Na A.C. Moinho da Juventude basquete estimula valores
 
Faixa publicitária
Localização: HOME BASKET CLINIC TREINADORES ARTIGOS DIVERSOS Na A.C. Moinho da Juventude basquete estimula valores

Na A.C. Moinho da Juventude basquete estimula valores

Enviar por E-mail Versão para impressão PDF
Avaliação: / 2
FracoBom 
Conheci o Daniel, mais precisamente o Carlos Daniel Nascimento (ou “Dinhela” para os minis e amigos), no breve período em que trabalhei na Associação de Basquetebol de Lisboa. Foi num dos muitos convívios que então organizei no Pavilhão da Ajuda, no ano de 1998, já lá vão mais de dez anos. Foi também nesse momento que tive conhecimento da existência da Associação Cultural Moinho da Juventude.
 
Estava eu num Domingo de manhã no Pavilhão da Ajuda, quando vi entrar de uma forma muito disciplinada e ordeira e muito bem vestidos com um equipamento azul-turquesa 24 crianças, na maioria cabo-verdianas, enquadradas por um jovem. Desde logo me apercebi que havia uma grande preocupação com o comportamento destes minis, que constituíam duas equipas. Nos jogos o jovem treinador, não os deixava discutir com os “amigos” que estavam a arbitrar, nem com os adversários. Terminado o tempo de jogo havia logo, uma grande preocupação com comportamento no cumprimento cordial aos “amigos” e adversários. Seguidamente sentavam-se todos sossegados na bancada e esperavam que um dos minis, vim a saber mais tarde que era o capitão da equipa, fosse levantar um pequeno reforço alimentar, que era distribuído pelos outros minis, que pacientemente esperavam sentados pela sua vez.
 
 

Era evidente que havia, claramente regras e disciplina, na condução daquelas duas equipas. A forma como as regras eram acatadas por todos despertou a minha curiosidade, pelo que me dirigi ao Daniel e disse que gostava de conhecer melhor a dinâmica daquele clube. Uns dias mais tarde a meu pedido o Daniel passou em Algés pela Associação de Basquetebol de Lisboa e tive então a oportunidade de ficar a saber um pouco mais sobre a Associação Cultural Moinho da Juventude da Cova da Moura.

As origens do bairro da Cova da Moura confundem-se com o período do 25 de Abril e com o aparecimento de vagas de emigração resultantes, entre outras causas, da independência da ex colónias. Sem grandes condições para refazer as suas vidas começaram a estabelecer-se no Alto da Cova da Moura na periferia de Lisboa.

Segundo dados do site da Associação Cultural Moinho da Juventude, em 1990 a população residente no bairro era de 3.746, sendo que mais de 50% dos agregados são de origem africana e são os que maior número tem de pessoas, por agregado. Actualmente, estima-se que sejam cerca de 6.000 habitantes, sendo 60% de origem africana e há uma elevada percentagem de população jovem no bairro. Cerca de 50% desta população corresponde à faixa etária abaixo dos 20 anos de idade.

É neste contexto, fruto de um trabalho informal de animação de crianças, organização de mulheres e luta pelo saneamento básico, que surge nos primeiros anos da década de 80 a Associação Cultural Moinho da Juventude. Este projecto comunitário foi construído pelos próprios moradores que se confrontavam com problemas comuns e que através duma acção conjunta foram alargando e consolidando os alicerces e objectivos da sua acção. Em 1987 a Associação foi oficialmente constituída por escritura pública.

As actividades da Associação desenvolvem-se a nível social, cultural e económico, e nas mesmas estão envolvidas muitas crianças e jovens. Assim por iniciativa do Daniel surge o minibásquete e o basquetebol, como uma actividade atractiva para esta comunidade, tendo objectivos prioritários a prevenção primária de comportamentos de risco; a formação moral, emocional e afectiva e o desenvolvimento pessoal e social, estimulando a auto-estima/autoconfiança, dinâmica de grupo e espírito de equipa.

