Uma equipa sénior resulta da formação ou é a formação que deve produzir aquilo que a equipa sénior precisa?
Seja como for, a lógica diz-nos que o futuro de todo o jovem está no mundo sénior. Pensamos que os temas tratados neste artigo fazem sentido e aplicam-se a qualquer nível.
Evidentemente que a um nível mais elevado a exigência é maior, mas a ideia de melhorar aplica-se em toda a vida. Cremos ser bom generalizar o conceito de que o facto de jogar nos infantis ou cadetes não significa que se acabe em sénior nesse mesmo clube.
Falando com pessoas de diversas procedências, mentalidade, capacidade e motivação chegamos a algumas conclusões sobre as razões por que alguns treinadores assumem o treino de jovens e não os seniores.
Há quem o considere um passo necessário para a aprendizagem “vou começar a minha carreira de treinador começando pelos minis porque sou muito jovem”. Outros, fazem-no por vocação durante muito tempo e com prazer. Um terceiro grupo sente-se frustrado por não poder treinar outro escalão. Este é o grupo mais perigoso, porque utiliza o jovem nas suas “experiências” e de certa forma desvirtuando o mundo sénior “os seniores não me interessam”. Provavelmente não estará interessado, mas o facto é que tem a responsabilidade de o preparar para lá chegar.
É fácil fugir às nossas responsabilidades, mas, é impossível fugir às consequências de termos fugido às nossas responsabilidades.
Finalmente há outros, entre os quais me incluo, influenciado pelas circunstâncias mas sobretudo empenhado em ajudar. È nesta posição privilegiada em que nos encontramos que analiso o trabalho a realizar sempre na perspectiva de preparar estes jovens para aquilo que vão encontrar.
Cremos que a pergunta chave é esta. Preparamos os jogadores para quê? Ou melhor, estaremos realmente plenamente conscientes de que o nosso principal objectivo é preparar o futuro? Há muitos equívocos a justificar a nossa falta de recursos como por exemplo dizer que o objectivo é disfrutar. Falso, o objectivo é melhorar e competir Disfrutar é uma consequência da aprendizagem, da competição e da superação. O basquetebol é um jogo mas, não se esgota aí. A qualquer nível o jogador encontra motivação se sente que aprende, compete e se aquilo que dele exigem está de acordo com as suas capacidades reais.
Por este motivo estamos convencidos de que não existem 2 “basquetebóis” e portanto, há que os unir. Sendo assim, pensamos que o enfoque deve ser dirigido para ajudar o jogador nos seguintes aspectos que constituem o ecossistema do jogador de basquetebol:
- Autoconhecimento para definir o ponto de partida e o caminho a seguir, potenciar o que sabem e podem fazer, identificar os defeitos e, se possível, corrigir.
- Mentalidade competitiva omnipresente.
- Mentalidade de sacrifício e esforço.
- Nível defensivo.
- Disciplina de jogo. Sistemas, zonas e outros recursos para adquirir bagagem técnica e identificar que o basquetebol é um jogo colectivo.
- Alto nível de exigência, consigo próprio também.
Seguramente que há mais coisas importantes que em todo o caso, derivam das anteriores. Então quando vemos num jogador capacidades para desenvolver estes factores estamos a falar de um jogador com potencial. Por outro lado, um jogador mesmo que se saliente na sua idade mas, sem vontade e capacidade de crescer naquele ecossistema, não é uma boa oferta.
Por isso o jogador a oferecer deve ser aquele porque se ajusta à procura.
As pessoas mudam quando dão conta do seu potencial para mudar as coisas (Paulo Coelho).