Depois da época de ouro do Núcleo Sportinguista de Leiria e do Sporting Clube Marinhense na 2ª Divisão B, passando pelo Título da CNB2 conquistado pelo clube da Embra - Marinha Grande em 2001, o Gaeirense, clube sediado nas Gaeiras - Caldas da Rainha - conquista o direito desportivo de participar na fase final desta prova, especificamente na zonal sul.
 
Foi por pouco que não se repetia o feito da época de 1997/1998, em que o Núcleo Sportinguista de Leiria e o Sporting Clube Marinhense a disputarem a fase final desta prova, tendo inclusive o clube de Leiria conquistado o direito a subir à então 1ª divisão. Desta feita seria o Clube Stella Maris a alcançar esse feito, não fosse o Gaeirense ter perdido na Chamusca, possibilitando ao clube da Associação de Santarém seguir em frente na prova.

Procurando saber um pouco mais sobre esta proeza abordámos o Treinador principal deste grupo, Luís Almeida. Ex-atleta internacional, tendo feito parte de equipas históricas do nosso Basquetebol - Sporting Clube Lourenço Marques, Olivais, Académica de Coimbra - Luís Almeida passou por realizar um trabalho significativo no Colégio São Teotónio em Coimbra, Passando pelo Núcleo do Desporto Amador de Pombal.

Nesta sua nova experiência como treinador de seniores, num clube da AB Leiria, quisemos saber algo mais sobre este clube que apenas se dedica ao Basquetebol sénior de há alguns anos a esta parte.
 
É a primeira vez que o Gaeirense se apura para uma Fase Final desta prova. Há um sentimento de dever cumprido? Ou ainda é latente um desejo por mais conquistas?
 
O sentimento do dever cumprido não tem a ver própriamente com o apuramento para a Fase Final, mas especialmente com o facto de se ter conseguido chegar aí, procurando fazer sempre o melhor possível, dentro das limitações várias de que enferma a generalidade do basquetebol português e em especial esta Divisão, onde se encontram equipas sem treinador, equipas com reduzido número de atletas, equipas constituidas só pela carolice de 2 ou 3 que querem continuar a jogar, etc.

E já que se conseguiu chegar a este ponto, pelo menos em relação a mim, como treinador, a ideia é a de se procurar alcançar a subida à CNB1, pois só assim poderemos trabalhar com mais motivação e afinco e obter uma posição classificativa honrosa, no caso de não alcançar o objectivo principal.

Sublinho, já agora, que eu só andarei nestas lides e funções enquanto sentir esse desejo de novas conquistas, conquistas essas que não quer dizer necessáriamente ganhar competições e titulos, mas passa especialmente pela conquista de conseguir transmitir aquilo que sei e procurar dar um pouco do muito que este maravilhoso jogo (o melhor do Mundo...), me deu.
 
Quais os segredos para terem conseguido terminar, eventualmente sem derrotas nesta primeira fase?
 
A experiência de tantos e tantos anos ligado ao Basquetebol, como jogador, árbitro, dirigente e treinador, torna-me consciente de que não há segredos nestas coisas, pois tudo se resume a trabalhar o melhor possível, dentro das limitações já anteriormente referidas, a par de se ter um grupo unido, coeso e que tenha capacidades fisico-atléticas e técnicas capazes de se conseguir os tais objectivos realistas e não os impossíveis, como se procura sempre ensinar aos nóveis treinadores (e estes que têm logo a responsabilidade de treinarem os escalões onde tudo é mais importante e fundamental, em que se se queimam etapas já não é possível o retorno, porque o tempo depois de passado, não volta atrás).
 
O que levou um Treinador de Coimbra a deslocar-se para o Sul do distrito de Leiria com o intuito de dirigir uma equipa da CNB2?
 
Primeiro que tudo a paixão pelo Basquetebol. Depois uma conjugação de outros factores, tais como, ter-me reformado e ter sido, para tal, desencaminhado pelo António Dias a quem me ligam laços de amizade desde a nossa infância, na Beira, Moçambique.
 
O Gaeirense é uma equipa com potencial para subir de Divisão?
 
Seria mais fácil para mim dizer que não, mas tal contituiria, só por si, alguma contradição com o que digo anteriormente, no que respeita ao grupo de jogadores, mas fundamentalmente, digo-o, por achar que há um grupo com capacidades. Mas é verdade que não conheço as capacidades das equipas das outras séries e as referências são de qualidade elevada, para esta Divisão, principalmente no que diz respeito à equipa de Palmela e aos Salesianos de Évora. Mas também resultante da tal experiência referenciada atrás, preocupo-me mais com aquilo que a minha equipa pode, deve e tem que fazer, atendendo aquilo que me parece ser a qualidade de uma parte razoável da equipa.

Prentende o clube e a equipa técnica utilizar este feito desportivo para promover o Basquetebol? Nomeadamente através do fomento da modalidade junto dos mais novos?

No que a mim diz respeito a vontade disso acontecer é total e aliás foi até objecto da minha primeira observação, aquando do primeiro contacto formal, pois logo aí referi que era fundamental e para tal me disponibilizava, começar imediatamente com o escalão de Minibasquete. Várias tentativas têm sido feitas pelos reponsáveis pelo Basquete do Gaeirense (não confundir com a Direcção do Clube...) para uma ligação às Escolas do 1º e 2º Ciclos, através da Camara de Óbidos, mas até ao momento nada avançou, ao bom estilo português.
 
O que se espera do Gaeirense no futuro?

A resposta a esta pergunta entronca na anterior, pois que, pelo menos para mim, não há futuro sem formação. No entanto, já percorri tanto caminho que tal me leva a concluir que a noção de futuro não é, para esta situação, a mesma para toda a gente. Infelizmente...