Uma fábrica de jogadores
 
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Uma fábrica de jogadores

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altGoran Nogic é o Coordenador da Formação de Basquetebol do SL Benfica. Nascido na Sérvia em 1971, Goran trabalhou em diversos clubes do seu país natal, onde se destaca o Partizan Belgrado.

Depois de uma passagem pela Simon Frazer University (Canadá), chegou a Portugal em 1999, onde passou pelo Estoril, Imortal e Barreirense, antes de chegar ao clube da Luz. Na sua visão sobre o basquetebol português, percebe-se essa experiência acumulada em diferentes países.


Como está organizada a formação do Benfica? Quantos atletas, treinadores e equipas trabalham no clube?
Toda a coordenação da Formação de Basquetebol do SL Benfica, está organizada em duas vertentes: Coordenação Técnica e Coordenação de Projectos, sempre directamente apoiada pelo Director Geral das Modalidades, o Sr. Carlos Lisboa.

Ao mesmo tempo as equipas são divididas e orientadas em quatro áreas de intervenção:
1. Captação (Equipas de Mini Basquetebol Sub-8, Sub-10 e S-12B)
2. Preparação para competição (Equipas B, C, e Sub-12A)
3. Equipas de competição (Sub-19f, Sub-18, Sub-16f, Sub-16, Sub-14f e Sub-14)
4. Equipa Sub-20 (participa como equipa “B” no campeonato CNB1)

Na época em curso, o número total de atletas é de 241 jovens rapazes e raparigas, distribuídos por todos os escalões de formação, num total de 16 equipas. Com eles diariamente trabalham 15 treinadores e 4 monitores, apoiados por 14 seccionistas.

Para ti, qual a importância dos resultados escolares na evolução de um atleta?
Há muitos exemplos de bons alunos e bons atletas, mas também há jogadores de classe top, que não tiveram sucesso escolar. De qualquer modo há um paralelo entre a aprendizagem em escola e a aprendizagem em campo, ou seja, o atleta que aprende com facilidade na escola, muitas vezes aprende com mais facilidade nos treinos. A aprendizagem é só uma parte do sucesso, porque uma maior evolução na escola depende principalmente do volume e qualidade do estudo, enquanto a evolução de um atleta depende da sua entrega no treino e no volume de repetições que o treino proporciona. A mensagem que estamos passar para os nossos atletas, é que o sucesso desportivo pode-nos facilitar a vida depois da carreira, mas, só se tivermos sucesso ao nível académico antes e durante carreira profissional como atleta.

Consideras fundamental que um jogador passe pelos diversos escalões de formação ou parece-te melhor que o jogador seja colocado a jogar contra atletas mais velhos, de modo a enfrentar maiores desafios?
Não se pode dar uma resposta geral a uma pergunta se é bom “queimar etapas” ou não. Na nossa formação cada caso é analisado como um caso e é conforme os objectivos que se pretendem alcançar, que se toma uma decisão. O principal critério tem a ver com as capacidades físicas do jogador, e as possibilidades que o mesmo tem para enfrentar a força e a intensidade dos mais velhos, sem prejudicar a sua saúde. Em segundo lugar, está a necessidade de manter, pelo menos, as mesmas oportunidades (tempo de jogo) no escalão mais velho, como no seu escalão etário. Por último, só vale a pena subir de escalão, se o jogador tem capacidades psicológicas para se manter como líder durante os treinos e jogos, da mesma maneira como liderava o grupo onde era dominante. Por tudo isto, estas decisões têm que ser tomadas depois de uma análise profunda, porque “a jogar contra atletas mais velhos”, em geral, pode ser bom só se o jogador estiver bem enquadrado, acompanhado e orientado.

O campeonato nacional de sub-20 tem sido muito criticado. Para ti, faz sentido a sua existência?
Em geral sou muito mais crítico em relação à forma como se disputa o Campeonato Nacional de Sub-20, do que se faz sentido existir ou não. Talvez o ideal seria um Campeonato de Sub-19, onde fosse permitido que jogassem 2 ou 3 jogadores do escalão Sub-20. O problema é que as equipas do Sul que não se apuram para Fase Final, nunca jogam com equipas do Norte, e assim tem-se um “Meio” Campeonato Nacional. Às vezes as equipas fazem mais jogos-treino com equipas de Espanha do que com equipas a Sul ou Norte do nosso Pais. Por outro lado, entendo que, existindo 38 equipas a disputar estes campeonatos, nem todos jogadores destas equipas poderão vir a jogar nas equipas dos Campeonatos CNB2, CNB1, Proliga ou da Liga.

