O Manuel Campos tem sido ao longo dos anos, um modelo e uma referência. Infelizmente, nem sempre distinguido e reconhecido como seria justificado.
Jogador de uma capacidade técnica acima da média era, em simultâneo, disciplinado e rigoroso de um ponto de vista táctico. Para ele, vinha sempre em primeiro lugar, a equipa e o objectivo colectivo a alcançar. Com capacidade para emergir como a verdadeira individualidade que era, preferia sempre entregar-se ao serviço do todo maior que a soma das partes. Sempre que me perguntam para dar um exemplo de um jogador de equipa, é dele que me lembro!
Fisicamente, um espectáculo! Eram únicos, aquela impulsão vertical, aquela “suspensão no ar”, aqueles pés a rodopiar num verdadeiro bailado! Foi através do Manuel Campos, a primeira vez que vi um jogador de basquetebol não sofrer os efeitos da força da gravidade.
Mais tarde, só o Michael Jordan me impressionou tanto!
Fui seu treinador. Mais velho e experiente que eu, jamais se colocou nos “bicos dos pés”. Que lição de humildade e vontade de ser útil à equipa e servir, mais do que servir-se. O estatuto que já tinha naquela altura na modalidade, teria permitido que, face ao jovem treinador, tivesse por vezes, alguma atitude e comportamento menos adequado, alguma sobranceria.
Nem pensar! Não da parte do Manuel Campos! Aquilo a que muitos de nós se habituaram a designar como “um senhor”.
Com a diferença que, para além daquela postura discreta e educada ao serviço do colectivo, tinha sempre um sorriso, uma piada, cujo impacto emocional nos deixava ainda mais disponíveis para o admirarmos e adorarmos tê-lo como companheiro de equipa. Ou como parceiro com os “pezinhos debaixo da mesa”…
Mais tarde, enquanto colega treinador, começámos uma relação mista, entre pessoal e profissional. Amigo do seu amigo, leal até “dizer chega”, incapaz de gerar um conflito, o Manuel Campos foi sempre daquele tipo de pessoas a quem só temos de agradecer pelo prazer que nos proporciona a sua companhia.
Quanto à sua conhecida paixão pelo basquetebol, estamos conversados!
Esteve e estará sempre na linha da frente daqueles que sabem a importância de ir deixando atrás de si a herança representada pelos jogadores e treinadores a quem ensinou e maravilhou através da sua permanente disponibilidade pessoal e profissional.
“Ganda” Manel!
Estamos juntos, como diz a rapaziada que ainda agora pergunta lá por Luanda “Mas afinal quando é que o “Manel” vem visitar-nos?”.
Respondi-lhes, “em breve, pessoal”! Somos muitos os que o queremos por perto e ele nem sempre consegue chegar a todos!