De que é que estamos a falar quando estamos a falar de minibásquete?
Na minha recente deslocação ao distrito do Porto, a convite da Associação de Basquetebol, onde sou sempre muito bem recebido, e tive o prazer de ser acompanhado pelos amigos Paulo Neta e Lurdes Miranda, voltei a afirmar uma frase, que já tenho proferido várias vezes nas múltiplas acções de formação, que continuo a realizar: O minibásquete é um conceito perigoso.
Enquanto para as crianças, quando estas falam de minibásquete, não tem dúvidas, do que é que estão a falar, estão a falar de um jogo, que querem praticar e quando chegam aos jogos querem ganhar, para os adultos as coisas não são tão claras.
Para os adultos, quando estamos a falar de minibásquete estamos a falar de quê? De fomento e capatação, de formação, de aprendizagem, de lazer, de competição, de recrutamento, dum espaço para detectarmos talentos, de minibásquete nas escolas, de minibásquete nos clubes? E de que forma é que estas perspectivas são ou não compatíveis e conciliáveis e como é que elas são encaradas?
Por exemplo, para os pais o que é o minibásquete? Um conceito, para mim profundamente redutor, de ocupação de tempos livres? Uma competição, em que acompanham os filhos, preferencialmente decalcada do modelo dos adultos?
Para os treinadores é apenas uma etapa no seu percurso em que a apresentação de resultados, perante os pais e os dirigentes, traduzidos em vitórias e derrotas, é importante para o seu curriculum? Ou um processo de aprendizagem dos minis, que vai igualmente enriquecer a sua formação como treinador?
E para os dirigentes é um apoio à sustentabilidade do clube, é um projecto de formação, ou é uma forma de afirmação na procura de apoios de outras entidades?
Para aumentar a dificuldade e complexidade de perspectivas, quando estamos a falar de minibásquete, estamos a falar duma criança que tem 6 anos ou de um pré-adelescente com 12 anos? Mesmo entre os pré-adolescentes de 12 anos, estamos a falar de alguém que se vai iniciar na modalidade ou de alguém que já tem 6 anos de prática.
Todas estas perspectivas e situações cabem no conceito de minibásquete, razão pela qual volto à questão inicial: - De que é que estamos a falar quando estamos a falar de minibásquete? Razão pela qual considero, que entre adultos, o minibásquete é um conceito perigoso. Há no entanto, uma coisa que tenho a certeza, seja qual for a perspectiva, seja qual for a situação, em todos os casos estamos a falar de crianças, e estas, não dúvida nenhuma sobre o que é para elas o minibásquete: É um jogo que querem jogar, e não tenhamos dúvidas, eu pelo menos não tenho, o que as fideliza à modalidade é facto de jogarem.
Finalmente, como também afirmei nas acções de formação do último fim-de-semana, ao aproximar-me dos 60 anos, e quando é claro, que tenho mais passado do que futuro, pois não viverei seguramente, mais outros sessenta anos, é com enorme satisfação que vejo surgir nas minhas acções de formação jovens treinadores, como por exemplo o David do Vasco da Gama, que, como mini, vivenciou comigo um jamboree.
Ao David, e a todos os jovens treinadores, que certamente terão mais futuro do que passado, desejo que sintam o mesmo prazer e felicidade, que eu tenho a ensinar, principalmente, os mais jovens.
Comentários
Desde já aproveito para mandar cumprimentos meus e da ilha do Faial ao San Payo.
Quanto ao artigo espero que consiga chegar longe, clubes, treinadores, pais, entre outros e que seja motivo de reflexão por parte destes, colocando sempre o interesse das crianças em primeiro lugar em deterimento de outros interesses paralelos.
Cumprimentos,
Filipe Pires
Presidente do Comité Nacional de Minibasquete