No crescimento de um atleta, qual a importância de passar pela equipa B?
No crescimento de um atleta, o mais importante, são as horas e a qualidade do trabalho. Passar por uma equipa B ou ser emprestado a uma outra equipa, é só um “upgrade” na sua formação. De qualquer maneira, para os jogadores jovens do nosso clube, nas últimas três épocas, foi muito útil jogar integrado na equipa “B” a disputar a CNB1, principalmente logo no início de campeonato, enquanto todas as outras equipas estão ainda motivadas e bem treinadas.

Este ano, o Benfica optou por emprestar uma série de jogadores a outras equipas. Qual o objectivo do clube ao tomar esta decisão?
A decisão sobre se um jogador vai fazer parte do plantel da equipa principal ou não, é sempre uma decisão que tem de ser tomada, em “exclusividade”, pela equipa técnica do plantel principal. Só os técnicos da equipa sénior sabem qual o estilo de jogo que desejam e vão utilizar, com que sistemas defensivos e ofensivos vão atrair os nossos adeptos e sócios, e como vão trazer alegria aos mesmos, através das vitórias, que no fundo, na maior parte das vezes, são os parâmetros de sucesso. Assim, com naturalidade, eles podem (ou não) escolher um jogador da formação para fazer parte da equipa principal, como podem, também, escolher (ou não) qualquer outro jogador mais experiente, para poder realizar os objectivos do clube. Por outro lado, os próprios jogadores emprestados, mostraram interesse em ter mais espaço para jogar, e até agora estamos muito contentes porque todos eles mostram, cada fim da semana, o seu potencial e qualidade. Por último queria aqui dizer que todos membros da nossa formação estão muito orgulhosos e motivados para continuar a desenvolver o mesmo trabalho, por já termos conseguido “lançar”, este ano, 4 jogadores para nossa Liga principal do basquetebol português.

Dos jogadores que tens no Benfica B, quem te parece que poderá vir a ter projecção no Basquetebol internacional? Porquê?
Primeiro, os jogadores não são meus, são do Benfica, e eu sou apenas treinador deles, que é só um dos muitos “parafusos” da nossa “fábrica”, que tem, exactamente, como principal objectivo criar uma representativa e verdadeira Escola de Basquetebol, uma única ”fábrica de jogadores de basquetebol” a nível nacional, onde o “produto final” será “um” jogador de basquetebol com qualidade para jogar ao nível internacional. Sobre nomes claro que não quero destacar ninguém, porque eles próprios têm que se destacar com a sua evolução, como, por exemplo, já o fizeram o Cristóvão Cordeiro, o Tomás Barroso, o Antonio Monteiro, o Diogo Correia…

Todos eles sabem que se não quiserem trabalhar, 6-7 horas por dia, de certeza absoluta que há espanhóis, gregos, sérvios, lituanos… que querem. A minha mensagem a todos os jogadores com potencial e ambição é sempre a mesma: “se já não tens a certeza se trabalhas melhor do que outros, pelo menos só de ti depende se vais trabalhar mais do que os outros”. Ou alguém acha que por exemplo o Sérgio Ramos ou a Mary Andrade tiveram sucesso internacional só por causa de seu talento?

No resto da Europa, encontramos jogadores com 17 e 18 anos a disputar as competições principais de seniores (nos nacionais e nas provas europeias). Porque achas que, em Portugal, só encontramos na Liga Profissional jogadores com mais de 20 anos?
É verdade. Por exemplo, o Partizan de Belgrado, este ano, tem na sua equipa 6 jogadores com 20 anos e joga de “igual por igual” na Euroliga e NBL Liga (Liga Adriática) e, no ano passado, mesmo assim, participou na Final Four da Euroliga. No último Campeonato de Mundo, a Selecção Sérvia apresentou talvez a equipa mais nova de todos campeonatos e há dois anos sagrou-se Vice-Campeã da Europa. Ao mesmo tempo foi uma das equipas mais atractivas, pelo basquetebol apresentado.

Mas para que isso aconteça deve existir, na minha modesta opinião, duas coisas:
1.º Coragem do treinador;  
2.º Horas e horas passadas em pavilhão a treinar os jovens jogadores.

Mas, em princípio nem se deve falar do 1.º ponto, se existirem poucos treinadores que estejam disponíveis e interessados a dedicar-se ao ponto 2.º. Ou podemos colocar as coisas assim:  Se um treinador dedica 6 ou 7 horas a um jovem jogador todos os dias, para trabalhar e melhorar o desempenho dele no campo, não é totalmente lógico que o mesmo treinador queira mostrar o seu trabalho no jogo? E precisa de coragem para isso? Na minha opinião, coragem vai precisar, só quando não tem a certeza que o seu trabalho tem qualidade, e assim “tem de arriscar”.

Em que nível te parece estar o Basquetebol português? Parece-te possível que, a médio prazo, possa aproximar-se dos melhores níveis europeus?
O basquetebol português está muito melhor do que há 11 anos quando eu cheguei a Portugal, mas, ao mesmo tempo, ainda está muito longe de poder fazer, em continuidade, histórias como fez a geração do Carlos Lisboa, Jean Jacques, Mike Plowden…, ou a Selecção Nacional no Europeu em 2007. No desporto moderno não existem termos “médio prazo”, ou “médio-curto prazo”… Existem objectivos, planeamentos, trabalho, muito trabalho, resultados (bons ou maus), análises e responsabilidades pelo trabalho feito. O melhor exemplo disso pode ser a AB Lisboa, que, no espaço de uma só época desportiva, mudou completamente a sua “posição” ao nível nacional. Se a ABL conseguiu fazer isso ao nível Nacional, acredito eu que também a FPB pode fazer o mesmo, ao nível Internacional.

O que falta ao Basquetebol Português para chegar aí?
Do meu ponto de vista, o sucesso do basquetebol nacional tem que ser directamente ligado às condições de trabalho proporcionadas aos clubes, porque a base de formação dos jogadores tem que ser nos clubes, e não nas Selecções Distritais, CAR´s, ou Selecções Nacionais, que têm que ser só uma “cereja no topo de bolo”. Quando me refiro a condições de trabalho, além do material desportivo e do espaço para os treinos dos jovens, o mais importante é ter bons técnicos profissionais a trabalhar na formação, e não só em equipas seniores. Para acontecer isso é necessário ter dirigentes que saibam, entendam e tenham paciência, porque, no desporto, tudo o que se faz de hoje para amanha, facilmente se perde no dia seguinte. Acho que todos se lembram de dezenas e dezenas de “grandes” projectos que hoje já não existem, e só porque, a procura do sucesso se iniciou “por cima”, em vez de “por baixo”.

Na tua opinião, como pode o site Planeta Basket apoiar o desenvolvimento de jovens jogadores fora de campo?
Uma boa ideia seria, talvez, publicar artigos sobre jogadores com sucesso ao nível internacional, para relatarem as suas “histórias” e todos os passos que tiveram que dar quando iniciaram a sua “caminhada” como jogadores jovens.

De qualquer modo, acho que o vosso website era, e ainda é, um “ar fresco” no espaço mediático dedicado ao basquetebol, e que nunca devia ir ao “colo” dos vários compromissos, que, às vezes, podem deixar “presas” as coisas que tem ser soltas (ditas).

 

Comentários 

 
0 #12 Alberto Parte II 06-12-2010 13:45
No ano passado o Benfica conquistou apenas um título nacional (e um distrital) em 7 provas (Sub14, sub16, sub18 e sub20 masculinos e femininos). A equipa de sub20 encarnada foi um verdadeiro Dream Team. No entanto, foi mais um ano em que não ganhou a prova nacional, perdendo até no estádio de Luz com a segunda equipa do Barreirense por 20 pts…….
Agora pergunto mais uma vez: trabalho, mais trabalho de qualidade, mais os melhores jogadores e provavelmente tendo à disposição as melhores condições para a prática da modalidade em Portugal, com treinador profissional full time, mas sem resultados? Alguma coisa não bate certo! Será que o trabalho não é tanto assim? Existem muitos outros clubes neste nosso país onde o trabalho tem qualidade. Podem ter a certeza que em clubes como, por exemplo Vasco de Gama, Barreirense, FC Porto, Ginásio, Juncal, Sanjoanense, Seixal, CPN, CAB o trabalho na formação é excelente. Só a arrogância não permite ver este facto!
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0 #11 Alberto Parte I 06-12-2010 13:44
Alguma coisa está errada nas cabeças benfiquistas. Só ali se trabalha e só ali se trabalha com qualidade! Aliás, em toda entrevista só se fala de trabalho, trabalho e trabalho. Se efectivamente se trabalha tão bem em Benfica, não é necessário “gritar” tanto esta palavra. Parece que se quer esconder alguma coisa. Então com tantos jogadores novos que anualmente reforçam esse bom trabalho (?!?!), não seria de esperar mais e melhores resultados? Ora, com tanto trabalho, muito trabalho e trabalho de qualidade, juntamente com os melhores jogadores e… sem resultados? Os outros que ganham os títulos nacionais como conseguem? Se não trabalham bem, não trabalham 6-7 horas por dia (Marco concordo contigo), não trabalham com qualidade…. Mas no entanto ganham. Pura arrogância!
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0 #10 Marco 05-12-2010 09:03
Duvido muito que um jovem pode trabalhar 6-7 horas por dia. Mentira, Sr. Nogic!
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+3 #9 Nuno Henrique 04-12-2010 02:41
O basquet n evolui pq n ha treinadores nem dirigentes profissionais. o goran é Grande Profissional. E os resultados estão à vista no SLB. Há algum treinador em Ptg que entre às 8h30 e saia às 23H? Há algum treinador que trabalhe individualmente com os seu jogadores? Há algum treinador mesmo nas equipas da LPB que n tenha outra actividade profissional? (Excepto o Henrique Vieira e o Mocho). Ja merecia uma oportunidade para treinar uma equipa da Liga. Mas tirando os 2 grandes, ninguem tem capacidade para se adaptar ás exigências profisionais que ele impoe a si proprio e ás pessoas q com ele queiram trabalhar. Por isso, axo que mais dia o vamos perder para Espanha ou para outro país qualquer da europa. Só pa concluir, gostava de saber apenas de um jogador que falasse mal dele. Nem um no Estoril, nem no Imortal, nem no Barreirense, nem no Benfica. Apenas os dirigentes que forçaram a sua saída, esses sim, falam mal, ou, então os jogadores malandros, toscos e q não queriam trabalhar.
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+5 #8 Maria Figueiredo 01-12-2010 23:29
Parabéns Professor Goran!
Por ter "pegado", numa modalidade num Clube em que, para os externos, as expectativas são altas e as realidades ignoradas. Colocou ordem na secção, e, a gosto de uns e desgosto de outros, fez com que existisse uma linha de formação e assina por baixo com convicção. Com carácter!
Os maiores pedagogos são discutíveis e não são paradigmas! É, por isso, que as suas teorias/práticas estão vivas, para aproveitarmos o que mais se adequa ao nosso contexto e retirar daí o melhor partido, conjuntamente com a prática de outro e de outro e outro.! Quem se cinge a pouco,nunca progride! Retirem o melhor de cada um e formemo-nos. Mais que não seja, aprendamos com os erros dos outros, não os comentemos. Continue o seu trabalho, tal e qual; atento, partilhando conhecimento, com a sua energia!
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0 #7 Bernardo 01-12-2010 22:29
O benfica forma jogadores ? Não devem andar a vêr o mesmo basket que as outras pessoas. Assim é facil ir buscar os melhores jogadores as outras equipas e depois nem jogam e quando tem idade de seniores tem que se ir embora para outros clubes. E depois as pessoas que andão a trabalhar no benfica tem qualidade alguns treinadores mas é sempre bom ser humildes.
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+5 #6 Pedro Castanha 01-12-2010 21:36
É curioso ver como as pessoas 'falam' sem saber. O basqutebol portugues já deve muito a este homem e é pena ser tantas vezes criticado por pessoas que nem 1/3 sabem do que ele sabe...Crescam!
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-12 #5 joni 01-12-2010 20:50
esse senhor é um tangas,nao pesca nada de basket, passou plo barreirense vinha cheio de jogos, e nao absolutamente alias foi corrido de la.a nivel de formacao juvenil do basket o slb ,mesmo co o sr goran esta a anos luz do barreirense.
ditto.
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0 #4 Abreu 01-12-2010 12:13
Caro SLB:
O nivel tecnico é muito bom, o nivel eucativo será? O nome do sr Goran nao está associado a bons niveis de fair play em capo!
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+1 #3 SLB 30-11-2010 13:09
Citando Miguel Oliveira:
Fabrica de jogadores?!?! Quem foi fabricado? Com todo o respeito…….

Mais - Cristóvão Cordeiro (2 anos SLB), o Tomás Barroso (1 ano SLB)

Caro Miguel deveria ter visto como eles chegaram e a maneira como eles sairam ,e não o tempo em que estiveram que por acaso até foi mais do que aquele que diz .
Parabens ao Goran , porque e de pessoas como ele que precisamos para levar o Basquetebol para o nivel que merece.
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