ENTRETENIMENTO 
Tive o privilégio de almoçar esta semana com um conceituado treinador do basquetebol nacional, e a certa altura encontrávamo-nos a discutir um tema que não deixa de ser discutível, curioso e sem consenso…
Estávamos portanto a discutir o caso das defesas zonais.
Por ambos foi reconhecido que estas devem apenas ser usadas como estratégia e não como sistema, principalmente se falarmos de formação.
Com isto prendem-se questões intermináveis, sendo as mais recorrentes, as alturas em que devemos defender zona.
Estando a falar de equipas com conhecimentos de jogo adquiridos, devemos usar defesas zona quando queremos mudar o ritmo de jogo por exemplo… Quando estamos a ter dificuldades inesperadas na defesa individual… Quando sabemos que a equipa contrária não tem soluções para atacar zona, quer seja um ataque perspicaz como lançadores eficazes.
Isso tem de vir do scouting, quer seja de jogos vistos ou realizados contra a equipa que vamos jogar.
A defesa zona pode ser de facto uma “arma” eficaz… Para mim, em momentos de jogo e não num jogo completo.
Não descurando a beleza do jogo táctico, penso que o basket é mais bonito se a prioridade for o jogo técnico… Mais do que a táctica colectiva, admiro a técnica individual… Aliando as duas, será a junção ideal.
Por mais que admiremos os jogos tácticos, que treinador é que não fica deliciado com um atleta a jogar 1x1 de modo eficaz? Ou a defender HxH dificultando ao máximo a tarefa do atacante?
Mas rapidamente, esta conversa sobre defesas zonais, foi parar a um longo caminho do qual infelizmente não se vê o fim.
Equipas de Sub-14 a defender zona… Pois é… Este ácaro que tanto tentamos tirar do nosso desporto ainda existe, e com tendência a durar e aumentar.
Todos sabemos que as regras aconselham a que não se defenda zona neste escalão.
Não seria preciso um iluminado para perceber as razões… Os atletas com 12 e 13 anos estão a iniciar o processo onde o basket não é só divertir, e como tal estão na altura de adquirir todas as competências e ferramentas necessárias para ser jogador de basquetebol. Nesta idade, a maioria não tem força para lançar dos 6,25/6,75…
Ora, sabemos também que a defesa zona, engloba princípios da defesa homem… Para mim, esta ideia está correcta… E dizemos isso aos atletas. Não creio que seja a defesa individual a ter os princípios da defesa zona…
Ora, se logo quando os atletas dão os primeiros passos no desporto, alguém lhes troca as voltas, pensando em mais um título para o clube, ou apenas em ganhar jogos sem a preocupação pelo futuro dos atletas está a prestar um mau serviço à modalidade.
É de facto gratificante para alguns treinadores ganharem jogos recorrendo a esta “arma”, mesmo quando a zona é intitulada de “defesa individual dentro da área restritiva” ou algo do género, mas será gratificante no futuro ver que os mesmos atletas não passaram dos escalões de juniores por não terem outros hábitos?
A mim, como treinador preocupa-me que existam tantos atletas com potencial, que como só os ensinam a defender zona não possam vir a ser jogadores de basket…
Comentários
Então quando mete fases intermédias, meu deus, é a loucura.
Há equipas que a o seu metedo alias do treinador é dizer é defesas com ajudas, e vê se atletas que nao defendem ninguem, defendem um espaço.
A um já disse, com essas tuas espertezas secalhar para o ano nao tens atletas, e não é que dois sairam?
Para mim é muito simples, os responsaveis dizem que nada podem fazer, podem sim porque era apenas uma formação aos arbitros de uma defesa ilegal.
Um mau exemplo do uso da zona em escalões de formação, retratado neste vídeo, pelos nossos vizinhos espanhóis.
A questão do conceito de defesa a utilizar não deve, na minha opinião, ser confundido com a atitude, pré-disposição, entrega do atleta no processo defensivo. Porque é tão criticável e lesa-formação permitir que os miúdos se coloquem nas tais 2 linhas com os braços no ar (zona), como o deveria ser também permitir que defesa espere debaixo do cesto e não reaja minimamente aos movimentos do atacante com ou sem bola em defesa HxH.
Daí, eu pensar que faz todo o sentido no basquetebol moderno a utlização de uma defesa zona (eu opto por press) como factor de alteração do ritmo de jogo, e de alargar dos horizontes tácticos dos atletas, não como modelo base.
Eu acredito que a zona terá de aparecer aos poucos, integrado em alternâncias defensivas, como resposta a problemas pontuais do jogo, desde que enquadrados com aquilo que o jogo dos miúdos pede naquele momento.
Se assim for não temos de nos preocupar quando nos defendem recorrendo à zona?
E nos sub-14? Estaremos nós a ensinar verdadeiramente conceitos defensivos quando gritamos para se fecharem ou darem espaço ao adversário directo? Estaremos a incentivar conceitos defensivos que nos permitam a médio prazo pensar em mais do que uma estratégia?
Como se caracteriza o nosso jogo de formação? como actuam os nossos treinadores de formação em jogo? Para ajudar a preparar o amanhã ou a resolver apenas os problemas do seu ego, naquele jogo?
No meu ponto de vista responder a estas questões poderá levar algum tempo, bem como trabalhar para estas questões poderá levar muito tempo, facto que não nos deixa muito tempo para grandes scoutings.
Mais do que criticarmos quem defende zona, poderemos questionarmo-nos: estarão os nossos jogadores preparados para a atacar?