A sociedade não é a favor
 
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A sociedade não é a favor

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altUm nome indiscutível no basquetebol feminino, Agostinho Pinto é treinador e Coordenador do CPN, onde conquistou já vários títulos.

Quando abordamos temas sérios como este, não podemos deixar de considerar a sua opinião e visão. Gostaríamos de agradecer a sua disponibilidade para colaborar com o site Planeta Basket.


Na sua opinião, porque é que todas as desculpas utilizadas para justificar o insucesso do sector masculino, não ajudam a desculpar os resultados no sector feminino?
Depende sempre dos pontos de vista, se o basquetebol masculino pode sempre “desculpar-se” de que o “desporto-rei” cativa mais os jovens atletas e que nas ligas profissionais existe um baixa percentagem de jogadores jovens a fazerem parte dos plantéis e a terem tempo de jogo, no basket feminino poderíamos argumentar que a nossa sociedade não é a favor da prática desportiva para o sexo feminino, basta verificar a atenção dada pelos “media” a tudo o que seja desporto feminino, que é quase nulo. Sem essa visibilidade, os clubes acabam por não se tornar atractivos para investidores ou patrocínios, sendo que não havendo apoios, as jogadoras acabam por chegar a uma determinada idade em que não vêm o basket como algo viável para o seu futuro, acabando por enveredar por outras vertentes profissionais, dando assim lugar ao súbito aparecimento dos tais plantéis jovens na nossa liga profissional. As “desculpas” como se vê, arranjam-se tanto no masculino como no feminino para justificar o insucesso de resultados, o importante a passarmos a ajudar a encontrar soluções ao invés de “relaxarmos com a desculpa fácil”.
 
Acha que a participação das jovens atletas com 16 e 17 anos nas equipas da Liga Feminina é benéfica para elas? Porquê?
Sim, acho muito importante, agora temos e devemos analisar se a sua participação é por elas terem valor para tal ou se é por falta de qualidade da liga. Essa análise é importante pois se é por elas terem qualidade, isso só irá ser benéfico para as selecções jovens e também para fazer acreditar as outras jovens atletas que podem alcançar o mesmo patamar mesmo com idade jovem e assim trabalharem mais e dedicarem-se mais ao basket..

Porque é que há tão poucas selecções a competir a nível europeu, no escalão de Sub20, (na divisão B apenas participam cerca de 10 equipas)?
Uma das razões para tal é a falta de dinheiro dos próprios países. Como é um escalão em que algumas atletas têm já idade de sénior e qualidade para integrar as selecções seniores dos seus países, optam por não entrar na competição.

Apesar de alguns bons resultados nos escalões de formação, a Equipa Nacional Sénior continua sem conseguir obter bons resultados. Porquê?
Os “bons resultados” são muito subjectivos, pois depende dos objectivos que temos para os escalões jovens. Deveríamos acima de tudo saber o que pretendemos para eles e ai sim, tínhamos uma medida para saber se os resultados foram positivos ou negativos.Com isto não quero dizer que na minha opinião não tenham havido alguns bons resultados, embora muito esporadicamente. Em relação à Selecção Sénior, salta à vista de todos que queiram ver o porque dos resultados serem aquém do que se esperava. O facto de nunca termos conseguido ter a jogar ao mesmo tempo jogadoras como a Ticha Penicheiro a Mery Andrade, Sónia Reis, mais algumas atletas ( por motivos profissionais, escolares ou pessoais) e o nunca termos tido capacidade para conseguir resolver isso. Para um Pais como o nosso esse é um luxo ao qual não nos podemos dar. Agora digam-me (e sem pretender ferir susceptibilidades a outras jogadoras que também possuem qualidade e que admiro e respeito muito o trabalho que tem feito e desenvolvido) se Portugal conseguisse reunir estas jogadoras que vou mencionar e que todos, mas mesmos todos sem excepção fizéssemos tudo para isso se concretizar, se não seriamos uma equipa boa e de nível na Europa e Grupo-A (digo isto com conhecimento de causa porque já vi Campeonatos da Europa Grupo-A): Ticha Penicheiro, Joana Lopes, Paula Muxiri, Mery Andrade, Sónia Reis. Seria tudo muito diferente de certeza...!
 
