Eles são conhecidos como técnicos. É um trabalho difícil, sem facilidades no seu caminho para atingir o objectivo.
Não é possível um copiar o outro que já seja vencedor, porque existe uma composição oculta de personalidade que permite a uma pessoa liderar com êxito e ninguém sabe o por quê.
Os que têm conseguido êxito e os que não, representam vários tipos: jovens e idosos, experientes ou não, exigentes e tranquilos, orgulhosos, mal educados, dedicados, desinteressados etc.
Uns são mais dedicados que os outros, mas ter apenas dedicação não é suficiente. Uns são mais inteligentes que os outros, mas só inteligência não é o bastante. Todos querem ganhar, mas uns querem mais que os outros. Mas até ganhar, frequentemente, não chega. O mais habitual é que os perdedores sejam dispensados, mas, às vezes, os vencedores também o são.
Estão sempre a ser julgados publicamente, no dia a dia, meses ao ano, por pessoas que são e, muitas vezes, não são, capacitadas para julgá-lo. Cada vitória ou derrota é registada nos meios de comunicação e os resultados são consecutivamente somados.
Eles não têm esconderijo. Não podem abandonar seu trabalho à sorte e pensar que ninguém notará, como a maioria das outras profissões permite.
Raramente eles podem satisfazer a muitos, raramente eles se satisfazem a si próprios. Se ganham uma vez, têm que ganhar a outra também.
Eles planeiam vitórias, sofrem nas derrotas, aguentam os críticos dentro e fora do jogo. Eles negligenciam suas famílias, viajam constantemente, vivem sob as luzes dos holofotes sozinhos, mesmo se cercados por muitas pessoas. São seres solitários.
A profissão deles pode ser a pior. Demasiadamente exigente, insegura, cheia de pressões contínuas. Por que eles se sujeitam a essa vida? Por que gostam tanto da profissão?
Tenho-os visto elogiados como génios na imprensa e também os tenho visto dispensados com palavras duras. Eu vejo-os exultantes nas vitórias e deprimidos nas derrotas.
Tenho visto alguns quebrados pelo trabalho e outros que morreram por causa dele. As pessoas têm que admirá-los e esperar que um dia o mundo consiga entendê-los.
FONTE: Boletim técnico, ano 10, nº 23 de Novembro de 1987 da extinta BRASTEBA (Associação Brasileira de técnicos em basquetebol)