na tentativa de melhorar, não pára, e vai até onde é possível.

Desta vez é do Canadá que vem um dos mais prestigiados jornalistas da modalidade, Alexandre Franco que com os seus conhecimentos e a sua paixão nos vai falar daquilo que gostamos: de basquetebol.

Eis a sua apresentação.


José Alexandre do Nascimento Lemos de Ribeiro Franco, é o meu nome completo. Nasci na cidade da Beira, em Moçambique, no dia 22 de Janeiro de 1945. No entanto, apenas com meses de idade fui viver para Lourenço Marques, de onde saí em 1976. Passei a ser simplesmente o Alexandre Franco, quando comecei a ser jornalista do Notícias de Lourenço Marques, onde já o meu irmão assinava como Ribeiro Franco. Por isso optei pelo Alexandre Franco. Antes disso, para os mais amigos, era o Zé para aqui, o Zé para ali.

O meu percurso basquetebolistico começou com o apaixonar-me pela modalidade quando ainda tinha uns dez anitos de idade e morava perto do Ferroviário, para onde eu "fugia" nas minhas horas de lazer, para brincar com as bolas de basquetebol quando os craques de então, Luís Pina, António Alves da Fonseca, Adão Ribeiro e tantos outros eram por mim admirados. Entretanto, e com os meus 12 anitos, passei a frequentar as instalações do Desportivo de Lourenço Marques, particularmente por causa da piscina, para onde a minha mãe me levava todos os dias para eu aprender a nadar. Mas, o meu coração estava ligado ao Basquetebol, e o campo era mesmo ao lado da piscina, pelo que eu não perdia a mais pequena oportunidade para pedir aos encarregados da secção para me emprestarem uma bola para poder atirar ao cesto.

Esperei pacientemente pelos meus 14 anos, pois naquela altura não se podia jogar basquetebol antes dos 14 anos, idade para o primeiro escalão etário que era os Infantis. Na altura ainda não se sabia o que era o Míni-Basquete, o que foi implantado em Moçambique posteriormente.

Logo que completei os 14 anos, fui falar com o treinador dos Infantis do Desportivo, que era o Alberto Correia Mendes, o qual se virou para mim e me disse que já tinha a sua equipa completa e que não precisava de mais ninguém. Devem calcular como ficou traumatizada uma criança que tinha esperado com tanta ansiedade pelos 14 anos, para depois ser rejeitada. Claro que saí do meu primeiro clube do coração, o Desportivo (na altura filial do Sport Lisboa e Benfica), para entrar na porta ao lado que era das instalações do Sporting Clube de Lourenço Marques, onde fui recebido de braços abertos pelo Sr. José Lopes, treinador dos Infantis e Juniores do Sporting, o qual, de imediato me entregou todo o equipamento necessário para eu poder treinar. Passei, claro, a ser adepto do Sporting, o que ainda hoje acontece, muito por afinidade àqueles eventos quando eu tinha apenas 14 anos de idade.

Comecei os treinos e lembro-me perfeitamente da rivalidade que criei com o Nelson Serra. Quem era o melhor? Eu ou o Nelson? Coisas de miúdos.

Foi então que eu não tive a sorte que teve o Mário Albuquerque. Os médicos, na inspecção para poder praticar a modalidade, detectaram algo de invulgar nos meus batimentos cardíacos e acharam por bem que não deveriam autorizar-me a jogar. Hoje sei que era precisamente a mesma coisa que o Mário Albuquerque tinha, mas ele foi autorizado a jogar e eu não fui. Mais um balde de gelo em cima de mim. Mas nunca deixei de estar ligado à modalidade e de jogador passei a dirigente. Primeiro como seccionista, depois como Tradutor do Treinador americano (na altura Steven DeLapp, o primeiro americano a jogar e treinar em Moçambique). Foi então que usei a braçadeira de Treinador, mas era mais um T de Tradutor do que um T de Treinador. No entanto, na temporada seguinte, ainda como dirigente do Departamento do Sporting, convidámos o Professor Teotónio de Lima para ser o treinador do Sporting. Ainda me recordo como se fosse hoje. Ele recusou e disse-me para ser eu a conduzir os treinos segundo um programa que por ele foi traçado, só que isso despertou ainda mais o meu interesse na qualidade de treinador, e aproveitei a ida a Moçambique de um técnico americano, Bill Fitch, que foi dar cursos, tendo esse sido o meu primeiro diploma de treinador de basquetebol. Entretanto, o Sporting passou por diversos treinadores, Marques, Pina, Dave Adkins e outros.

Foi nessa altura que os dirigentes do Sport Lourenço Marques e Benfica (clube que tinha sido criado há muito pouco tempo), decidiram criar o Departamento de Basquetebol e convidaram-me para o fazer, alegando que "santos da casa não fazem milagres", querendo dizer que eu no Sporting nunca teria o reconhecimento devido. Felizmente, enganaram-se.