Com o Daniel aprendi muito. Fiquei a saber os meios e as formas que utilizava para conseguir comportamentos adequados e que o sucesso ou insucesso deste trabalho não passava pelo número de vitórias e derrotas, pelo número de jogadores que eram formados, mas pela aprendizagem de comportamentos sociais adequados. Foi aqui que eu comecei a admirar cada vez mais o trabalho e dedicação do Daniel, pois para quem tinha como objectivos o desenvolvimento social da criança e nas condições em que trabalhava, conseguia aquele rigor no comportamento das suas equipas e não sendo esse o objectivo, em simultâneo conseguia ensinar basquete, só podia ter a minha profunda admiração.

No ano 2000 quando entrei na Federação, como responsável pelo minibásquete seleccionei o Daniel, que então tinha apenas o Nível 1 de treinador e era um ilustre desconhecido no seio do basquetebol, para enquadrar os minis portugueses que se deslocaram ao Jamboree Europeu em São Remo na Itália. Essa decisão revelou-se acertada, pois pude ouvir da boca do Maurício Mondoni, especialista no minibásquete de renome internacional, que o Daniel era um monitor de jamborees de elevada qualidade.

Desde então, temos histórias em comum, e a nossa amizade foi-se fortalecendo. O Daniel foi colaborador assíduo de múltiplas incitativas do Comité Nacional de Minibásquete da FPB. Segui com atenção o seu crescimento como treinador, no Queluz e no Benfica, até à presente época. Actualmente sei que interrompeu a sua actividade no basquetebol, para retomar os estudos, mas não deixou de acompanhar o seu projecto, que já deu vários jogadores ao basquetebol e muitas alegrias e viagens aos minis da Cova da Moura. Sempre atento, passou o testemunho a uma dedicada equipa de enquadramento, composta por Ademar Nascimento, Eliseu Vaz, Erickson Gomes, Sócrates Lima e Miguel Fernandes.

Costumo dizer que se os projectos são importantes, mais importante é  o valor de quem os põem em prática. Apesar de nunca ter jogado basquetebol federado, o “Dinhela” tem uma enorme paixão por esta modalidade. Sei que no minibásquete e posteriormente no basquetebol fez muitos amigos, pelo que terminados os estudos, esperamos todos, que volte.
 
 
 
 
 

Comentários 

 
0 #2 Hugo Ribeiro 07-09-2014 17:07
Sem dúvida onde há disciplina há também um enorme esforço para mantê-la, sobretudo nesta sociedade onde está pobre de alguns valores salutares. Por isso parabéns ao "dinhela", Ademar e a todos que diariamente enfrentam a realidade de demonstrar uma resposta positiva do bairro.
Citar
 
 
+1 #1 Ademar Nasciemto 20-05-2013 13:11
OLÁ SAM PAYO ARAUJO É O ADEMAR NASCIMENTO irmão do dinhela estou muito contente por tudo que aqui foi dito por ti e deixou me orgulhoso por ele e pelo trabalho que ta a ser realizado por nos no MOINHO.
Este teu texto sobre ele vem mesmo ao encontro do que eu quero fazer que é uma homenagem a ele pelos 18 ou 19 anos que o nosso basket(moinho) tem e gostaria de saber se estarias enteresado em participar com um video falando um pouco dele ou com fotos ou mesmo a tua presença mesmo sabendo que é muito dificil porque todos nos temos a nossa vida preenchida.
Deixo o meu contacto se puder ligue 962050176
OBRIGADA MOINHO DA JUVENTUDE
Citar
 
 

Facebook Fronte Page

Buscas no Planeta Basket

Wilson Basketball

  • Treinadores

  • Lendas

  • Resultados

Sample image Canto do Treinador Exercicios, comentários, artigos, etc...ver artigos...

Sample image Lendas de Basquetebol Quem foram as personagens marcantes da modalidade. ver artigos...

Sample image Resultadoos e Classificações Todos os resultados na hora... Ler mais...

Facebook Side Panel

 
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária