A excelente e oportuna intervenção do José Miranda na acção de formação que decorreu em Outubro na Carreira levou-me, uma vez mais a reflectir sobre, que intervenção devem os treinadores ter durante a condução do jogo nos escalões de minibásquete.
A proposta que o Comité Distrital de Minibásquete de Leiria está a levar à prática durante os seus convívios de jogos, é uma proposta arrojada, que deve ser bem compreendida e que nos leva à questão em saber, qual deve ser a verdadeira preocupação dos treinadores nos escalões do minibásquete: A TOMADA DE DECISÃO – A EXECUÇÃO – O RESULTADO.
Este ano na Festa do Minibásquete em Paços de Ferreira onde estarão as selecções mistas de Mini-12 vai ser curioso observar, em que aspecto do jogo, se concentram as preocupações dos treinadores presentes. Não há dúvidas que a aprendizagem do jogo passa pelo ensino da tomada de decisão, pela qualidade de execução e pelos resultados. Estas três questões estão naturalmente interligadas.
Para ilustrar o que acabámos de dizer observemos possíveis intervenções dos treinadores durante um jogo de minis, por exemplo, na fase crítica do lançamento.
Quando o treinador grita: “Até ao fim”, “lança” ou após um ressalto “para cima” está a querer intervir ou influenciar a TOMADA DE DECISÃO.
Se o treinador dá a indicação “lança equilibrado” ou “estica o braço” está preocupado em corrigir a EXECUÇÃO.
Quando após um cesto convertido, mesmo lançado de uma forma incorrecta e num momento não adequado o treinador elogia com um “boa” está preocupado com o RESULTADO.
Na minha longa experiência já assisti a alguns pais, não muitos, ou treinadores, excessivamente preocupados com o resultado e a fazerem estatística em jogos de minibásquete. Os dados estão lá, mas nestes escalões há que ter muito cuidado com a estatística. Esta, da forma como está organizada e é normalmente utilizada, e continuando no âmbito dos lançamentos, apenas nos informa onde e quantos lançamentos o praticante fez e desses quantos marcou. Não revela absolutamente nada sobre o momento e circunstâncias da selecção do lançamento, nem sobre a correcção da sua execução.
Debaixo da pressão do jogo, já pensaram que às vezes uma criança, mesmo em situação de lançar não lança com o receio de falhar e ter a reprovação dos companheiros da equipa. Se a este peso adicionarmos o peso da estatística, corremos os risco de no próximo jogo a mesma criança não falhar nenhum cesto, pela simples razão de nunca ter sequer tentado lançar ao cesto.
É nestes momentos que me vem à cabeça a frase do Prof. Teotónio de Lima, quando afirma: Se queremos que as crianças fiquem a gostar do jogo, têm de gozar de muitas e muitas oportunidades de ter a bola e de fazerem com ela aquilo que sabem fazer e experimentar coisas que ainda não dominam”
Comentários
Não tem sido uma tarefa fácil, mas tem sido aliciante. Quanto os três tópicos de intervenção - Decisão, Resultado, Execução - diria que este arrojo de Leiria poderá trazer bons resultados no futuro, pois os treinadores envolvidos estão empenhados em levantar dúvidas, enaltecer aspectos positivos e...acima de tudo gostam deste jogo, aceitam os avanços e recuos das crianças e têm muita paixão pelo jogo das Crianças. Assim sendo, tudo fica mais claro, toda a tensão do resultado se dissipa e as decisões emergem deixando pistas de trabalho no que respeita à execução.
Ensinar e dirigir o jogo das crianças é uma tarefa de paixão e com essa paixão é possível deixar o resultado para as crianças...apenas. Aqui fica o desafio
Como disse, a correcção e o aperfeiçoamento da técnica, é feita no treino... o jogo serve para os atletas tomarem decisões e sentirem onde, como e quando devem aplicar determinados conceitos. E num jogo, mais do que um resultado final ou uma folha de estatística, o treinador deve estar lá para ajudar o(s) atleta(s) a decidirem bem. Agora, a noção de boa ou má decisão, tambem aqui isso pode variar de treinador para treinador.