Não sou apologista de modas e chavões. Tenho alguma dificuldade em lidar com o tão em voga “politicamente correcto”. Vem isto a propósito de frases e afirmações tantas vezes proclamadas e tantas vezes tão desrespeitadas.

“Sem formação não vamos a lado nenhum!”

“A prioridade das prioridades passa pela generalização da prática e por um maior investimento nas primeiras etapas da formação dos praticantes.”

“Temos que sair da cauda da Europa, em termos de praticantes desportivos federados.”

Em conversa amena ou em fóruns todos concordamos com estas afirmações, contudo uma coisa é o discurso outra é a prática do dia-a-dia e, salvo honrosas excepções, na realidade não são muitos os que se preocupam, com sinceridade, com a formação dos mais jovens, nomeadamente das primeiras etapas. O problema, da distância ou contradição entre o discurso e a prática atinge todas as modalidades, umas mais do que outras, e é salvo melhor opinião, transversal, passa pelo estado, autarquias, federações, associações e clubes. Nos diversos níveis mencionados não existe investimento, que verdadeiramente, vise o desenvolvimento das primeiras etapas de formação. Os projectos que vão surgindo a nível dos clubes e que, face às condições existentes, tem qualidade, normalmente acabam muitos por não terem continuidade.

Apesar de tudo, sendo em Portugal, os clubes a célula mais importante do tecido desportivo, há neste âmbito, no universo do basquetebol, felizmente clubes que dão importância à formação e devem ser apontados como exemplos de boas práticas a seguir. Resultante das minhas funções sou, naturalmente, muitas vezes questionado, à semelhança do que se passa em Espanha, sobre a realização de um evento para selecções regionais de Mini-12. Se calhar em vez de compararmos o telhado de uma casa, a Festa do Minibásquete no país vizinho é o corolário de um trabalho de profundidade, devemos comparar os fundamentos dessa casa e a partir daí tirarmos conclusões sobre a necessidade e pertinência dessa competição.

A grande deficiência do desporto português, ao longo dos tempos, tem sido a falta de uma estratégia consistente e contínua num sector tão importante como o da formação das primeiras etapas. As casas e as pirâmides, que duram eternidades, não se constroem a partir do vértice.