O convite do Comandante San Payo Araújo (como me custa tratar assim alguém que conheço há muito tempo e identifico de um modo bem mais informal) levou-me pelos caminhos da memória até à época 1974/1975 e à procura de papéis guardados desde essa altura (manias…), revendo reuniões, treinos, exercícios, calendários, estatísticas, tudo muito rudimentar, eu sei, sobretudo face ao mundo informático dos dias de hoje, mas que me ajudaram a “viajar” até àquela experiência vivida no CIF, em circunstâncias quase heróicas.
Revi nomes (Mário Silva, Carlos Costa, Zig, Rui Martins e Zé Carlos, Tói, Pina, Mendão, Bruno, Sidónio e Francisco Fernandes a que tenho de juntar o sr. Ilídio). Como gostava de saber de alguns deles!
Recordei aquela experiência única, para mim, de treinar uma equipa de seniores, alguns mais velhos que eu, sem poder estar com eles em todos os treinos (eu jogava e treinava no Algés…) e de orientar os jogos, normalmente na Ajuda, aos quais chegava sempre com uma sensação terrível de ”estar a mais”, quase de intruso, pela falta de contacto diário que a preparação de uma equipa exige. Não pude deixar de me lembrar daqueles treinos em alcatifa, particularidade do ginásio onde treinávamos que nunca mais encontrei. E pensei na dificuldade que tive, durante esse ano, de conciliar mais uma actividade em que me envolvi, sempre ligado ao Basquetebol, a primeira fora do meu Algés, na qual o desafio da situação e a sua novidade ganhou à racionalidade e à segurança da resposta negativa que não fui capaz de dar.
O Álvaro Saraiva fazia parte dessa equipa. Era, creio eu, o mais novo, e foi aí que estabelecemos o nosso primeiro contacto. Sério, atento, respeitador, com sinais de maturidade que lhe davam um estatuto particular no grupo e uma aceitação fácil pelos companheiros, esteve longe de ser um dos mais utilizados, sem que isso fosse obstáculo para ser um dos mais assíduos aos treinos. Franzino, mas com uma grande vontade de aprender, continuou mais tarde a ser franzino e com uma vontade enorme de ensinar.
Depois acompanhei à distância a sua carreira de treinador e sempre que falávamos revia as suas preocupações para com uma correcta intervenção do treinador, os bons exemplos que lhe cabem assumir, uma postura de acção sobre os jovens praticantes que deve ir para além do treino e da competição, uma atenção distribuída por todos independentemente das suas capacidades.
Não fiz um acompanhamento frequente nem pormenorizado do seu trabalho. Tal como acontece muitas vezes, pessoas que num dado período convivem com grande proximidade afastam-se e perdem as suas ligações. Mas constatei que continuou a manifestar uma elevada paixão pelo Basquetebol, dando-lhe agora os contornos daqueles que querem ser treinadores.
Um abraço para o Álvaro