Concordei e fui para o Sport Lourenço Marques e Benfica em 1971, onde comecei por criar as equipas de Infantis e Juniores. No ano seguinte, tínhamos dois ou três jogadores que subiam a Seniores e eu disse aos dirigentes do Sport Lourenço Marques e Benfica que deveríamos criar um equipa Sénior para não perdermos aqueles jogadores que tanto gostavam do Benfica, mas disse que só o faria se mandássemos vir um bom jogador americano para equilibrar as nossas possibilidades. E assim fizemos. Mandámos vir o Mahlon Sanders, um excelente executante, com quem conseguimos bater a famosa equipa do Sporting de Lourenço Marques, do Mário, Nelson, Sérgio, Luís Almeida, Vítor Morgado, etc. por 93-92, com o Mahlon Sanders a marcar 80 pontos (e naquela época não existiam os cestos de três pontos). Nunca mais esquecerei, pois nessa altura eu e o Mário já éramos como irmãos e foi ele que me disse que o Luís Pina, que era o treinador do Sporting, tinha dito aos seus jogadores para não darem o chamado "centenário". Era "chato", pois o treinador do Benfica era o Alexandre Franco, que era amigo. E a verdade é que foi o Benfica que ganhou, naquela que terá sido uma vitória que nunca mais esquecerei na minha vida.

Na época seguinte, o Carlos Serra, Chefe do Departamento de Basquetebol do Sporting Clube de Lourenço Marques e irmão do Nelson Serra, convidou-me para regressar ao Sporting como treinador dos Juvenis (ex-Infantis) e Juniores. Foi então que tivemos duas épocas extraordinárias onde com os Juvenis nunca conhecemos o amargo sabor da derrota e com os Juniores, raramente. E na temporada seguinte, o Cató (Carlos Serra) convidou-me para treinar a equipa principal.

Quando concordei em ser treinador do Sporting, foi na condição de não ter qualquer vencimento, mas de ter, no defeso, viagens pagas aos Estados Unidos, para frequentar cursos na Meca do Basquetebol. E foi o que aconteceu. Tirei vários cursos em Universidades americanas, com grande destaque para o que aprendi com Lou Carneseca, um senhor do basquetebol americano na Universidade de St. Joseph em Nova York. Mas também aprendi muito com as coberturas de competições internacionais, como jornalista, do Eurobasket'73 em Barcelona, e do Mundobasket'74 em Porto Rico, tendo acompanhado a preparação de várias selecções nacionais, no primeiro caso da Grécia, pois tinha o Vasilis Goumas (que tinha jogado pelo Sporting em Moçambique), e no segundo caso a dos Estados Unidos da América.

Após os meus regressos dessas viagens tive sempre o cuidado de efectuar colóquios públicos para todos quantos quisessem estar presentes, independentemente dos seus clubes, para lhes transmitir o que tinha aprendido. Não foi por acaso que um sistema defensivo que se chama "Amoeba" tivesse deixado meio-mundo impressionado e o importante era a evolução da modalidade em Moçambique.

Foi então que primeiro fui convidado para Seleccionador de Moçambique de Juniores, numa digressão que fizemos a Angola, e, posteriormente, por Alberto Correia Mendes para Seleccionador-Adjunto da Equipa Principal de Moçambique que disputou os Jogos da Independência. Sim, o mesmo Alberto Correia Mendes que me tinha "recusado" quando eu tinha os meus 14 anitos e que depois da série de jogos que disputámos com a nossa congénere da Zâmbia, durante um jantar e perante todos os jogadores, recordou o que tinha acontecido há muitos anos e disse como estava tão satisfeito por ter aprendido muito com a minha colaboração, o que me deixou de lágrimas nos olhos.

De treinador dos Seniores do Sporting Clube de Lourenço Marques e da Selecção de Moçambique, parti para Portugal Continental, onde passados uns dias após a minha chegada a Lisboa, era convidado por Mário Saldanha (actual Presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol), para treinador do Queluz, na Primeira Divisão do Basquetebol Português, o que fiz com muito gosto, até ter partido para o Canadá, o que só aconteceu por causa dos estudos das minhas filhas. Em Portugal era treinador do Queluz e tinha um programa na Antena Um, que se chamava "Desporto no Mundo", mas quando começava a orientar a minha vida em Portugal tive que optar pela educação das minhas filhas, uma vez que em Lisboa, em 1976, a situação era muito confusa e não conseguíamos encontrar um estabelecimento de ensino para elas.

Foi então que optei por Montreal, para onde fomos viver. Ainda mantive a minha actividade de treinador de basquetebol durante cinco/seis anos, como treinador do basquetebol colegial, no Maissoneuve College de Montreal. Entretanto, as minhas filhas concluíram os seus estudos universitários e quiseram regressar a Portugal, o que fizeram.

Eu, tive uma proposta muito aliciante para vir trabalhar para Toronto, para a Rádio e Televisão, que aceitei... E, desde então, a minha vida tem estado directamente ligada à Comunicação Social. Rádio, Televisão e Jornais, sendo actualmente o Director e Proprietário do Jornal Luso-Canadiano Post Milénio, o qual pode ser visto online no www.omileniostadium.com

Agora, com 63 anos de idade, o que mais gosto de fazer na vida é visitar Lisboa com tanta frequência quanto possível, para poder estar com as minhas filhas, com os meus amigos de sempre, Mário Albuquerque, Nelson Serra, João Romão, Samuel Carvalho, José Pedro Flores Cardoso... E tantos outros moçambicanos, como o Mário Ramalho, o Artur Gama da Fonseca, e muitos mais.

Vivo actualmente numa cidade que se chama MIssissauga, uma espécie de "dormitório" de Toronto, tal como a Amadora está para Lisboa, onde tenho a minha "palhota" e me sinto muito feliz na companhia da minha mulher."
 
Não poderia recusar de maneira nenhuma o convite do Planeta Basket, para falar daquilo que gosto e sempre gostei. Contem comigo.
 
Alexandre Franco

 

 

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