Mais de dez anos, ligado à Federação, muitos quilómetros, muitos pavilhões e contactos permitem-me ter um conhecimento profundo do universo do minibásquete e algumas ideias e sugestões sobre a sua possibilidade de crescimento e desenvolvimento.
No entanto há realidades e questões bem difíceis de resolver. O artigo, “Qual a maior Associação” e uma amena conversa, com João Cardoso, Director Técnico da AB de Lisboa, em Casal de Cambra no decurso do evento de minibásquete feminino organizado pelo CB Queluz levaram-me a acrescentar mais este artigo, aos que já tenho preparados, sobre a problemática da captação e fomento. Tenho consciência, que alterações verdadeiramente estruturais, sem investimentos sérios, para os quais já apontei noutros artigos algumas ideias, como as “Federações amigas da Infância,” que facilitem e estimulem as primeiras etapas da actividade desportiva, há situações que são, como a mencionada pelo João Cardoso, de difícil resolução.
No artigo da próxima semana verificaremos como o envelhecimento de alguns distritos altera o “ranking” por Associações elaborado no artigo “Qual a maior Associação?" Hoje vou abordar a questão levantada pelo João Cardoso. A questão levantada, e muito bem, é a seguinte: Saber onde as crianças estão e tentar cativá-las é importante, mas como poderemos levar a prática às crianças de famílias desfavorecidas deste país, quando estas têm de pagar para aprenderem a jogar a nossa modalidade? Que vantagem há em haver muitas crianças nalgumas regiões, se estas não tem dinheiro para praticar a modalidade? Este é um problema de difícil resolução, porque também sabemos, que por um conjunto de situações, os clubes e o associativismo em geral, neste país estão em crise. Se as crianças não pagarem, os clubes, que no nosso sistema desportivo, mal ou bem, são a célula fundamental da actividade desportiva não tem capacidade de resposta. Este é um dilema terrível que só pode ser resolvido com soluções de fundo.
É fácil por no papel, como as coisas deveriam funcionar, e lembrei-me do artigo “No Comment” publicado em 16.10.10 neste site a propósito dos custos dos pavilhões escolares. Difícil é por em prática o que está escrito na nossa Constituição. Desfavorecidos que solução é o título deste artigo? Sugestões práticas e viáveis agradecem-se.
Capítulo II - Direitos e deveres sociais
Artigo 70.º - (Juventude)
1. Os jovens gozam de protecção especial para efectivação dos seus direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente:
a) No ensino, na formação profissional e na cultura;
b) No acesso ao primeiro emprego, no trabalho e na segurança social;
c) No acesso à habitação;
d) Na educação física e no desporto;
e) No aproveitamento dos tempos livres.
2. A política de juventude deverá ter como objectivos prioritários o desenvolvimento da personalidade dos jovens, a criação de condições para a sua efectiva integração na vida activa, o gosto pela criação livre e o sentido de serviço à comunidade.
3. O Estado, em colaboração com as famílias, as escolas, as empresas, as organizações de
moradores, as associações e fundações de fins culturais e as colectividades de cultura e recreio, fomenta e apoia as organizações juvenis na prossecução daqueles objectivos, bem como o intercâmbio internacional da juventude
Capítulo III - Direitos e deveres culturais
Artigo 79.º - (Cultura física e desporto)
1. Todos têm direito à cultura física e ao desporto.
2. Incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associações e colectividades desportivas, promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física e do desporto, bem como prevenir a violência no desporto.
Comentários
Acabado de vir de Portimão compreendo perfeitamente as tuas palavras, assim como as do Nelson Barros. Se calhar está na altura de lançar uma discussão, que já devia ter começado há mais tempo para antecipar o futuro, que passa pelas seguintes questões de fundo:
1. Qual deve ser organização geográfica do basquetebol?
2. Subjacente a esta organização está a questão onde é que o basquetebol deve consolidar a sua implantação e onde é que deve tentar implantar-se?
3. Associada a estas questões como devem ser distribuídos os seus recursos para a racionalização e obtenção dos objectivos definidos?
Uma definição clara destes questões de fundo ajudariam certamente a resolver alguns dos problemas da nossa modalidade.
Não comentar este artigo seria desvalorizar aquele que é um dos problemas do distrito onde aprendi a gostar de basquetebol. “Se as crianças não pagarem, os clubes, que no nosso sistema desportivo, mal ou bem, são a célula fundamental da actividade desportiva não tem capacidade de resposta.” Esta é a realidade, que para os clubes do interior vem acentuada pelas despesas acrescidas das deslocações para os locais de maior competitividade . Ler este artigo nos dias da “Festa do basquetebol” obriga-me a alertar que não e possível começar a construir casas pelo telhado, talvez seja necessário reflectir acerca dos resultados, e admitir que em muitos distritos embora existam atletas, dirigentes e treinadores a formação está posta em causa. É urgente encontrar soluções…
Obrigado pelo teu comentário e é com grande satisfação que tomo conhecimento que o Carnide, clube ao qual me ligam quase dez anos de vida de treinador tenha um grande empenho no trabalho com crianças desfavorecidas.
Em conversa com a Ines Peres; (e este é uma das grandes virtudes deste site provocar a troca de experiências e informação) soube que o Illiabum resolveu a situação isentando todas as crianças beneficiárias do escalão B do apoio escolar.
Esta é uma sugestão prática e viavel.
Desde já um grande abraço.
Queria-lhe dizer que no Carnide Clube, a prática do mini basket é gratuita, como a de todos os atletas do clube. Dos 6 aos 100 ninguém paga para jogar. E mais digo, é politica da freguesia de Carnide que nenhum clube cobre aos seus atletas, portanto ao Carnide Clube no basket, juntam-se o Juventude Horta Nova e os Escorpiões no futsal que desenvolvem um grande trabalho, principalmente com as crianças desfavorecidas do Bº Padre Cruz.
No entanto, vai "fugindo" tudo para o futsal... mas essas são regras doutro rosário...
Um abraço