Na sua opinião, as provas europeias de clubes contribuem para a evolução das basquetebolistas portuguesas? Como?
Sim e bastante mesmo. Só se pode evoluir treinando e jogando com e contra os melhores, ver outros a jogar, estilos diferentes de jogo, ver onde temos que melhorar. Também por vezes fazer uma auto-análise como atleta e treinador, pois afinal não chega só ser “o bom por cá”, que temos que trabalhar ainda mais para sermos reconhecidos “lá fora”. Uma coisa muito importante e que também nos deve fazer reflectir é a nossa visão da formação de uma jogadora, e isto de nas competições europeias vermos jogadoras de 1,85-1,90 a jogar em posições exteriores...

Quais são, na sua opinião, os verdadeiros problemas que o basquetebol feminino sente e enfrenta?
Poucos treinadores com qualidade principalmente na formação. Normalmente os clubes metem o “miúdo” que deixa de jogar a treinar os mais jovens e sem acompanhamento de alguém mais experiente. Depois temos também as competições, que são na sua maioria desajustadas e com pouca divulgação, assim como o pouco apoio, incentivos e reconhecimento aos clubes e pessoas que fazem bons trabalhos em prol do basquete feminino. 

Quais são, na sua opinião, os factores mais positivos do sector?
Os “carolas” que normalmente andam no basquete feminino. Têm um amor e paixão há causa fora do comum. Os clubes que se dedicam na formação de atletas, assim como os centros de treino da F.P.B. Também é bastante positivo termos jogadoras de referência quer na Europa como no Mundo (Ticha Penicheiro, Mery Andrade, Sónia Reis, …).

Que soluções e qual é o caminho que o basquetebol feminino deve seguir para ocupar um lugar digno no basquetebol europeu?
Deverá haver um maior investimento no basquete feminino, quer na divulgação como na captação de jovens com várias iniciativas (por ex. “Operação altura” nas escolas), promover os nossos atletas de referência, conseguir o Estatuto de Alta Competição justo para os atletas, se não pode ser a morte da “alta competição”. Promover mais contactos Internacionais das nossas Selecções Nacionais e esses começarem com idades mais jovens e criar condições para os nossos clubes puderem participar com regularidade nas Competições Europeias.

Aproveito até para lançar um “desafio”: uma vez que o basquetebol no desporto escolar basicamente se resume ao “Compal Air”, em que a grande maioria dos participantes são atletas já federados, não seria mais “produtivo” um projecto em que se realizassem visitas de atletas referência a escolas primárias e básicas, de modo a ser possível cativar jovens para o nosso minibasquete e escalões de sub-14 em maior número, num trabalho em conjunto da federação com os clubes.

Parabéns pelo trabalho que o vosso site tem desenvolvido no basquete e felicidades para o mesmo.

Abraço
Agostinho Pinto

 

Comentários 

 
+6 #4 San Payo Araújo 14-04-2011 00:08
Caro Agostinho

Parabens por uma entrevista tão lúcida. Ultimamente tenho abordado muito a captação e fomento. Nessa perspectiva concordo por inteiro no desafio que lanças,

"Aproveito até para lançar um “desafio”: uma vez que o basquetebol no desporto escolar basicamente se resume ao “Compal Air”, em que a grande maioria dos participantes são atletas já federados, não seria mais “produtivo” um projecto em que se realizassem visitas de atletas referência a escolas primárias e básicas, de modo a ser possível cativar jovens para o nosso minibasquete e escalões de sub-14 em maior número, num trabalho em conjunto da federação com os clubes."

Um abraço
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+4 #3 Luisa Montes 12-04-2011 18:06
Muito bem... :-)
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+8 #2 Carlos Cântara 12-04-2011 11:16
Excelente testemunho de um senhor do Basquetebol Nacional.

Parabéns pela entrevista.
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+6 #1 bruno cazeiro 12-04-2011 09:29
muito bem analisado!!!!!

concordo plenamente.

um abraço
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